24 de maio de 2022

Comércio eletrônico no Agro!

Comércio eletrônico no Agro!

A Transformação do mercado de insumos agrícolas no Brasil pelo e-commerce

Renato Serephim – seraphim.renatocesar@gmail.com

Alimentos e agronegócios formam uma indústria global de mais de US$ 5 trilhões e, à medida que aumenta a demanda por alimentos em todo o mundo, essa oportunidade gera enormes interesses de investimento global em toda a sua cadeia de valor. E a inovação por meio da tecnologia e da digitalização tem sido vista como soluções totalmente necessárias. A demanda por alimentos está aumentando, os fornecedores estão buscando maior distribuição e acesso à cadeia de suprimentos, os clientes estão pedindo rastreabilidade de alimentos, estão querendo maior transparência de preços bem como acesso mais rápido às informações. Com tudo isso, novas plataformas digitais estão surgindo todos os dias para atender essa necessidade do mercado. De acordo com o Agri-FoodTech Funding Report 2019, da AgFunder, US$ 786 milhões em financiamento – ou 4% do investimento total no espaço agro-foodtech, foram investidos em Marketplaces do agronegócio no ano passado. Isto em 104 negócios e com um tamanho médio de US$ 1,5 milhão. Quem está desenvolvendo esses mercados e as plataformas digitais de agronegócio e onde?

Dois grandes perfis de organização surgiram quando analisamos os mercados de agronegócios e plataformas de comércio eletrônico existentes. Em primeiro lugar, estão as startups, baseadas principalmente em mercados emergentes, que buscam revolucionar o setor por meio da transformação digital. Elas visam melhorar e agilizar os processos de aquisição, fornecer maior transparência de preços e permitir a proveniência por meio da tecnologia blockchain ou outras. Em segundo lugar, estão as grandes multinacionais, como Cargill, Bunge, US Foods, Bayer e Nestlé. As startups de comércio eletrônico dos agronegócios estão recebendo a maior parte dos recursos. Desde o início de 2010, vários players iniciaram suas plataformas online em todo o mundo. Nos EUA, como a Agroy e a CommoditAg, fundadas em 2017, e a Agrellus, criada em 2015. Na França, a Agriconomie, fundada em 2014, que é uma varejista online que pretende se tornar a ‘Amazon de suprimentos agrícolas’. No Reino Unido, a Yagro começou como um mercado on-line que conecta agricultores a seus fornecedores e busca aliviar os pontos problemáticos experimentados pelos agricultores na compra e aquisição de insumos, permitindo que eles solicitem cotações e façam pedidos on-line. Hoje, a Yagro oferece seguro agrícola aos agricultores e verificações comparativas de preços em tempo real, que permitem que as fazendas comparem anonimamente sua conta de agroquímicos com preços 100% verificados do resto do mercado.

Também as multinacionais estão investindo em comércio eletrônico. Cargill e US Foods investiram na implantação de seus próprios eCommerce e/ou marketplaces de agronegócios em 2019 e, no mesmo ano,  a Bayer, através da sua plataforma Orbia, foi iniciada no Brasil. Essas startups/empresas do agronegócio se comprometeram a oferecer diferentes produtos e serviços dentro da cadeia de valor da agricultura e o que é mais importante nesse momento é terem foco e saberem qual dor do agricultor estão resolvendo. Aqui no Brasil, várias delas se destacam: 

Onde será a próxima onda de evolução nos mercados do agronegócio? Não há dúvida de que os marketplaces continuarão a crescer em domínio como modelo de negócios em vários estágios da cadeia de valor do setor agrícola. Então, quais são as próximas ondas de tendências que impactam essa tecnologia de plataforma de mercado? Eu acredito que há pelo menos quatro áreas em que esperamos aumentar o foco, os investimentos e as implantações:

  1. Estar presente onde o agricultor quer estar, ou seja, as empresas precisam entender a jornada do agricultor e saber que a necessidade da comunicação “Omnichannel” será fundamental. Estar presente na fase da investigação, do planejamento, do uso dos insumos e equipamentos e dos resultados serão fundamentais para ter sucesso.

 

  1. Aumento da adoção da agricultura Blockchain. Prevê-se que a agricultura Blockchain cresça em importância, pois a qualidade dos alimentos está se tornando rapidamente uma questão de preocupação global. Imagine a jornada que nossa comida faz depois de sair da fazenda, passando por várias mãos e processos antes de chegar à mesa de jantar. Por meio da tecnologia blockchain, seremos capazes de obter procedência e rastreabilidade de dentro da fazenda até a mesa do consumidor. Isso permitirá que todos os compradores tenham maior transparência na cadeia de suprimentos e aumentem a confiança do consumidor nos alimentos adquiridos.

 

 

  1. Expansão de produtos e serviços ecossistêmicos complementares aos mercados do agronegócio. Hoje, a maioria dos mercados de agronegócio começou relativamente especializada em sua proposta de valor para abordar pontos problemáticos específicos dentro da cadeia. À medida que escalam, eles não podem confiar em ser um player de nicho, as parcerias com ecossistemas tornam-se uma vantagem competitiva crítica com parceiros que forneçam produtos e serviços ampliados para os diferentes usuários no mercado de agronegócios. A grande base de usuários cativos oferece grandes oportunidades de monetização em outros serviços como: serviços de marketing, geração de leads, microfinanciamento, seguro agrícola, financiamento do agricultor, garantia de qualidade de alimentos e serviços, serviços de armazenamento e logística e serviços de garantia e manutenção de equipamentos.

 

  1. Investimentos contínuos em marketplaces online no agronegócio. Esse setor ainda está em estágio inicial em comparação com outros setores da indústria (por exemplo, varejo, bens de consumo e industrial) que foram afetados e reformulados pelos avanços tecnológicos dos mercados. Veremos um número maior de novas startups sendo fundadas e fundos de investimento despejando dinheiro em startups promissoras à medida que abordam as ineficiências da tecnologia e da cadeia de suprimentos ao longo da cadeia alimentar. Futuras aquisições também provavelmente ocorrerão à medida que organizações agrícolas tradicionais de maior porte se interessarem cada vez mais por esses mercados de agronegócios on-line. E as aquisições serão crescentes para obter uma entrada mais rápida no mercado em vez de construir suas próprias plataformas digitais internas.

No Brasil, um milhão de agricultores e pecuaristas fazem 95% do mercado, ou seja, não é tão difícil chegar até eles, o que faz com que o nosso desafio de estar presente, de conhecer bem os hábitos, as preferencias e os desafios sejam cada vez maiores. As plataformas digitais precisam vir para nos ajudar na personalização e para oferecer um processo de compra conveniente e sem interrupções. Essas precisam gradualmente se tornar um diferencial essencial para adquirir novos clientes e impulsionar a retenção e a maior fidelidade.

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