21 de dezembro de 2020

O Brasil cansa muito a gente! Por Riba Ulisses

O Senado aprovou na semana passada o projeto de lei que facilita a compra, a posse e o arrendamento de propriedades rurais no Brasil por pessoas físicas ou empresas estrangeiras.
Mas ainda não acabou essa história.
O projeto segue agora para votação na Câmara dos Deputados.

A compra de fazendas por estrangeiros é mais uma novela sem fim que o Brasil infelizmente adora arrastar, como se fosse um fantasma com correntes.
É a mesma história como reforma agrária, pagamento da dívida externa, a estabilidade no emprego público, a reforma da previdência, etc. etc.
Causas socialistas que foram enterradas pelo tempo na maioria dos países.
Mas, como penso e digo várias vezes, o Brasil adora complicar, boicotar a si mesmo.

A novela já tem mais de cinquenta anos, vem da década de 1960.
E senadores e deputados da oposição ainda têm coragem de dizer que o assunto não foi suficientemente debatido.
Uma piada.

Os argumentos são pré-históricos.
O Brasil vai morrer de fome, as potências estrangeiras vão lotear nosso país, o preço das terras vai explodir e por aí vai.
A questão é uma só.
Dinheiro, negócio, investimento, emprego, crescimento, tecnologia.
Como disse o ditador chinês, não importa a cor do gato.
O que interessa é se ele caça o rato.
E como falou Fernando Henrique Cardoso.
Se o estrangeiro criar emprego e promover riqueza aqui dentro, está tudo bem.

A questão mais ridícula apontada por políticos socialistas é a tal função social da zona rural.
Como se os empresários de outros países comprassem terras para admirar o mato, a terra, os pardais, as minhocas.
Eles querem fazer dinheiro.
E o nosso exigente Código Florestal vale tanto para inglês e chinês como para o brasileiro.

Na verdade, falando o Português claro, o novo projeto é uma grande perda de tempo.
Não muda praticamente nada na legislação vigente.
Cria uma burocracia sem fim para a aprovação de compras de terras, impõe restrições para negócios envolvendo o Bioma Amazônico, impede que o comprador repasse o imóvel como desejar, dá poder ao Congresso nacional para impedir transações mesmo com uma nova lei aprovada.
Como diz outro ditado famoso, estamos avançando com firmeza.
Para trás.

Ainda bem, sorte do brasileiro, o mercado é mais competente e rápido que os políticos e os atrasados.
O Brasil não fez nenhuma reforma agrária ampla, mesmo assim tornou-se o terceiro maior agronegócio do planeta, traz bilhões de dólares aqui para dentro todo ano e ainda segura a peteca da combalida economia do país.
Não demos o calote na dívida externa e hoje temos mais dólares do que devemos.
E pior, a dívida mais complicada de pagar é com credores brasileiros, aqui dentro.
Tiramos do estado inúmeros negócios como telefone, estradas, ferrovias, portos.
Fizemos várias privatizações e hoje temos estradas mais seguras, telefones à vontade, portos sendo inaugurados, mais quilômetros de trilhos nas regiões Centro Oeste e Norte.

A questão de terras para estrangeiros é tão antiga que as normas envolvendo posse de empresas e investimentos de corporações do exterior com sócios nacionais mudou.
E permitiu que hoje já existam projetos em fazendas brasileiras em pleno andamento com recursos de japoneses, chineses, italianos, holandeses, americanos, etc. etc. etc.
Com soja, café, milho, madeira, etc. etc.
Ufa!

Como diz economista Alexandre Schwartsman, o Brasil cansa a gente!
Até a próxima!

 

 

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