Painel na GreenZone destacou práticas sustentáveis, inovação tecnológica e inclusão produtiva como pilares da agricultura tropical diante das mudanças do clima.
O debate sobre o papel das cooperativas nas discussões sobre adaptação climática na agricultura brasileira marcou ontem o painel “Transição Climática na Agricultura”, realizado pelo Sebrae na GreenZone, na COP30. A agenda marcou a abertura das atividades do cooperativismo no evento e reuniu especialistas para abordar o papel das instituições e das tecnologias na construção de uma agricultura tropical resiliente. A mediação foi conduzida por Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB e presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que destacou o protagonismo das cooperativas: “Não posso deixar de ressaltar o que as cooperativas fazem nesse tema. É uma agricultura que produz, preserva e se adapta”.
A diversidade e a eficiência do modelo agrícola brasileiro foram ressaltadas por Romélia Moreira de Souza, representante do IICA. Segundo ela, a agricultura tropical desperta interesse global pela combinação entre produtividade e conservação. “Quando viajamos, vemos que o olhar para o Brasil é de respeito e curiosidade. O mundo quer aprender com a agricultura tropical”, afirmou.

A integração entre instituições públicas, cooperativas e pequenos negócios apareceu como outro ponto central do debate. Antônio Carlos de Souza Lima Neto, superintendente do Sebrae Goiás, citou iniciativas de inovação reunidas no Polo Sebrae Agro. “Se hoje o Brasil é reconhecido pela sua agropecuária, isso se deve à ciência, à tecnologia e ao esforço conjunto de entidades como Embrapa, CNA, cooperativas e tantos outros parceiros”, avaliou.
Representando a Embrapa, Daniel Trento reforçou a importância histórica da adaptação como marca da agricultura tropical. Ele destacou a criação da AgriZone, espaço dedicado a tecnologias de baixo carbono localizado próximo à GreenZone. “Com ela, depois de 30 COPs, finalmente conseguimos mostrar presencialmente o que é agricultura tropical. É tecnologia em uso, não apenas discurso”, afirmou.
O debate também abordou práticas sustentáveis já consolidadas no país. Para Nelson Ananias Filho, da CNA, pequenos e médios produtores incorporam rotinas de preservação muitas vezes sem classificá-las como sustentáveis. “O produtor rural protege rios, preserva vegetação e produz alimento. Muitas dessas ações precisam ser reconhecidas e valorizadas”, afirmou.
Ao encerrar o painel, Tania Zanella ressaltou que a adaptação climática só avançará se alcançar todos os perfis de produtores. “Nossa agricultura é uma só. Todos estão incluídos no propósito de produzir aliado ao de preservar”, destacou. Ela lembrou que o cooperativismo amplia escala, renda e acesso ao mercado: “Por trás das grandes marcas cooperativas estão pequenos produtores que, sozinhos, jamais chegariam às gôndolas ou ao mercado internacional. A cooperativa transforma essa realidade”.
A programação ainda contou com uma homenagem ao ex-ministro da Agricultura e enviado especial da COP30, Roberto Rodrigues, reconhecido pela Unamaz pela contribuição ao fortalecimento das relações Brasil–Japão e à difusão de sistemas agroflorestais sustentáveis. Tania descreveu o tributo como “uma justa homenagem a quem tanto contribuiu e continua contribuindo para o fortalecimento da nossa agricultura”.


