19 de novembro de 2021

Carne Bovina do Brasil no alvo dos EUA! Por Riba Ulisses

A semana termina quente na seara da carne bovina brasileira exportada.
Nesta quinta-feira, o senador dos Estados Unidos Jon Tester apresentou um projeto de lei pedindo a suspenção das compras de carne bovina brasileira.
Alegando que o nosso produto fresco não tem qualidade sanitária comprovada.

Tester é do Partido Democrata do Estado de Montana e representa os criadores ligados à poderosa Associação de Produtores de Carne dos Estados Unidos (NCBA).

O Brasil é o maior exportador da proteína no mundo, vinha batendo recordes mensais de vendas externas, mas levou um duro golpe da China, nosso maior comprador, que suspendeu as importações em setembro devido a dois casos do ‘Mal da Vaca Louca’, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).
Os casos foram detectados em junho, dois meses antes de serem reportados a parceiros comerciais na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Enquanto negocia com os chineses, a indústria brasileira foi atrás de novos compradores e estava aumentando os embarques da carne para os americanos.
Os ianques levaram o equivalente a 62,3 milhões de dólares nos primeiros nove meses deste ano, um aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2020.
Em volume, o Brasil foi o segundo maior fornecedor dos EUA, atrás apenas do México.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) regula as importações de alimentos para o país, mas até agora não se pronunciou sobre a proposta do senador.
O Brasil tem autorização para vender carne bovina ao parceiro, mas normalmente embarcava peças para moagem e mistura na fabricação de hambúrguer.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou nesta sexta-feira que os criadores americanos estão desinformados sobre a qualidade do nosso produto.
Defendeu que o Brasil cumpriu todos os trâmites da OIE.
E que não há embasamento técnico para a restrição defendida pela NCBA.

O que fazer?
Diplomacia, paciência, ação, correção e sabedoria.

Todos, neste caso, têm razão.
O senador americano, como todo político, é demagogo.
Mas vai argumentar que defende o interesse de seus eleitores.

A China estava comprando mais da metade da carne exportada pelo Brasil, mas não gostou nada, nada de saber que seu fornecedor tem frigoríficos recebendo animais velhos e doentes na linha de abate.
E muito menos de ficar sabendo dos casos de Mal da Vaca Louca sem prioridade e com atraso.
E resolveu dar uma lição na gente, como mãe faz com criança ranheta.

O Brasil produz bem e é o maior fornecedor de proteína animal do planeta.
E vai continuar sendo.
Mas teima em não tratar a carne bovina com mais profissionalismo.
Como, por exemplo, implementar o mais rápido possível a rastreabilidade individual do rebanho inteiro.
E quem não puder fazê-lo, ou não querer, que não tenha comprador para sua boiada.

Como na história mundial do comércio, ao longo dos últimos cinco mil anos, vai continuar valendo a máxima: quem puder mais, fazer mais, vai chorar menos.

 

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