22 de março de 2021

Preços dos grãos explodem no Brasil! Por Riba Ulisses

O farelo de soja e o milho são ingredientes fundamentais da ração dada a aves, suínos e bovinos.
Chegam a custar 70% do preço total gasto por granjas e fazendas.

O Brasil está terminando de colher uma safra recorde de soja e deve fazer o mesmo com o milho, na safra do meio do ano.
E o mercado interno e externo estão pagando muito bem pelos dois produtos.
O resultado é um avanço sem precedentes nos valores dos dois grãos.
Tudo puxado pelas exportações.
Em um ano, o milho valorizou 75% e a soja 93%.

Boa notícia para quem planta e comercializa.
Uma complicação para quem precisa de soja e milho.
É o caso dos produtores das carnes.
E dos frigoríficos que abatem os animais já que podem receber menos cabeças para ocupar toda a linha de produção.
E não adiantar comprar lotes mais caros porque o atacado não consegue vender para os consumidores em um país que sofre com economia estagnada e pandemia da Covid-19.

Vários pecuaristas alegam que estão gastando mais do que o dobro para alimentar os planteis.
E muitas indústrias estão reduzindo o ritmo para equilibrar as contas.

O presidente da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs), José Eduardo dos Santos, diz que 21 milhões de quilos de aves podem deixar de estar disponíveis para o consumidor nos açougues e supermercados.
A diminuição nos abates vem ocorrendo desde dezembro do ano passado.

É o resultado de um círculo perverso.
O criador produz menos carne para ter menos gastos com soja e milho.
A indústria abate menos.
Tem menos carne no comércio.
O preço vai subir do mesmo jeito para dona e dono de casa.
Gente que está desempregada, ganhando menos e sem auxílio do Governo Federal.

É o mercado.
Produto abundante, preço baixo.
Produto em falta, preço lá em cima.

O que fazer então?

São poucas opções.
Os Estados Unidos são o único país que tem soja e milho sobrando.
Mas o ‘moderníssimo’ Brasil impõe barreiras legais porque os grãos ianques são transgênicos.

Ter produto guardado seria ótimo.
Mas custa dinheiro.
E o Brasil está quebrado.

A China poderia comprar menos da gente.
O que não é bom porque arrecadamos menos dólares.
Quem planta recebe menos.
E não deve ocorrer porque os chineses precisam de ração para recompor o plantel suíno deles, dizimado pela Peste Suína Africana (PSA).
E eles buscam aves e bovinos para complementar a oferta de proteína para mais de 800 milhões de habitantes.

Enquanto isso, no Brasil, cooperativas como Languiru e Vibra diminuíram a criação nas granjas e demitiram funcionários nos frigoríficos.

A situação é pior com os suínos.
Um frango é produzido em 42 dias.
Um porco é produzido em seis meses.
Mauro Gobbi, vice-presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, a ACSURS, fala que a suinocultura precisa de até um ano para ofertar animais para abate na condição ideal.

Mas, de novo, o que fazer, então?

Nada.
Ou melhor, muito.
Seguir produzindo milho e soja, investindo em tecnologia e produtividade, controlando internamente a oferta de carnes por mais dolorosa que a medida seja, oferecendo alternativas de alimentos para as três carnes mais conhecidas (ave, suína e bovina), crescendo as exportações e tendo uma política mínima de armazenagem.

Há, esqueci.
Também ficar na torcida para que Governo Federal, oposição, Poder Judiciário, Poder Legislativo e empresas de comunicação parem de jogar contra o país.
Caso contrário, a inflação dos alimentos também vai explodir no Brasil 2021.

 

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