10 de maio de 2020

Diário da Pandemia! Por Riba Ulisses

Aruana.
Nome de peixe.
Deus da alegria e protetor dos Carajás, na mitologia Tupi-Guarani.
Nova série da Rede Globo.
Um prato cheio para jornalistas, atores, intelectuais e socialistas em geral, frequentadores de botequins do ‘baixo Gávea’ e da Vila Madalena.
Amazônia verde, empresários sem coração, mineradoras sanguinárias, mulheres sonhadoras da Ponte Aérea Rio – São Paulo, policiais corruptos, padres, assassinos de aluguel, políticos inescrupulosos, ong´s do bem, garimpeiros desalmados, jovens idealistas, lindas, índios de bom coração, rios poluídos por minerais.

Não tem um só integrante da produção que não tenha pisado na Amazônia apenas por turismo.
Não fazem a menor ideia sobre o que estão tratando.
E o roteiro é ‘mais antigo do que andar para trás’.
Mas a produção é nota 10.
Uma pena gastar tanta habilidade.

Infelizmente, o mundo é bem mais complexo do que os cérebros rasteiros de roteiristas e diretores de televisão e do cinema.

A Amazônia está presente em vários países da América do Sul.
Mais de 5 milhões de pessoas sobrevivem nessas florestas equatoriais.
No Brasil, são quase 900 mil produtores rurais.
A espetacular maioria é de pequenos produtores.

A Floresta Amazônica é um inferno verde, úmido, quente, insuportável.
É o império da água.
Do calor.
Das tempestades.
Dos raios e trovões.
Ali, não tem água por causa da floresta.
Tem floresta por causa da água.
Há milhões de anos, antes dos últimos movimentos das placas tectônicas mães do planeta, o Rio Amazonas desaguava do outro lado, o lado do Pacífico.

Os primeiros povos habitavam a região há mais de dez mil anos.
Tinha de tudo.
Como hoje.
Índios, agrupamentos de coletores que vagavam da América do Norte até a Patagônia, lavradores, gente que punha fogo na mata para caçar animais.
Os índios ensinaram os europeus a queimarem a mata.
Não o inverso.
A vida deles era procurar alimentos.
Para permanecerem vivos.
Como hoje.
Muitos recolhiam frutas, amêndoas, folhas e tubérculos.
De tudo.
Desde que tivesse gosto agradável, pudesse ser mastigados por bocas banguelas ou de poucos dentes, e não provocasse diarreia.
O domínio da agricultura era rudimentar.
O tempo passou, as pessoas fixaram residência pelo continente ao dominarem a produção de grãos.
Várias civilizações guerrearam no mundo por ouro, prata, comida, poder e terras.
Na Europa, Ásia, África, América, Oceania.
Índios, negros, brancos, amarelos, cafusos.
A história do Homem não é propriamente um conto de fadas.

No Brasil, a Amazônia permaneceu um desafio difícil de entender, controlar, dominar, ocupar.
Depois da borracha, madeira, do garimpo, da madeira, Zona Franca, Transamazônica, ECO 1992.

A única certeza que se têm sobre aquela região é que os índios, brancos, as mineradoras, os garimpeiros, madeireiros, policiais, empreendedores e desempregados que vivem lá querem e merecem ter um meio de sobrevivência.
Vivem numa pobreza sem fim.
Os pequenos produtores rurais são perseguidos pela Polícia Federal, o Ibama, a Imprensa e os artistas milionários internacionais.
Não possuem sequer o título da terra que receberam oficialmente, do Governo Federal.
Não existe moderno agronegócio na Amazônia.

Famílias rurais cuidam de plantações, bezerros, armazenagem e reparos de cercas.
Sem assistência técnica, extensão rural, associações e cooperativas, acesso à informação, novas tecnologias e circuitos de comercialização.
Criminosos?
Sim, existem também lá.
Assim como em São Paulo, Tokio, Paris e Nova Iorque.

Outros países e gente que não vive no tormento da mata não têm o direito de se intrometer neste assunto.
A Amazônia do século 21 só vai ter paz se cada um dos brasileiros que moram lá tiverem um trabalho minimamente decente, que renda um dinheiro possível para cuidar de si e da família.
Seja índio, branco, garimpeiro, empresário, amarelo, cafuso, mameluco, etc.

 

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