7 de julho de 2022

O fenômeno chamado Traive!

AgroFintech entra no quarto ano de vida, atua ao lado de gigantes do setor, mantém equipes nos Estados Unidos e Brasil e prepara salto para 2023

Uma plataforma financeira digital aberta, que conecta toda cadeia agrícola ao mercado de capitais. Fundada em 2018, nos Estados Unidos, dentro do programa Sloan Fellows, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), pelo casal Fabricio e Aline Pezente. Ele estava como VP do Credit Suisse Brasil e ela envolta com gigantes do porte de Louis Dreyfus, Calyx Agro e Cargill. O objetivo era atrair mais capital privado para o crédito agrícola por meio de tecnologia, dados e pessoas inspiradas em melhorar o cenário receoso e ineficiente de investimentos em uma das maiores e mais importantes indústrias do mundo. No início, eram os dois e mais outra dupla de colaboradores. Fornecendo infraestrutura de tecnologia financeira para cooperativas, revendas e indústrias de insumos poderem avaliar de forma consistente o risco da oferta de crédito ao pequeno e médio produtor rural, para prover melhores condições de acesso à capital. A equipe foi crescendo e os negócios também. Até este ano, a Traive recebeu US$ 20 milhões em investimentos, atraindo como sócios a SP Ventures, Astella Investimentos, o Minerva VC, Syngenta Group Ventures, Serasa Experian VC e CSN Inova Ventures, além da Tiger Global. Nós evoluímos bastante, trouxemos grandes nomes do setor para trabalhar com a gente e estamos efetivando a digitalização para a jornada de crédito de ponta a ponta da cadeia do Agro. Para o produtor saber exatamente, na compra do insumo dele, que ele consegue colocar aquele risco em um banco, um fundo, um tomador de crédito específico. Estamos colocando de pé nossos conceitos e está funcionando maravilhosamente. Já somos quase 120 funcionários, divididos entre a Operação no Brasil e Tecnologia nos EUA”, contextualiza Fabrício Pezente, que saiu dos Estados Unidos para uma temporada no Brasil, iniciada no Congresso Andav. 

A agitação do evento foi destacada por ele, mas a fintech quer, e precisa, evoluir mais e mais. “A gente observa e constatamos vários ‘mini bancos’ por aqui, oferecendo crédito, expondo as operações ao risco. Mas o financiamento pode vender mais, avançar, ter mais fluidez nos processos, dividir o risco com o mercado financeiro, que é a lógica própria deste mercado, absorver riscos. Um dos grandes objetivos nossos é que o dinheiro lá de fora quer entrar. A primeira securitização em dólar verde no Brasil que realizamos (material anexo) chancelou esse fato. E podem esperar que vai aumentar bastante em termos de volume, nome e impacto para a agricultura brasileira. É música para a cadeia inteira. O Brasil é um dos celeiros do mundo para alimentos e vai ser mais. Somos pequenos diante do que podemos alcançar. Estamos só começando. Nosso país é líder em várias frentes da Agricultura, mas falta muito, toda uma necessidade de capital. Mas não é só custeio e maquinaria. Imagina a quantidade de investimentos em terras, sustentabilidade. E o mundo sabe disso. Só está esperando a segurança dos financiamentos”, emendou.

“A Traive vem construindo seus cases no mercado, de incremento de 60% na detecção de eventos de risco nos clientes. Diminuição de meses para horas no processo de análise de crédito. De melhor calibração em renegociações de dívidas e redução no atraso de pagamentos. Se formos bem-sucedidos, vamos ajudar a levar a indústria do agro para outro patamar. Várias plataformas de tecnologia mudaram o mundo e podemos seguir o mesmo caminho”, acrescentou Aline, agora Diretora de Inteligência Artificial e Estratégia de Produtos na agfintech. Nesta jornada, 2023 será um ano decisivo. “A Traive deve trazer investidores externos para diversos eventos do Agro Brasil. Modelar o financiamento aos produtores dentro do mercado financeiro. Vejo cada vez mais o percentual crescendo em outras áreas, que não a distribuição, por exemplo. E sim ao lado dos bancos e fundos. É a ‘finteczação’ dentro desses atores. E isto já está acontecendo. Estamos indo maravilhosamente bem, com nome forte no mercado, vendo a necessidade de trazer o modelo ao mercado. A questão é quem vai fazer, como vai fazer e quem vai colocar de pé. O bomé que o Time Traive é muito forte, tem experiência, desenvolve tecnologias. É uma equipe galáctica e isso é importante para esse mercado. Uma  Agfintech precisa do tripé Agricultura, Finanças e tecnologia, sendo a última o Crédito. Temos ótimos clientes e operações marcantes. Para digitalizar o processo de crédito, desde a compra do insumo até colocar o crédito num fundo”, previu.

Traive, SIM e OPEA no 1º CRA Verde em dólar 

Emissão financia capital de giro para produtores de soja do Cerrado, estimulando produção sustentável

A Traive, ao lado da OPEA, Sustainable Investment Management (SIM) e BVRio, coordenaram a emissão do CRA Verde (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) no exterior, com investimentos de US$ 11 milhões. O CRA é um título de renda fixa, com incentivo fiscal por meio da isenção de imposto de renda para o investidor pessoa física, lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, ou suas cooperativas e terceiros, cujo objetivo é servir de fonte de financiamento complementar ao agronegócio. O CRA Verde foi registrado na Bolsa de Valores de Viena (Áustria) e conta com a tecnologia da Traive para conectar de forma transparente e precisa a expertise da OPEA na área de securitização, e a SIM, como coordenadora do Programa RCF (Responsible Commodity Facility). O Programa RCF é um sistema de incentivos financeiros para agricultores no Brasil que se comprometem com o cultivo de soja livre de desmatamento e conservação. Esta primeira emissão feita no âmbito do RCF (Programa RCF Cerrado 1) é um piloto que envolve 36 imóveis, produzindo cerca de 75 mil toneladas de soja por ano (durante quatro anos), resultando na conservação de mais de onze mil hectares de vegetação nativa, quatro mil hectares, além de reservas legais.

A operação foi financiada pelas redes de supermercado britânicas Tesco, Sainsbury’s e Waitrose, com o intuito de financiar capital de giro para oito produtores de soja do Cerrado, em Mato Grosso e Goiás, que vão receber empréstimos com custos atrativos. Para ter acesso aos recursos financeiros, estes produtores precisam atender rigorosos critérios de elegibilidade, como responsabilidade com o desmatamento zero da vegetação nativa, prevenção de impactos climáticos negativos e perda de habitat, além de não fazer uso de agroquímicos que são permitidos no Brasil, porém proibidos na Europa.  Os produtores, além de possuírem um excedente de reserva legal, comprometem-se a não desmatar tais excedentes durante o período de vigência da operação, mesmo quando permitido por lei. O Cerrado é um dos biomas com maior diversidade no mundo, além de um dos mais ameaçados, e a expansão da soja é um dos principais vetores do desmatamento. Por isso, a criação de um mecanismo de crédito exclusivo para produtores que não desmatam é fundamental para a proteção da vegetação nativa.

Maurício Moura Costa, COO da SIM, destaca o papel dos financiamentos para os produtores. “O financiamento agrícola é uma parte fundamental dos modelos de negócios dos produtores de soja e há uma enorme demanda por financiamentos de baixo custo. Ao direcionar esse fluxo de financiamento verde para a produção de soja, podemos compensar aqueles que se comprometem com a conservação de vegetação nativa”, afirmou. “A emissão traz juntas duas demandas latentes históricas do mercado de crédito agrícola no Brasil: aumento do capital privado estrangeiro e responsabilidade ambiental. Junte a isto um processo digitalizado, pronto para escalar, e temos um cenário muito promissor para o setor” disse Fabrício Pezente, CEO da Traive.

Renato Barros Frascino, Sócio e Head de Agronegócio da Opea, comentou a iniciativa. “Estamos honrados em fazer parte do desenvolvimento deste novo mercado. É uma alternativa para que os diversos produtores rurais brasileiros, que se preocupam com a produção sustentável, possam acessar recursos de mercado de capitais, inclusive de investidores internacionais, em condições mais competitivas”. Para Ken Murphy, CEO do Tesco Group, “A iniciativa evidencia a necessidade da indústria de alimentos se unir e apoiar a proteção de ecossistemas críticos, como o Cerrado”.

A operação contou com o apoio jurídico do escritório Pinheiro Neto e só foi possível no Brasil devido a inovações que surgiram com a Lei do Agro, regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). E que permite tanto a emissão do CRA Verde referenciado em moeda estrangeira quanto a colocação desses títulos diretamente no exterior, fato que aumenta o apelo entre investidores que não residem no Brasil. “Conseguimos fazer uso de forma pioneira das novas leis do Agro. Qualquer revenda, cooperativa ou empresa que faça vendas de insumos a prazo para produtores pode nos procurar para fazerem uso desse tipo de operação, seja para financiamento próprio ou de seus clientes”, convocou Luís Lapo, CRO da Traive,

Os próximos passos desta emissão são o monitoramento de compliance social e ambiental durante todo o período da operação, além de escalar esse novo modelo de financiamento, desta vez através de revendas, indústrias de insumos e cooperativas. As atividades do programa serão verificadas pela empresa Earth Daily e reportadas a um Comitê Ambiental independente, composto por representantes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), The Nature Conservancy (TNC), WWF Brasil, Conservação Internacional (CI-Brasil), Proforest, e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), e secretariado pela BVRio. 

SUSTAINABLE INVESTMENT MANAGEMENT – SIM

# Empresa especializada em finanças ambientais
# Base em Londres e no Rio de Janeiro
# Promove investimentos e o financiamento de atividades que gerem impactos
  ambientais positivos em escala em todo o mundo

OPEA

# Plataforma de produtos e serviços de securitização
# Estruturação e emissão de mais de R$ 80 bilhões em operações de
  securitização
# Segmentos imobiliário, agronegócio e financeiro

BVRIO

# Organização da sociedade civil especializada no desenvolvimento de
    mecanismos financeiros para o meio ambiente. 

# Desde 2012, foca em frear o desmatamento no Brasil e promover o
  desenvolvimento da agricultura sustentável

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

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