Um relato curto e despretencioso.
Trabalho nesta tarde de sábado em Campinas, num espaço de restaurantes em um condomínio comercial.
Todos estão fechados. O que é normal nos fins de semana.
Escuto há cinco horas notícias sobre Coronavírus na Rádio CBN.
O terror absoluto de sempre dos jornalistas, impondo que os cidadãos se tranquem em casa.
E dos governadores, perseguindo autônomos, micro e pequenos empresários, decretando fechamento dos estabelecimentos.
Atrás de mim, a fachada de um restaurante de comida ‘a la carte’, o ‘Ganash Bistro’, preços variando em torno de R$ 20.
O dono e dois funcionários chegam perto das três da tarde para desligar geladeiras, limpar os freeezers, recolher mesas e cadeiras para a parte de dentro.
O João Dória proibiu o funcionamento do estabelecimento dele a partir de segunda-feira.
Ele não tem o serviço de entrega de comida em casa para a classe média e alta de Campinas (SP).
Ele não sabe como vai negociar com os funcionários.
Ele não tem ideia de como vai fazer com os alimentos comprados, pois a geladeira da casa dele é pequena.
Ele não tem poupança pessoal ou caixa de emergência.
Ele fecha a porta de vidro, deseja boa sorte ao vizinho, da rede Lanchão, que entrega sanduíches para as casas abastadas da cidade.
E espera até o dia 6 de abril, prazo inicial dado pelo Imperador do Estado.
