26 de abril de 2022

Uma questão chamada Fertilizantes

Brasil importa muito, produz pouco, mas precisa do mercado internacional eficiente de produtos para fertilização das lavouras

Apesar do ambiente de incerteza que permanece com o conflito entre Rússia e Ucrânia, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina, vem afirmando que o Brasil tem fertilizantes suficientes para o plantio das safras até outubro próximo. E que o governo federal resolveu trabalhar, desde o ano passado, com alternativas para garantir o suprimento para o setor. “A safrinha de milho aconteceu e o que era necessário em termos de fertilizantes foi garantido. A safra de verão, que será no fim de setembro e outubro, ainda preocupa, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até lá”, afirma a ministra desde março passado. O Brasil trabalha arduamente na busca de novos parceiros nos últimos três meses para compensar a diminuição do recebimento de fertilizantes da Rússia e Bielorrusia. Tereza Cristina garantiu que o Ministério tem um grupo de  acompanhamento que conversa constantemente com as indústrias, os produtores, boa parte de logística e infraestrutura. “Temos que ter tranquilidade em todos os momentos e sempre estudar todos os cenários que podem acontecer”, disse. E a ministra pôs o pé na estrada para conseguir alternativas, visitando o Canadá e marcando outros compromissos internacionais. Além disso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estuda alternativas para aumentar a eficiência do plantio com o menor uso de fertilizantes. Também vêm sendo trabalhadas estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital. “A agricultura brasileira é forte, vai continuar forte e temos que dar as alternativas para ela continuar trabalhando”, ressaltou a ministra.

O governo lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, elaborado desde o ano passado em parceria com outros ministérios e com a iniciativa privada, para reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes. “O Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, esse Plano, que fizemos lá atrás, há mais de um ano, sem prever nada disso, era que o governo pensava que nós deveríamos ter para que o Brasil, que é uma potência agroalimentar, um plano de pelo menos 50% a 60% de produção própria dos seus fertilizantes”, pontuou Tereza Cristina. O Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume, e é o maior importador mundial.

O país importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de 95%. A Rússia é responsável por fornecer 25% dos fertilizantes para o Brasil. O gigante é o maior exportador mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7 bilhões exportados em 2020. É, ainda, o maior fornecedor do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos há dois anos. Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil, a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil (dados da Companhia Tereza Cristina, Ministra da Agricultura. Nacional de Abastecimento – CONAB).

Bielorrússia – As exportações de fertilizantes da Bielorrússia para o Brasil foram suspensas em fevereiro deste ano por causa do fechamento dos portos da Lituânia para o escoamento do produto. Desde que soube que a Bielorrússia sofreria sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo brasileiro iniciou a busca de alternativas para suprir a demanda do setor. A própria ministra Tereza Cristina esteve na Rússia em 2021 e no Irã em fevereiro deste ano, negociando o aumento do volume de exportações de fertilizantes para o Brasil. A estatal iraniana National Petrochemical Company (NPC) adiantou que o Irã poderá triplicar as exportações de ureia para o Brasil, chegando a dois milhões de toneladas ao ano. E a ministra ainda viajou para o Canadá a fim de negociar o aumento dos embarques de potássio para o Brasil.


CONSUMO GLOBAL DE FERTILIZANTES
# Brasil é responsável por 8%
# É o quarto maior consumidor mundial
# Os líderes são a China, Índia e os Estados Unidos
# Compramos US$ 8,03 bilhões em 2020
# Importamos 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola
# No caso do potássio, o percentual é de 95%
# A Rússia fornece 25% dos fertilizantes para o Brasil

POTÊNCIA RUSSA
# O país fornece 25% dos fertilizantes para o Brasil
# Maior exportador mundial de fertilizantes | Vendeu US$ 7 bilhões em 2020
# Maior fornecedor do Brasil, com US$ 1,79 bilhão
# Responsável por 20% da produção global de fertilizantes potássicos
# Origem de 28% das importações brasileiras
# Segundo maior produtor global de nitrogenados
# Participa com 21% dos nitrogenados comprados pelo Brasil
# Praticamente o único fornecedor de nitrato de amônio ao Brasil


ANDA: “NÃO HÁ MOTIVO PARA ALARME”

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) lamenta o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e reforça que o Brasil possui estoque de fertilizantes até o fim de junho. E que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores. O país importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, 25% de tudo o que compramos no exterior. A ANDA segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E a atenção justifica-se, pois três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia. Outro ponto de atenção refere-se aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, porque o Brasil importa volume expressivo da Rússia. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual. A associação ainda informou que, embora existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas. Outra questão é a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. O mercado está buscando soluções para esses cenários. A ANDA reafirma que acredita na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à  demanda nacional.


PRODUÇÃO PRÓPRIA

“O Brasil já produziu muito mais minerais e elementos necessários para a fabricação de fertilizantes. Inclusive com fábricas administradas pelo Sistema Petrobrás. Mas os desafios globais acabaram se impondo. O país se transformou no terceiro maior produtor do Agro mundial em trinta anos. E virou um grande comprador. O solo nacional não possui grandes jazidas de Potássio e Fósforo. E muito menos o gás necessário para a formulação de Nitrogênio. Para piorar, nosso modelo de produção sempre foi pouquíssimo competitivo com a oferta dos maiores competidores internacionais. A estatal de energia brasileira abriu mão de três empresas por necessidade e não por incompetência. Os concorrentes fazem melhor e mais barato por tradição, geologia e know how. Há gente que fala sobre nossas reservas de potássio na Amazônia e também de recursos minerais em terras indígenas. E esse pessoal está coberto de razão. Mas sabe quando o Governo Federal vai conseguir implantar uma seara industrial moderna nestas regiões, por mais sustentável que seja? Nunca. A União vai ser massacrada por empresas de comunicação, partidos de oposição, ambientalistas financiados por grupos estrangeiros e ecologistas de ocasião. Qual a solução final? Bom, não existe resposta definitiva para problemas complexos. O mundo moderno econômico traz riqueza e prosperidade, mas requer dinâmicas contínuas. Mesmo que não houvesse guerras entre nações. O Brasil vai conseguir produzir sequer metade dos fertilizantes de que necessita? Certamente que não. Por vários motivos. Não temos minerais suficientes.  Nem cadeia produtiva competitiva com o mercado internacional. Não conseguiremos nem usar o que possuímos sob o solo por causa do boicote dos inimigos do Governo Federal. Isto é o fim do mundo? Não. Seguiremos produzindo artigos agropecuários sem parar porque o mundo precisa. A guerra entre russos e ucranianos não vai durar para sempre. Nossa ministra do MAPA é extremamente competente e vai conseguir conjugar um aumento mínimo na produção nacional de fertilizantes com o abastecimento contínuo por parte de fornecedores novos e tradicionais no mercado. Com o tempo, não há chances de os pessimistas vencerem o trabalho e a competência dos agentes do mercado capitalista internacional”.

Canal AgroRevenda

 

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