3 de julho de 2020

China, Brasil, Agro e Comunicação! Por Riba Ulisses

Todos os meios de comunicação que atuam no setor do agronegócio noticiaram.
A China suspendeu três plantas de frigoríficos brasileiros no Brasil que exportam para o gigante asiático.
O país quer mais informações sobre os casos de funcionários contaminados com a Covide-19 nas unidades da Agra e Marfrig, em Mato Grosso, que vendem carne bovina.
E o Minuano, de Rio Grande do Sul, que embarca carne de aves.

O Ministério da Agricultura e Abastecimento do Brasil, o MAPA, que já havia suspendido a comercialização internacional de um matadouro da JBS por conta própria, pelo mesmo motivo de precaução, informou que já pediu mais informações sobre a decisão tomada pela autoridade sanitária chinesa.

O Brasil tem 102 plantas processadoras de carne habilitadas para exportar para a China.
E todos os profissionais de tradings que operam no segmento afirmam que não há possibilidade de o país asiático fechar totalmente as portas para um país exportador.
Mas pode ocorrer?
Em teoria, sim, pode.

Mas por que?
Por causa de razões políticas.
De encontrarem alguma carga contaminada com algum microorganismos.
Resolverem trocar de fornecedor.
Brigarem com um parceiro, como ocorre bastante, ultimamente, com os Estados Unidos.

Agora, não podemos esquecer que a China ampliou as inspeções sobre importações de carne após uma nova série de infecções pelo novo coronavírus em Pequim ter sido associada a um grande mercado de alimentos na capital.
Logo, é normal adotar medidas de prevenção.
Até que se descubra a origem do problema.

Agora, gostaria de apontar como uma notícia mal dada, mal explicada, pode atrapalhar o circuito da comunicação clara entre mídias, fontes de informação e o público em geral.
A suspensão das quatro unidades brasileiras pelos chineses não deve impactar no ritmo das nossas exportações, já que temos mais de cem unidades habilitadas a enviar o produto para a potência asiática.
O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, o DIPOA, da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA tem prestado todas as informações solicitadas pelo órgão do governo chinês responsável pela habilitação de estabelecimentos exportadores para aquela nação e pelo controle de mercadorias na aduana.
E ainda reforçou que já havia baixado uma portaria específica sobre o tema, a de número 19, de 18 de junho, tratando exatamente da prevenção, do controle e da diminuição de riscos de transmissão da Covid-19 nas atividades da indústria de abate e processamento de carnes e derivados no país.

E porque os chineses citaram as três empresas brasileiras?
Porque elas foram alvo de inúmeras reportagens da Imprensa do Brasil falando sobre a grande preocupação de várias Prefeituras e do Ministério Público com funcionários doentes em frigoríficos.
Pois é, vivemos em uma aldeia global de informação.
Seria bom que muita gente em nosso país tivesse consciência desse fato.

Seria bom, também, que a Imprensa desse o mesmo destaque a notícias que ocorreram na mesma semana.
Como as cinco plantas processadoras de carne bovina do Brasil habilitadas para exportar para o México.
E uma planta da BRF recebeu autorização para enviar carne de aves para o Canadá.
Sem falar que os chineses apenas pediram aos fornecedores de alimentos de todo o mundo que assinassem um documento atestando que suas cargas atendem aos padrões de segurança para garantir que não estejam contaminadas pelo vírus.

Oras, você quando compra um quilo de carne no açougue ou no supermercado, não olha o produto, cheira, pergunta ao vendedor se é ‘fresca’, saudável?
E se estiver ruim, não reclama quando volta ao local?
É um dos direitos de qualquer consumidor.
Inclusive da China.

E o pior de tudo, que nem é destacado, é que a medida atingiu quinze frigoríficos, que exportam para eles carnes de aves, suína e bovina, de nada menos do que oito países: Brasil, Canadá, Países Baixos, Alemanha, Argentina, Reino Unido, Estados Unidos e Irlanda.

É como dizem os bons professores de Jornalismo.
Informar bem, com clareza, ponderação e objetividade é sempre mais difícil e trabalhoso.
Mas ajuda a formar cidadãos melhor informados.

 

 

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