O intenso movimento de aquisições deflagrado no início da década pela americana Alltech chegará ao Brasil. Mais conhecida por sua atuação na produção de aditivos à base de leveduras que são usados na ração, a empresa quer avançar na produção de premixes (pré-mistura de minerais e vitaminas) ou mesmo de rações prontas, em linha com o que já vem fazendo em outras regiões do mundo.
A expectativa da Alltech é fechar uma aquisição no Brasil ainda neste ano, afirmou ao Valor o diretor-geral da empresa para o país, Clodys Menacho. “Estamos confortáveis com o crescimento orgânico no Brasil, mas precisamos acompanhar o crescimento da companhia [no mundo]”, enfatizou ele.
Turbinada por aquisições, a Alltech mais do que dobrou de tamanho nos últimos anos. Apenas em 2015, o faturamento mundial aumentou 180%, alcançando US$ 2,2 bilhões. Enquanto isso, cresceu a taxas próximas de 10% no Brasil, tem três unidades, em São Pedro do Ivaí (PR), Araucária (PR) e Indaiatuba (SP).
“Temos que ver como vamos crescer 100%, 200%”, reforçou Menacho. Em 2016, a expectativa da Alltech, que também atua no fornecimento de insumos agrícolas, é faturar R$ 400 milhões no Brasil. Se confirmado, seria um crescimento de 8,7% ante os R$ 368 milhões registrados pela empresa em 2015. Carro-chefe da Alltech, o negócio de nutrição animal representa cerca de 80% do faturamento no país.
Ao prospectar empresas de premixes, a Alltech busca avançar um passo na cadeia de ração animal. Como os aditivos da empresa são misturados no premix, a companhia é dependente das chamadas “premixeiras”. “Nossas soluções dependem de outros para serem utilizadas. Por isso, nos obrigam a entrar [nesse setor]”. Foi exatamente essa a decisão da Alltech nos EUA. A Ridley, maior entre as 15 aquisições feitas pela empresa desde 2012, é exatamente do setor de premixes.
Além da necessidade de avançar nessa cadeia, Menacho argumentou que os aditivos são alvos de cortes em momentos de dificuldades econômicas. “Em época de crise, o primeiro produto que cortam são os aditivos”, afirmou.
Embora tenha destacado a necessidade de ter uma produção de premixes (na prática, deter a estrutura para misturar os microingredientes), o executivo não descartou comprar empresas de ração pronta no país. Mas fez uma ressalva. “Quando se tem uma empresa de ração, o capital de giro é muito alto”, afirmou, citando os desafios de uma empresa de ração em momentos como o atual, com milho e soja mais caros.
Enquanto busca aquisições, a Alltech também mantém as pesquisas para a utilização de algas na ração de aves e suínos. Multiplicadas em um laboratório da companhia nos EUA, as microalgas são vendidas no Brasil para atender o mercado de ração de peixes e animais de companhia (cães e gatos). O produto, que contém Ômega 3, é um substituto da farinha e do óleo de peixe.
Se viabilizar a equação de custo e benefício para incluir o produto na ração de aves e suínos, a Alltech terá escala para implementar um laboratório para multiplicar as algas no Brasil. A fábrica da empresa em São Pedro do Ivaí seria adaptada para a produção das algas, disse.
Fonte: Valor | Por Luiz Henrique Mendes