Alô distribuição! Vem aí Supersafra 2023!

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safra

Produtores capitalizados, compra antecipada de insumos, tecnologia na fazenda, revenda atuando, aposta em produtividade. Há guerra. Existe uma pandemia. Mas tem safra!

É um número simbólico. Perseguido a cada safra. Colher 300 milhões de toneladas de grãos no período de um ano. Algo impensável há quatro décadas, quando o Brasil importava produtos como arroz, feijão e soja. Meta que só pode ser alcançada com a combinação de inúmeros fatores. Estamos chegando cada vez mais perto. Em 2021 | 2022, semeamos mais de 265 milhões de toneladas. Mesmo com problemas localizados de falta de chuvas em épocas chaves. Realmente, o clima permanece como o fator menos administrável. Apesar de que, até nesta área, exista tecnologia e manejo para ‘tirar’ mais. Porém, o mais incrível é que o Agro, que enfrenta chuva, frio, seca e geada como desafios rotineiros, tenha tamanha competência para desempenhar em meio, ainda, a uma pandemia e, agora, diante de um confronto bélico que envolve uma superpotência mundial, dona de ogivas nucleares capazes de exterminar a raça humana em poucas horas, vizinha da Europa, um titã da economia planetária.

Depois de dois anos de incerteza no mercado mundial de commodities agrícolas, decorrentes da Covid-19, o conflito Rússia x Ucrânia energizou a insegurança sobre a oferta e demanda globais, bem no início de 2022. E os preços internacionais entraram em ebulição. Fácil explicar. A Rússia é a maior produtora mundial de petróleo e gás. Líder das exportações de trigo e importante fornecedor de alimentos para a Europa e Ásia. A Ucrânia brilha no fornecimento de milho e óleo de girassol. Sem falar na grande relevância dos dois países no mercado internacional de insumos agrícolas. É por isso que tudo ficou mais caro. Petróleo, gás, grãos, oleaginosas, trigo, óleo de soja. Ok, nem tudo. Commodities ‘soft’, como açúcar, café e até mesmo a carne bovina, interromperam a sequência de altas. Os preços voltaram aos patamares pré-conflito, pois Rússia e Ucrânia não têm peso relevante nestes mercados. Entretanto, o balanço geral internacional tornou-se ainda mais apertado com os problemas climáticos na América do Sul, em especial Brasil, Argentina e Paraguai. Para piorar, a elevação dos custos de produção foi dramática. Se a guerra prosseguir, com as sanções econômicas impostas por diversos países ao mercado russo e novas quedas na produção em decorrência dos efeitos climáticos, o mercado mundial de commodities agropecuárias pode vivenciar, nos próximos meses, novas altas, com consequências também para os preços domésticos.

É um mundo novo. Competitivo, inovador, exigências sem fim. No Agro do Brasil, é uma autêntica prova de velocidade. Os desafios são complexos. Mas o segmento é rápido, tem energia e dinamismo. E recebe a bandeirada de chegada. O Agro é Tech. E vencedor. E coloca parte importante do que ganha no próprio negócio. TECH! A Plataforma AgroGalaxy, um gigante latino-americano da Distribuição, registrou um salto de 144% na carteira de pedidos para garantir os insumos da safra, que ficou em R $3,4 bilhões somente nos três primeiros meses. “É uma prova que houve um movimento muito forte do agricultor. O que garante que vamos ter um bom ano”, disse o CEO da companhia, Welles Pascoal. Um movimento que ocorreu na incerteza da oferta global de fertilizantes, causada pela guerra na Eurásia, e em dúvidas sobre a Logística para entrega ao longo do ano, atualmente devido à pandemia e também por novos fechamentos de cidades chinesas, provocados por novas ondas da Covid-19. “Temos conseguido comprar os fertilizantes que estamos fechando com os clientes, mas pode haver problemas no início do segundo semestre. Por isso, estimulamos todos a adiantar os pedidos. No caso dos defensivos, não vislumbramos nenhuma limitação”, reforçou.

O balanço da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA) concorda com o panorama. Em abril, o Brasil importou 3,24 milhões de toneladas de fertilizantes, 81,5% acima do volume de 1,88 milhão de toneladas registrado no mesmo mês de 2021. No primeiro quadrimestre de 2022, o total importado atingiu 11,19 milhões de toneladas, crescimento de 6,4% em relação a igual período do ano passado. “Na atualidade, contudo, tal ritmo de importação poderá não se repetir, haja vista que sanções impostas à Rússia criaram obstáculos, como as restrições das transações financeiras ou as operações logísticas”, apontou a nota da ANDA. Os analistas não só concordam com a previsão como até calculam. A redução no uso de fertilizantes pode atingir 15%. Mas existem dois bons propósitos: o estoque de nutrientes ainda presentes no solo brasileiro e a necessidade dos lavradores trabalharem com mais precisão para utilizar somente as quantidades necessárias em cada talhão, o que também gera uma economia de produto. Até porque, também, medidas tomadas para reverter a dependência do nosso país dos insumos comprados lá fora, que chegam a 85% do total, vão demorar a trazer resultados. Empresas anunciaram a construção de novas unidades industriais, mas a operação, mesmo, só começará em dois anos. No mínimo. Já o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) promete ir bem mais longe até efetivamente auxiliar no fornecimento ‘mais generoso’ para a Fazenda Brasil.

Outra empresa que observou o mesmo trilho foi a Boa Safra, líder na produção de sementes de soja no Brasil, que viveu um trimestre agitado, de olho na nova safra de verão. Aumento de 58,8% nos contratos de vendas a performar (pedidos de sementes que serão faturados na época do plantio da soja pelo produtor), saltando de R$ 467 milhões no primeiro trimestre de 2021 para R$ 742 milhões no mesmo período deste ano. A procura por sementes com biotecnologia embarcada também aumentou, passando de 80,7% em todo o ano de 2021 para 90% dos pedidos desse primeiro trimestre. Atualmente, o portfólio de sementes de soja da companhia inclui 18 cultivares com novas biotecnologias. “Os dados de pedidos em carteira a performar nos deixam confiantes. Eles se referem a pedidos firmes, que serão entregues e retirados no segundo semestre. Um salto sustentado com a nossa expansão, abrindo unidades em Sorriso (MT), Balsas (MA) e Primavera do Leste (MT). E com o vivo interesse do produtor em investir nas sementes com forte índice de vigor e germinação”, explicou Marino Colpo, CEO da Boa Safra.

Mas não só os gigantes sinalizam o esperado sucesso do plantio que vem ai. Na região do Alto Paranaíba mineiro, a Agro Kafa, revenda fundada em 2017 e que atua com pequenos produtores de café, soja, milho, leite e HF´s, confirma a capitalização alcançada nos últimos dois anos pelos empreendedores rurais. O lugar abriga o maior parque de café do Brasil, com 60 mil hectares, a terceira maior bacia leiteira do país e lavouras de cereais em crescimento. “Os produtores estão ficando também mais tecnificados, independentemente do tamanho deles. A cada dia que passa. E o nosso trabalho, mesmo que a partir de uma revenda menor do que os gigantes, também tem que estar afinado, preparado para atendê-los. Temos que ser bons consultores, estar atualizados, levarmos informação individualizada e descobrirmos as reais necessidades de cada fazenda. No plantio, na colheita e comercialização”, justificou Kassio Fonseca, sócio proprietário da Agro Kafa.

O caminho da Tecnologia, do Reinvestimento e da Máxima Produtividade já marcou época desde a pandemia. Este ano, deve resultar em um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de R$ 1,236 trilhão, informação de safra baseada na virada para o segundo trimestre. 2,7% acima do valor obtido em 2021. Nas lavouras, o avanço do faturamento é ‘chinês’. Soma R$ 881,2 bilhões, alta de 7,3% sobre o ano passado. Mesmo com os impactos sofridos pela soja, com estiagem no Sul. Os produtos que puxam o crescimento são café, cana-de-açúcar, algodão e milho. No ano passado, eles representavam 36,8% do valor total da produção. Neste ano, passaram a contribuir com 44,4 % do VBP. Os valores alcançados por eles são recordes numa série desde 1989. A pecuária rendeu bem, R$ 355,7 bilhões, principalmente nos Ovos. Porém, no geral, teve queda de 7,2%, devido aos preços mais baixos. Inversamente, as exportações de carne de frango e suína seguem bem acima de 2021. Tratando dos Estados, Mato Grosso responde pelo maior percentual, com 18,2%. Na sequência, vêm São Paulo (12,7%), Paraná (11,7%) e Minas Gerais (11,6%). Juntos, os quatro estados representam 54,3% do valor da produção.

Para 2022 | 2023, o salto da nova safra pode aproximar o Agro ainda mais do patamar de 30% do Produto Interno Bruto gerado pelo Brasil. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) procurou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em maio e fez vários pedidos para auxiliar os produtores e a produção na virada do ano. E garantiu. Com mais recursos para a equalização dos juros e crédito, os resultados em um ano serão a criação de mais de 202 mil postos de trabalho, o equivalente a 7,3% do total de vagas formais de trabalho abertas em 2021. Uma queda de 0,46% no preço dos alimentos em razão do aumento da produção. Incremento de R$ 16,5 bilhões no PIB, R$ 9 bilhões no consumo das famílias, R$ 13,3 bilhões em exportações e mais R$ 9 bilhões na produção agropecuária. “É uma proposta para o Plano Safra que beneficia os produtores, sejam pequenos, médios ou grandes, mas que também trará benefícios para a população brasileira inteira. E sustentação para a produção de alimentos para todos, principalmente aos mais carentes”, defendeu o presidente da CNA, João Martins.

Dois craques do setor foram ainda mais longe. Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do MAPA, e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, lançaram em maio passado um manifesto pregando que o Brasil já reúne condições para colher uma safra superior a 300 milhões de toneladas em 2023. E que o país tem a obrigação de estabelecer políticas para viabilizar essa meta em benefício da segurança alimentar global. O documento aponta que temos mercado, demanda, clientes dispostos a comprar os produtos, mesmo pagando os preços elevados vigentes no mercado internacional. E alerta que precisamos assumir um compromisso para aumentar a oferta, reduzir a inflação dos alimentos e atenuar a grave insegurança alimentar que se espalhou pelo mundo a partir da pandemia da Covid-19 em 2020, e que se agravou com a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Os alimentos ficaram 29,8% mais caros no mundo e, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a situação é mais adversa para as economias emergentes. O Brasil saltou de 76 milhões para 270 milhões de toneladas de produção de 1994 a 2021. Teve produtividade maior do que o mundo inteiro e poupou 84,7 milhões de hectares. A exportação cresce, mas o mercado interno segue absorvendo 73% do que sai do Campo. O país é um dos que menos subsidia a agricultura no mundo, usa o crédito, é competitivo, amplia a renda e ajuda os mais pobres. Por isso tudo, não deve fazer ajuste fiscal em cima do segmento, controlar gastos desnecessários, garantir os recursos para 2022 | 2023, fomentar a oferta de crédito rural privado, privilegiar a agricultura familiar (PRONAF) e os médios produtores (PRONAMP)”, informou a proposta. Que também aconselhou o Governo Federal a não cometer ‘erros clássicos’, como tributar a exportação, impor controles quantitativos, controlar preços da economia e tributar os títulos do agronegócio.

São conselhos e diagnósticos bem conhecidos por gente tarimbada nos assuntos do setor. “Viabilizar crédito suficiente para a safra, oficial ou privado, é criar um contraponto à inflação dos alimentos, reforçar a estabilidade de nossa segurança alimentar interna e ampliar o protagonismo do país no mercado internacional. Este último ponto, aliás, é questão de marketing estratégico, pois os órgãos internacionais já reconhecem que o Brasil representa hoje a garantia de segurança alimentar do mundo. Ocupar mais rápido esse espaço, aproveitando a janela de oportunidade, é fortalecer nossas raízes de competitividade e trazer o futuro para mais perto”, determinou Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

DESTAQUES E PERSPECTIVAS DA SAFRA BRASIL!

SOJA

Preço doméstico
O indicador Cepea/Esalq Paraná apontou valores em alta no primeiro trimestre, com os maiores patamares nominais da série histórica iniciada em 1997. Puxados pela demanda mundial, menor oferta na América do Sul e as tarifas de exportação da Argentina.  E a ciranda de alta vai continuar no resto do ano.

Produção
A falta de chuva atrapalhou a produção no fim do ano passado. E impediu um recorde. Mas o resultado vai ficar parecido com 2019 | 2020, o terceiro melhor da série histórica.

Preço internacional
Atingiram em fevereiro as máximas dos últimos nove anos. As exportações brasileiras foram 67% superiores no primeiro trimestre frente ao ano passado. A China compra um pouco menos, porém há menor oferta de grãos e oleaginosas. A Ucrânia está em guerra e outros óleos têm oferta menor: palma, na Indonésia; canola, na Índia, e girassol, na Ucrânia. Sinal de valores lá em cima em 2022.

Perspectivas
Menor disponibilidade e demanda internacional aquecida nos próximos meses. Os estoques mundiais devem cair. Os preços no Brasil podem diminuir por causa de maior produção dos EUA e valorização do real em relação ao dólar. Os valores do óleo podem sofrer novo ciclo de alta até o fim do ano.

MILHO

Preço doméstico
O Indicador Esalq/BM&FBovespa oscilou ao longo do primeiro trimestre, saltando entre as estimativas das safras de verão e inverno. Mas sempre nos maiores patamares nominais da série histórica do Cepea. A guerra Rússia x Ucrânia e menor produção argentina impulsionaram dez vez os preços internacionais.

Produção
O total do verão ficou semelhante ao ano passado e o clima ajudou o plantio da ‘safrona’ de meio do ano. A área deve crescer 7% e a produtividade avançar.

Preço internacional
A palavra chave foi e é a Ucrânia. No primeiro trimestre, o preço ficou 24% acima de 2021. E só não subiu mais devido à recuperação da produção brasileira e boas safras dos principais exportadores. Ano promete.

Perspectivas
A safra brasileira do meio do ano vai bem e pode conter os preços futuros. Por outro lado, o cenário incerto no Leste Europeu e a demanda mundial aquecida tendem a elevar os valores.

TRIGO

Preço doméstico
Desde o início da pandemia, o grão tem tendência de alta nos mercados doméstico e internacional por causa da redução dos estoques mundiais. O Brasil plantou mais e vai colher mais. Em março, os preços atingiram a máxima nominal histórica da série do Cepea, iniciada em 2004.

Produção
A Conab estima aumento de 2,6% na produtividade e 3% na produção. Em 2021, o Brasil já colheu um recorde de 7,7 milhões de toneladas. O aumento das exportações no primeiro trimestre, entressafra, diminuiu ainda mais a oferta interna e isso impacta as cotações.

Preço internacional
O trigo foi de longe o cereal mais afetado pela guerra no Leste Europeu. A Rússia é o maior exportador mundial (19,3% do total) e segundo maior produtor, perdendo apenas para a China, que produz para o mercado doméstico. A Ucrânia exporta de 8% a 10% do total internacional. Os preços internacionais romperam as máximas históricas em março. Se não houver trégua, o volume disponível para comercialização global também pode ser comprometido. A Ucrânia suspendeu as vendas externas do produto.

Perspectivas
Tudo aponta para alta permanente. Mesmo com insumos caros. Mesmo com Brasil e Argentina produzindo mais. Os preços serão influenciados pela paridade de importação, demanda dos moinhos e quantidade exportada.

ALGODÃO

Preço doméstico
No primeiro trimestre de 2022, o Indicador Cepea/Esalq em pluma atingiu recordes diários consecutivos. Depois do início da pandemia, a demanda internacional se recuperou de forma relativamente rápida, o que contribui para a alta dos preços domésticos. Turbinada pelos preços do petróleo e menor disponibilidade do produto no Brasil no ano passado, que acirrou a disputa entre indústrias domésticas e o setor de exportação. Os produtores negociam sua produção com grande antecedência, limitando a oferta interna para negócios no spot.

Produção
A Conab estima aumento de 16,8% na área plantada, totalizando 1,6 milhão de hectares, aumento de 2,7% na produtividade e 19,9% na produção. Os preços domésticos e internacionais da pluma não param de crescer desde 2020. E houve a possibilidade de plantio na janela ideal para a cultura neste ano.

Preço internacional
A fibra natural tende a ganhar competitividade frente às sintéticas, derivadas do petróleo. Quedas importantes nas quantidades exportadas pelo Brasil, pela Malásia e Índia, importantes players da commodity, têm restringido a oferta de algodão no mercado internacional, que considera o início do ano comercial do produto em agosto. Em agosto de 2020 a março de 2021, o Brasil, segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos, embarcou 1,95 milhão de toneladas da pluma. Na safra atual, as vendas caíram para 1,4 milhão. Segundo o USDA, a queda de 29% observada até março deve ser mantida até o fim do atual ano comercial, que termina em julho.

Perspectivas
Os elevados preços domésticos e internacionais do algodão devem continuar atraindo os produtores para a cultura. Para o Brasil, será importante observar os prêmios de exportação e a taxa de câmbio, que influenciam na paridade de exportação e na transmissão aos preços domésticos.

CAFÉ

Preço doméstico
O Indicador Cepea/Esalq de preço do café arábica teve nova alta no primeiro trimestre de 2022, tanto frente ao trimestre imediatamente anterior quanto ao primeiro trimestre de 2021. Em fevereiro, o indicador atingiu recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 1996.

Produção
A Conab divulgou até agora um único boletim de safra para o café, em janeiro. Com alta de 23,4% na produção do arábica e 4,1% para o conilon. O resultado ainda reflete as consequências das estiagens e geadas ocorridas no ano passado em regiões produtoras de destaque. A área destinada à produção de café em 2022 é de 1,82 milhão de hectares, leve aumento na comparação com a safra passada.

Preço internacional
Após breve período de queda frente a um conflito internacional, o grão voltou a sustentar-se em março. O cenário de oferta, por si só, não foi suficiente para disparar os preços internacionais, como se chegou a cogitar até o início desse ano, quando dificuldades logísticas restringiram a oferta do grão nas praças importadoras nas vésperas de vencimentos de contratos.

Perspectivas
São de queda dos preços domésticos no segundo semestre deste ano. Cenário atribuído à aproximação da colheita da safra 2022-2023 no Brasil, iniciada em maio para o Arábica. O aumento pontual da oferta deve trazer pressão sobre os preços. No mercado internacional, a restrição de oferta de café arábica por parte do Brasil, maior exportador mundial – abre perspectiva de preços sustentados ao longo do ano. Mas a inflação na Europa e Estados Unidos, maiores consumidores da bebida, deve equilibrar parcialmente a restrição de oferta. O produtor deve estar atento.

AÇÚCAR

Preço doméstico
O açúcar cristal negociado no mercado spot de São Paulo subiu de agosto a dezembro do ano passado. Em janeiro, caiu. Em fevereiro e março, subiu. Mas o setor é pressionado pela competitividade relativa do biocombustível.

Preço internacional
Valores firmes graças à queda de 10,6% na produção sobre o ano passado. E recorrentes quedas nos estoques de passagem. E a recuperação está garantida pelas vendas externas da Tailândia, segunda principal exportadora mundial, e recuperação da safra brasileira.

Perspectivas
2022 traz expectativas pouco favoráveis. A economia internacional está em desaceleração e no Brasil os preços não estão atrativos. O setor resolveu, então, incrementar a produção doméstica de etanol.

ETANOL

Preço doméstico
Uma autêntica montanha russa para Anidro e Hidratado. Subiram na maior parte de 2021. Caíram até fevereiro deste ano. Recuperaram em março. Tudo explicado pela queda na produção total com os problemas climáticos. Nos postos, o que valeu foi: o motorista usa o mais barato, independentemente do rendimento energético.

Perspectivas
Há grande indefinição sobre o patamar que o preço interno vai alcançar a partir de abril deste ano. Vai depender do valor da gasolina, consequência da política governamental a ser adotada. O certo é que ficará, sempre, colado no concorrente fóssil.

BOI GORDO

Preço doméstico

O primeiro trimestre teve valores recordes do boi gordo (Cepea/B3). Graças à baixa oferta de animais para abate e às exportações, especialmente para a China. O preço escalou bem no Varejo brasileiro.

Preço internacional
A oferta global de carne bovina deve ficar próxima à de 2021.Brasil e Austrália produzindo mais. Estados Unidos, Canadá e União Europeia menos. Os chineses, comprando sem parar. E valores sustentados pelo balanço apertado entre oferta e demanda.

Perspectivas
O brasileiro deve continuar fugindo da carne vermelha, optando por frango e porco. Já a demanda internacional segue firme, puxada pela recuperação da economia asiática. Só é preciso atenção e negociação com países que possam tentar impor medidas de restrição ao boi verde/amarelo.

CARNE SUÍNA

Preço doméstico
Caiu expressivamente no primeiro trimestre de 2022, com elevados estoques de carne e animais e queda nas exportações.

Preço internacional
A China compra cada vez menos, graças à recuperação da produção deles.

Perspectivas
Os preços médios no Brasil devem crescer. Por causa do inverno e da redução dos plantéis. Lá fora, os valores podem se sustentar pelo ajuste fino entre consumo e oferta.

CARNE DE FRANGO

Preço doméstico
O cenário foi de alta nos preços de todos os produtos de origem avícola na comparação do 1º trimestre de 2022 sobre 2021. É que foi possível repassar os custos de produção e a carne ficou mais barata do que a bovina e a suína.

Preço internacional
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) estima produção mundial em 2022 semelhante a 2021. Porém, a Ucrânia, um dos cinco maiores exportadores, suspendeu os embarques por causa da guerra, o que aumentou os preços internacionais. Sorte do Frango Brasil. Já temos 32,6% da oferta mundial, à frente dos EUA e quase três vezes maior que as exportações europeias, a 3ª maior exportadora. E podemos avançar por causa das boas safras de soja e milho.

Perspectivas
A expectativa é de aumentos no segundo trimestre. Consumo crescendo, embalado pela guerra, gasto das granjas e casos de Gripe Aviária nos EUA.

OVO

Preço doméstico
Ano começou com valores em queda, mas a baixa oferta e a Quaresma turbinaram a demanda e até o fim do primeiro trimestre as médias atingiram recordes em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Perspectivas
O segundo trimestre deve ter recuo nos preços internos. Porém, os gastos com milho e farelo de soja, além da possível redução da oferta, podem limitar as quedas.

LEITE

Preço doméstico
Subiram no início do ano pela diminuição da oferta no campo. Insumos mais caros e clima prejudicaram a produção de forragem, impactaram no custo de produção e limitaram a oferta. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) caiu 8,1% no acumulado dos últimos doze meses. Oferta menor manteve o movimento de alta no mercado de derivados até o fim do primeiro trimestre.

Perspectivas
O futuro ainda é incerto. Apesar de a demanda ter absorvido as altas nos preços, não houve uma guinada no consumo. E cresce a preocupação envolvendo um possível aumento de importações pela valorização do Real diante do Dólar.

ARROZ

Preço doméstico
Em 2021, a maior oferta e a baixa demanda contribuíram para a queda nos valores, mas a exportação no segundo semestre reduziu a disponibilidade no país. Os preços cresceram no primeiro trimestre deste ano, ao contrário da sazonalidade esperada, mesmo com a colheita da nova safra. Culpa dos estoques relativamente baixos. Uma alta só verificada em 2012 e 2020. E em 2022 foi mais intenso.

Produção
A Conab estima produção de 10,5 milhões de toneladas, 10,5% a menos do que na safra anterior. Queda de 3,2% na área e de 7,6% na produtividade. O clima altera os rendimentos nas diversas regiões produtoras.

Preço internacional
Andou em linha com os demais grãos diante do avanço da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O uso do cereal para alimentação animal pode crescer, substituindo o milho e outros concentrados  que tiveram sua oferta mais afetada pela guerra. Arroz é base dos estoques de segurança alimentar de vários países, principalmente na Ásia. Por isso os preços dispararam no início da pandemia.

Perspectivas
Os preços internacionais sinalizam recuperação, o que pode favorecer as exportações brasileiras e provocar alta dos preços domésticos e queda no consumo interno.

BATATA

Preço doméstico
Houve acentuada alta na batata ágata especial no Atacado. Movimento típico no início do ano, com chuvas e calor derrubando a produtividade e exigindo intensificação dos tratos culturais.

Perspectivas
A oferta de batata ágata especial no Atacado deve se manter restrita, voltando a se recuperar depois. Assim como o preço.

LARANJA

Preço doméstico
O preço médio do tipo Pera in natura no Atacado teve queda, mas como estava alto demais afugentou o consumidor. Mesmo assim, os valores ficaram acima de 2021 devido à reduzida oferta.

Perspectivas
Com o início da colheita das variedades precoces e a demanda ainda baixa, os preços devem cair nos próximos meses.

BANANA

Preço doméstico
Houve alta na média de comercialização da Nanica no Atacado por causa da menor oferta decorrente das adversidades climáticas no fim do ano passado.

Perspectivas
Para o segundo trimestre deste ano, a expectativa é de alta na oferta de Nanica devido ao início da safra no Vale do Ribeira (SP) e norte de Santa Catarina, as principais regiões produtoras. Os preços internos podem cair.

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP)

# 2022: R$ 1,236 trilhão
# 2021: R$ 1,204 trilhão
# Lavoura: R$ 881,2 bilhões | Alta de 7,3%
# Produtos de destaque: café, cana-de-açúcar, algodão e milho | 36,8% do VBP em 2021 | 44,4 % do VBP em 2022
# Pecuária: R$ 355,7 bilhões | Destaque ovos | Queda geral de 7,2%
# Estados: Mato Grosso (18,2%), São Paulo (12,7%), Paraná (11,7%) e Minas Gerais (11,6%) | Juntos representam 54,3% do VBP

SAFRA 2022 | 2023 E ECONOMIA BRASIL

# Criação de mais de 202 mil postos de trabalho
# Equivalente a 7,3% do total de vagas formais abertas em 2021.
# Queda de 0,46% no preço dos alimentos
# Incremento de R$ 16,5 bilhões no PIB
# R$ 9 bilhões no consumo das famílias
# R$ 13,3 bilhões em exportações
# R$ 9 bilhões na produção agropecuária

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