12 de janeiro de 2022

Rally Cocamar percorre áreas de soja com maiores perdas

O reinício das atividades do Rally Cocamar de Produtividade, após o recesso de final de ano, foi intenso. Na terça-feira (11/01), a programação começou pela manhã com uma reunião no Sindicato Rural de Maringá, da qual participaram representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, de sindicatos e cooperativas, entre elas a Cocamar.

O gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, representou a cooperativa na reunião, falando sobre a situação das lavouras nos mais de 900 mil hectares cultivados nas regiões atendidas nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Avaliar as perdas ocasionadas pela estiagem e as altas temperaturas na safra 2021/22 foi o objetivo da reunião. Segundo relatório divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), os danos já são consideráveis. Para uma estimativa inicial de colheita de 21 milhões de toneladas de soja, por exemplo, os números mais recentes já apontam para 13 milhões de toneladas, um prejuízo projetado em pelo menos R$ 24 bilhões na soma das três culturas mais importantes do período – soja, milho e feijão.

O diretor de Gestão de Risco do Mapa, Pedro Loyola, coordena uma equipe que começou, na segunda-feira (10/01), a visitar as principais regiões produtoras do estado, percorrendo cerca de 2 mil quilômetros, para levar as informações a Brasília e estudar medidas de apoio emergencial aos produtores. Na segunda-feira eles passaram por Guarapuava, Pitanga e Campo Mourão. Na terça, depois de Maringá, o destino foi Umuarama.

“Municípios que tradicionalmente não têm perdas por seca, estão sendo atingidos, afetando várias outras atividades e não apenas as lavouras de grãos”, comentou, explicando que o levantamento será levado para a ministra Tereza Cristina e também para servir de subsídio à Conab [Companhia Nacional de Abastecimento].

Loyola lembrou que o Paraná é líder na contratação de seguro e o segundo estado que mais contrata Proagro. “O que preocupa, também, é a parcela de investimento dos produtores, incluindo a pecuária de leite e demais atividades”, ressaltou, citando ser difícil ter ainda os números finais porque a seca não cessou.

“Estamos fazendo uma prévia junto aos setores para entender onde o governo poderá mitigar as dificuldades”, acrescentou. “É necessária uma política não só de município, como também de estado e de governo federal.”

Sobre o seguro, Loyola informou que quando a ministra assumiu, em 2018, havia 4,5 milhões de hectares de áreas seguradas no país, ao passo que atualmente são 14 milhões de hectares. “Demos um grande salto, mas ainda é pouco, pois metade dos produtores das diversas atividades, no Brasil, não faz seguro nem Proagro”, completou.

Acompanhado da equipe do programa de televisão RIC Rural, o Rally levou o diretor do Mapa ao município de Floresta, na região de Maringá, para ver de perto os estragos causados pela seca em uma lavoura. A área visitada, do produtor Ricardo Dolphini, às margens da PR-317, espelha a realidade da soja no município, onde os produtores têm o costume de semear mais cedo.

“Estamos calculando uma perda no município superior a 70%”, afirmou o engenheiro agrônomo Fernando Fabris, da unidade local da Cocamar. Os produtores que semearam mais cedo foram os mais impactados, pois as lavouras permaneceram cerca de 45 dias sem umidade e sob elevada temperatura.

“Nunca passamos” – João Claudemir Mori, produtor em Ivatuba, município vizinho, recebeu o Rally e estimou que numa de suas áreas a colheita deve ficar entre 20 e 30 sacas por alqueire (8,2 a 12,3 sacas/hectare). “Em toda a minha vida, nunca passamos por uma situação dessas. É comum a gente ter perdas com estiagens, mas não com essa intensidade”, citou. Se o clima tivesse ajudado, sua média possivelmente ficaria ao redor de 160 sacas por alqueire (66/hectare), mantendo o histórico dos últimos anos.

Para o engenheiro agrônomo da Cocamar Claudemir Rodrigues, a média geral de perdas no município de Ivatuba pode ser superior a 70%. “É um impacto muito forte na economia das pequenas cidades, especialmente porque a safra de inverno também foi muito ruim”, destacou.

De Ivatuba o Rally seguiu para o vizinho município de Doutor Camargo onde observou uma lavoura de soja com algum porte e até bem enfolhada. Mas conversando com o produtor Luiz Totti de Souza, soube que a produtividade deve ser a mais baixa desde quando sua família começou a lidar com a oleaginosa, no começo dos anos 1970.

“Os pés até que estão bonitos, mas quase não têm vagens”, mostrou Totti, arrancando uma das plantas. Em vez de 70 vagens em média, podiam ser contadas não mais que 15 e, assim mesmo, os grãos não se desenvolveram bem. “Acho que vamos colher umas 15 sacas por alqueire (6 sacas/hectare), não mais que isso”, disse. Ou seja, um décimo do que ele colheria em condições climáticas normais.

Patrocínios – Em sua sétima edição consecutiva, acompanhando todo o ciclo da safra de soja 2021/22, do pré-plantio à colheita, o Rally conta com o patrocínio das seguintes empresas: Basf, Fairfax Brasil – Seguros Corporativos, Sicredi União PR/SP, Zacarias Chevrolet e Viridian, com o patrocínio institucional da Cocamar Máquinas, Texaco Lubrificantes, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar e o apoio do Cesb, Aprosoja/PR e Unicampo.

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

Newsletter

Receba nossa newsletter semanalmente. Cadastre-se gratuitamente.