12 de março de 2024

Biotecnologia Brasil vale R$ 143,5 bilhões

Estudo levantou o crescimento do segmento nos últimos 25 anos, os benefícios ambientais, econômicos e sociais do uso dos transgênicos no país

 

A CropLife Brasil e a Agroconsult desenvolveram o estudo “25 anos de transgênicos no campo: Benefícios ambientais, econômicos e sociais no Brasil”, para marcar a data de aprovação do primeiro cultivo transgênico no Brasil. A pesquisa traz os impactos desta tecnologia ano a ano, da safra 1998 – 1999 a safra 2022 – 2023, comparativos com o uso de sementes convencionais, relação com o meio ambiente e diferenças de custos de produção em lavouras transgênicas, tanto para o produtor rural quanto para a economia. A CropLife Brasil é uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias em áreas essenciais para a produção agrícola sustentável. A Agroconsult é uma das mais tradicionais consultorias especializadas em agronegócios no Brasil.

A adoção da transgenia começou nos Estados Unidos, em 1994. No ano seguinte, o Brasil promulgou a primeira Lei de Biossegurança (Lei n° 8.974), permitindo o avanço técnico e científico do setor para além das universidades e dos institutos de pesquisa. A partir daí, nasceu a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), com o objetivo de regular as atividades relacionadas à biotecnologia no País. Dez anos depois, em 2005, uma nova Lei de Biossegurança (n° 11.105) estabeleceu padrões de segurança e mecanismos de fiscalização ainda mais completos para o setor. “Foi um divisor de águas. Além disso, esse marco regulatório mais moderno trouxe o dinamismo necessário à CTNBio e reforçou o caráter técnico nas questões relacionadas aos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) e derivados”, destaca Eduardo Leão, presidente da CropLife Brasil.

Os impactos da biotecnologia na agricultura brasileira
De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 56,9 milhões de hectares cultivados com transgênicos, considerando soja, milho, algodão, feijão e cana-de-açúcar. Com isso, ocupa a 2ª posição no ranking de países que mais adotam organismos geneticamente modificados (OGM) nas lavouras. As taxas de adoção chegam a 99% para a soja, 97% para o milho inverno ou safrinha, 98% para o milho verão e 99% para o algodão. Os dados são da safra 2022 – 2023. “Entre os impactos ambientais que observamos com o avanço deste tipo de cultura estão o aumento da produtividade e a diminuição da aplicação de defensivos, além de redução de custos de produção e de recursos não renováveis, como a água e a energia, por exemplo,” explica o diretor de Biotecnologia da CropLife Brasil, Goran Kuhar.

Além de apresentar um maior índice de produtividade, o estudo concluiu que o índice de preservação é maior naqueles que utilizam transgênicos. Conforme o relatório, para que o nível de produção observado nas áreas com lavoura transgênica fosse mantido, seria necessário o cultivo de 21,4 milhões de hectares adicionais no país de 1998 a 2022 – 2023. Isso equivale ao dobro da área de soja plantada em Mato Grosso, em 2020. “É importante observarmos que, nos últimos 25 anos, a produção de soja transgênica, por exemplo, cresceu cerca de 300%, mas a área plantada aumentou apenas 170% no mesmo período. Quanto ao milho, a produção subiu 75%, com um crescimento de área de 18%. No algodão, a produção é incrementada em 23% e a área somente em 7,5%. Essa é uma perspectiva pouco abordada quando falamos dos benefícios ambientais da adoção da tecnologia”, destaca Goran.

A redução de aplicações de defensivos químicos é outro impacto positivo neste cenário. Segundo estimativas trazidas pela pesquisa, na safra 2022 – 2023, a redução do impacto por hectare chegou a 34,4% para a soja, 19,6% para o milho inverno, 15,2% para milho verão e 28,8% para algodão. “Justamente por serem resistentes a um certo número de pragas, as plantas transgênicas não demandam a mesma quantidade de defensivos tradicionais em comparação às plantas convencionais,” acrescenta Kuhar. No total, o cultivo de plantas transgênicas contribuiu para redução da utilização de 1.597 mil toneladas de defensivos, o que corresponde à exclusão do ambiente de 808 mil toneladas de princípios ativos distintos usados para o controle de pragas-alvo. A redução da aplicação de defensivos também influencia na utilização do maquinário para pulverização dos produtos, impactando no consumo de combustível. A pesquisa também concluiu que, no período analisado, foi registrada uma economia de 565 milhões de litros de combustível em razão da adoção da biotecnologia. Isso é equivalente à retirada de 377 mil carros de circulação das ruas por um ano. Desse valor, 62% são referentes à soja, 36% ao milho e 3% ao algodão. Da safra 2018 – 2019 à safra 2022 – 2023, também houve uma redução de 10,4 bilhões de litros de água devido aos cultivos transgênicos. O volume é oito vezes o consumo diário de água da população de São Paulo, a maior cidade do País.

Reflexos econômicos
Além do impacto ambiental positivo, a economia ganha com a biotecnologia na agricultura. Para o produtor rural, a adoção de lavouras transgênicas mostrou ser um negócio rentável. A pesquisa concluiu que, em 25 anos, o lucro obtido por hectare de soja transgênica foi 7% superior à cultura convencional. A safra do milho inverno ou safrinha alcançou um avanço de 24%. No milho verão, esse valor é ainda maior: 27%. Já para o algodão, as sementes transgênicas têm margem superior a 64%. O resultado ilustra o impacto da tecnologia nos custos de produção, mas também nos ganhos de produtividade. As sementes transgênicas foram responsáveis por um volume adicional de produção de 112,3 milhões de toneladas de grãos, sendo 17,5 milhões de toneladas de soja, 93,5 milhões de toneladas de milho e 1,2 milhão de toneladas de algodão. “Para se ter uma ideia, esse valor equivale a cinco vezes a produção da safra 2022 – 2023 de soja no Paraná. Importante considerar que esse é o segundo maior produtor do país, perdendo apenas para Mato Grosso. Além disso, considerando o preço médio da soja, do milho e do algodão, em cada safra, o aumento da produção corresponde a uma geração de receita adicional de R$ 143,5 bilhões para o setor agrícola ao longo dos últimos 25 anos”, ilustra o presidente Leão.

O ganho recorrente da adoção da biotecnologia nas culturas de soja, milho e algodão representa hoje R 28,4 bilhões do ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Entre os 25 anos analisados, o desempenho dessa atividade foi responsável por uma injeção adicional de R 295,7 bilhões na economia. Essa cifra equivale ao valor das 50 marcas mais valiosas do Brasil em 2022, segundo a consultoria Brand Finance Brasil 100.

Além de aquecer o PIB, a adoção de transgênicos nas lavouras contribui para a arrecadação de impostos e para a geração de empregos. A pesquisa estima que R 6,1 bilhões de reais tenham sido arrecadados em função do desempenho diferencial da tecnologia e mais de 196 mil empregos adicionais tenham sido gerados. No mesmo período, a tecnologia propiciou um crescimento de R 14 bilhões na massa salarial, ou seja, 11,6 milhões de salários-mínimos pagos. “O estudo comprova que a adoção da biotecnologia nas lavouras brasileiras trouxe avanços não somente para o agronegócio, mas para a economia, para o meio ambiente e para a sociedade brasileira. Ela é pesquisa, inovação, tecnologia e sustentabilidade, mas também geração de emprego, renda e comida na mesa do trabalhador. Acima de tudo, a biotecnologia é um dos pilares para avanço de uma produção agrícola sustentável no Brasil e no mundo”, finaliza Leão.

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