25 de maio de 2020

Ao fim, o mercado premia! Por Riba Ulisses

Devemos olhar para números, pesquisas e perspectivas com cuidado, por mais que eles doam no bolso das pessoas.
E a dor é sempre maior quando ocorre no nosso bolso, é claro.
A economia de mercado é um organismo complexo, com centenas de interligações.
E exige dos empresários e empreendedores uma gestão muito, mas muito afinada, atenta, proativa, fazendo planejamento de médio prazo, criando caixa de emergência, enfiando na cabeça que tudo vive em ciclos curtos ou longos.
Momentos positivos e momentos negativos.
Logo, a hora boa também é momento de guardar dinheiro, se precaver, desenhar uma crise mesmo que ela não exista.
Só para você saber o que vai fazer lá na frente, quando o tombo chegar.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, divulgou nesta semana que houve em abril um aumento muito forte nos custos de produção para os criadores que trabalham engordando frangos e suínos para a indústria de carnes do Brasil.
Tudo comparado com março.
Os índices da Embrapa apontaram que criar frango ficou 6,4% mais caro.
E o suíno encareceu 3,5%.

A culpa é do milho e da soja, que são a base da alimentação diária destes animais nas granjas.
A nutrição das aves é o que mais pesa no bolso do produtor.
70,98% para ser mais preciso.
Não é diferente com o suinocultor.
É pior.
Alimentar os porquinhos custa quase 80% de tudo o que o granjeiro investe.

O Índice de Custos de Produção de Frango, o ICPFrango, aponta que o avicultor está gastando 13,22% a mais desde o início do ano para produzir a mesma ave.
Os três estados que mais produzem carne de frango no Brasil são Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os paranaenses foram os que tiraram mais reais da carteira para trabalhar em abril.

Já o Índice de Custos de Produção de Suíno, o ICPSuíno, subiu menos em 2020, 9,84% na comparação com o primeiro trimestre de 2019.
Quem produz mais carne suína em nosso país também é a região sul.
E Santa Catarina, o maior produtor e exportador, foi quem viu a conta da granja subir mais.

Agora em maio, o Centro de Estudos e Pesquisas do Agronegócio, o respeitado CEPEA, ligado à Universidade de São Paulo, levantou que mesmo com ração mais cara, o poder de compra do suinocultor acumulado em maio aumentou, devido à valorização mais intensa do animal vivo.
Apesar de que o mesmo Cepea argumenta que o poder de compra ainda está em patamares muito abaixo dos registrados em alguns meses do ano passado.

Por outro lado, quem está preocupado são os vendedores de milho, porque a irregularidade das chuvas pode limitar o potencial produtivo das lavouras que chamamos de ‘safrinha’.
Assim, a oferta do cereal está limitada no mercado brasileiro, o que sustenta os preços.
Para o farelo de soja, as cotações da matéria-prima seguem em patamar nominal recorde, fazendo com que as indústrias esmagadoras busquem repassar as altas para os principais derivados do grão processado, que são o óleo e o farelo, a fim de garantir suas margens.
Enfim, grão mais caro é boa notícia para o agricultor que planta.
E péssima notícia para produtor de carnes suína, bovina e de frango.

Independentemente de haver ou não pandemias, epidemias, tragédias ou qualquer fenômeno, natural ou não.

Mas, o que fazer?

Seguir trabalhando, ficar a frente dos acontecimentos, ouvir os especialistas sempre, de cada área.
Manter comunicação com parceiros e concorrentes.
Atuar em grupos quando for necessário e lucrativo.
Traçar metas e cumpri-las.
A sociedade moderna precisa de milhares de produtos e paga por eles.
A economia capitalista e de mercado satisfaz e recompensa todos os empreendedores competentes no longo prazo.

Se os consumidores não querem mais o seu produto é porque estão comprando de outro.
Ou o que você produz não interessa mais.

É terrível!
É certeiro!
É definitivo!

 

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