3 de outubro de 2020

O Norte exporta ainda mais nossa safra! Por Riba Ulisses

Uma nova realidade vem se instalando no Norte do Brasil, que pouca gente conhece aqui nas regiões Sudeste e Sul.
Estou falando do transporte da safra de grãos para o exterior.
Você sabia que mais de 30% do milho e da soja que colhemos já são exportados por portos do Pará, Amazonas e Maranhão?
Sabe quanto?
Perto de quarenta milhões de toneladas.
A informação é do boletim logístico da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab.

Em oito meses deste ano, 34% da soja vendida ao mercado internacional foram embarcados pelos portos do Norte.
Já do total de milho exportado, 31% saíram principalmente pelos portos de Barcarena (PA), Santarém (PA), Itacoatiara (AM) e Itaqui (MA).
São números parecidos com os obtidos pelo tradicionalíssimo Porto de Santos, no estado de São Paulo, o maior do Brasil.

È uma inversão completa nas rotas de transporte dos grãos no terceiro maior Agronegócio do planeta.
O chamado ‘Arco Norte’ ganha importância para o escoamento de soja, milho, algodão, carnes, celulose.
E é um arco mesmo.
Uma espécie de meia lua que vai do Amazonas até Pernambuco, ligando imaginariamente vários portos novos ou remodelados.
E cai a representatividade dos portos do Centro-Sul, principalmente para grãos.
A diminuição tem ocorrido todo santo ano e em 2019 atingiu os menores patamares da última década.
Em 2010, os portos da região Norte respondiam por 14,4% das exportações agregadas de soja e milho.
No ano passado, a participação subiu para 31,9%, mais que dobrou, como indicam dados da Agência Nacional dos Transportes Aquáticos.

O aumento é explicado pela profunda melhoria da infraestrutura naquela região, em particular pelo fim da pavimentação da BR 163, que diminuiu o tempo e o custo de fretes até o porto de Miritituba, no Pará.
O superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth, não titubea e crava: “É muito importante para as exportações brasileiras a oferta de rotas alternativas que diminuem o tempo gasto nas operações e nos custos. As rotas para os portos do Norte do Brasil são bem mais atraentes para o transporte da produção dos estados das regiões Norte e Centro Oeste do Brasil”.

Realmente, vivemos uma revolução sem precedentes.
O campo brasileiro vem sendo ocupado por administradores profissionais.
E filhos e netos de fazendeiros que gostam do ofício, enxergam valor e se prepararam em boas universidades e cursos no exterior.
Outra leva de trabalhadores de nível médio ocupa as cidades menores do Brasil atrás de vagas em consultorias, distribuidores de insumos, escritórios de advocacia, contabilidade, e no campo mesmo, como técnicos, peões, tratoristas, semeadores, na labuta de cuidar da alma do dinheiro que brota na roça: os animais e as plantas.
No meio de tudo, o avanço da digitalização em todos os processos, os investimentos feitos pela iniciativa privada e o crédito crescente de empresas e agropecuárias nacionais e internacionais, que vão fazer o Brasil produzir em dez anos uma safra anual de 400 milhões de toneladas de grãos, mais de 40 milhões de toneladas de carnes e ainda cana, açúcar, celulose, papel, algodão, trigo, cevada, etc.
E vai sobrar transporte para todos os portos.
Santos, Rio Grande, Itajaí, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória, e o Arco Norte.
Vamos entregar ao cliente a rota mais barata, rápida e segura para ele.

Mas temos que avançar mais.
O transporte do Brasil ainda é dominado pelas estradas, que são lentas e caras.
O governo promete um programa eficaz, o ‘BR no Mar’, para interligar pequenos portos dentro do território nacional.
A chamada Cabotagem.
Café, arroz e trigo já são transportados no Brasil desta maneira.

Já falei deste assunto com você aqui em nosso espaço.
A ideia central é fomentar uma concorrência dentro do próprio Brasil.
Cada sistema oferece eficácia maior e custo menor.
E vencem os mais competentes.

Os cálculos da Empresa de Planejamento e Logística, a EPL, são claros: a queda nos custos das cargas agrícolas em longas distâncias pode chegar a 58%.
Mais é necessário vencer obstáculos como tripulação nacional, sistema trabalhista e custo de combustíveis.
O Agronegócio brasileiro é o que mais se modernizou no planeta nos últimos trinta anos.
Na frente inclusive dos americanos.
E vai seguir nesta linha melhorando o transporte aqui dentro para abastecer o país e os mercados internacionais.
Mesmo tendo que lutar contra a morosidade das decisões envolvendo Executivo, Legislativo e Judiciário.
Fazendo o de sempre.
Se Brasília demorar muito, o Agro faz sozinho, por conta própria.

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