A fachada da Cruza Agronegócios, em um prédio comercial da movimentada capital brasileira, Brasília, é uma prova concreta da força do avanço tecnológico nos negócios e serviços. Uma imagem diferente daquela de amplas lojas, com vários balcões, produtos nas prateleiras e no chão, vários vendedores para lá e para cá. Pois é num espaço reduzido, em meio a tambores de nitrogênio e imagens de diversos produtos de pecuária de Corte e Leite, que Marcelo Parente de Pinho e o filho Guilherme não desgrudam do telefone e do computador. E vendem que é uma beleza. R$ 600 mil somente em sêmen, cerca de 30 mil doses. E possuem mais de 300 clientes ativos, espalhados em propriedades rurais de mais de vinte municípios brasileiros. “Mas, no escritório mesmo, só fico na segunda-feira. Meu filho, sim, permanece. Eu passo o resto da semana totalmente no campo. É onde o cliente está”, explica Marcelo com bom humor. Ele é brasiliense, tem 48 anos, graduou-se em Zootecnia na antiga ESAL (atual Universidade Federal de Lavras).
Filho de pais servidores públicos, Marcelo é neto de produtor de gado de corte e tem tios que cuidam de equinos e bovinos há um bom tempo. Foi o gatilho para ele se interessar pelo campo. “Sempre gostei de pecuária de corte e equinos. Foi por onde enveredei. Aliás, sou Técnico de Registro de Mangalarga Marchador. E estou fazendo Mestrado sobre o tema na PUC de Minas Gerais”, emenda. Depois que ‘pegou o canudo’, voltou a Brasília, deu aula em Colégio Agrícola, universidade, prestou assistência técnica para fazendas de gado de corte. “Eram outros tempos e não havia IATF. Treinávamos o vaqueiro, dávamos cursos, ficávamos até dez dias em cada fazenda, no Tocantins, na Bahia”, lembra. Passou por empresas como Nova Índia, Acelered, ABS PEC PLAN, mas foi conhecendo mais profundamente o leite e a Semex Brasil que se tornou o Regional da empresa em Brasília. “O leite surgiu como oportunidade de negócio. Treinei muito, fui ao Canadá, Estados Unidos e México, a Semex me ajudou bastante. Participei de todas as convenções anuais da empresa”, conta satisfeito.
A história da Revenda Cruza Agronegócios começou em 1993, quando Marcelo tornou-se sócio da empreitada. Sete anos depois, o amigo saiu e ele ficou no comando. “Neste tempo todo, a Cruza já mudou bastante o foco dos produtos comercializados. Depois de 25 anos no mercado, optamos por priorizar sêmen, nitrogênio, brete balança, máquinas de ordenha, resfriadores de leite, peças e assistência técnica. Brasília é uma região bem dividida com produtores de pecuária de corte e pecuária leiteira. Bem meio a meio. É um pouco rara essa combinação”, detalha. Mas o braço da Cruz alcança outros agropecuaristas, tanto do Distrito Federal como propriedades de Minas Gerais (regiões de Unai e Paracatu de Minas), Noroeste de Goiás e um pouco do Acre.
O filho de Marcelo, Guilherme da Mata Pinho, graduado em Agronegócio e atualmente fazendo Mestrado, permanece no trabalho interno do escritório, cuidando de pagamentos, notas fiscais, dos novos contatos e fazendo um pouco de marketing, postando materiais e promoções nas redes sociais. E ainda há um técnico, Édson Pimenta, formado em Medicina Veterinária, que fica na região para fazer um atendimento específico e também vende. “Na revenda, cliente físico não chega a 10% das vendas. O resto é whatts up, telefone, e-mail, entrega que eu e o Édson fazemos. Logicamente, depois de um trabalho anterior, contato, apresentação de produto, assistência técnica, formas de comercializar, etc. Mas a tecnologia facilitou demais as coisas”, afirma Marcelo ao comentar o modelo de atuação de revendas como a Cruza. “Com a ajuda de um programa de web, tenho todo o estoque da empresa, o cadastro dos clientes, o histórico de cada um, o que comprou, quanto e quando. No momento em que vou atendê-lo pessoalmente, estou bem munido de informações. A tecnologia e a internet ajudam muito nesse sentido. E ainda temos o facebook e o site www.cruza.com.br. Também usamos o whats up para enviar flyer e informação aos produtores. E a Semex ainda nos ajuda com imagens de touros. Funciona que é uma beleza. Até porque sem marketing não vai”, completa.
E apesar de ainda dividir o tempo com Semex, Revenda e Mestrado, Marcelo segue como produtor de leite e gado de corte, com 400 matrizes Nelore, produção de 300 litros de leite por dia. Mesmo assim, os planos para o futuro são ousados: dobrar o tamanho da revenda. Mas há uma pedra no meio do caminho. “Meta. Faço esta pergunta para mim todo dia. Em cinco anos, precisamos dobrar. É a meta. Arrumar vendedores, fazer equipe. Porém, hoje, temos um problema grave de mão de obra e os custos são altos. Não há gente treinada, precisamos administrar muito bem os colaboradores, as pessoas. gente. Formar gente é o maior desafio”, analisa preocupado. Mas o perfil deste pessoal todo já está na cabeça dele. “É perfil técnico-comercial. Andar nas duas linhas. Eu digo que o Marcelo Zootecnista ajuda o Marcelo vendedor. E precisa estar engajado, gostar de estar no meio das pessoas, planejar a venda e o cliente. Nunca esquecer dele, o principal, o cliente. E que o nosso negócio é no campo. No escritório, não vende não”, bri