15 de maio de 2020

As doenças que mudaram o planeta! Por Riba Ulisses

Duas doenças estão mexendo com as carnes e os grãos no mundo inteiro há dois anos.
Elas se espalharam por quase todo o planeta e estão mudando a vida de bilhões de pessoas e os negócios envolvendo os alimentos.
Covide-19 e Peste Suína Africana, a PSA.
Para apimentar ainda mais a questão, a disputa internacional que envolve as duas maiores potências da economia mundial: Estados  Unidos e China.
O que o Brasil pode ganhar ou perder com as três questões?

No ano passado, o Brasil exportou 13% a mais de carnes para a China.
Só de carne suína foram 250 mil toneladas.
Neste ano, a previsão é de 300 mil toneladas.
Por outro lado, vendemos 21% a menos de soja.
A conta é simples: os chineses tiveram uma quebra gigantesca na produção de carne suína.
E a soja e o milho são a base da ração destes animais.

O Brasil vem se consolidando como o maior exportador de carnes bovina e de aves, e ampliando a participação com os suínos.
A pandemia da Covid-19 só complicou a situação.
O gigante vermelho precisa comer, mas as agências internacionais de risco estão preocupadas com possíveis interrupções na cadeia de suprimentos, como os portos.
Gente da categoria de um Rabobank.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, juntou essas previsões e preparou um estudo para analisar os riscos e as oportunidades para o agronegócio brasileiro com base nestas análises.
O trabalho foi elaborado pelo pesquisador Mário Seixas, do Departamento de Análises e Estudos Estratégicos.

A Peste Suína Africana é causada por um vírus, surgiu na África, é uma doença hemorrágica e atinge porcos domésticos, selvagens e javalis.
Contaminou animais de países como China, Vietnã, Filipinas, Laos, Camboja, Mianmar, Coreia do Sul, Indonésia e Mongólia.
Atingiu os países europeus, como Alemanha e Polônia.
E provocou o abate de milhões de cabeças em todos os lugares.
Só lembrando que a China produz metade da carne suína do mundo e a Europa é o segundo maior produtor.

Na China, a PSA se somou aos problemas vivenciados pelo setor agrícola em decorrência do surto da Covid-19.
O país deve precisar comprar até 4,25 milhões de toneladas de carne suína.
Simplesmente a produção brasileira de um ano inteiro.
E quem vai abastecer os milhões de consumidores chineses?
Principalmente, Brasil e Estados Unidos.
Os dois podem vender 300 mil toneladas cada um.
Os americanos levam uma certa vantagem porque fecharam um acordo comercial com os chineses.

Porém, o cenário positivo para as duas nações pode enfrentar um contratempo.
O pesquisador Mário Seixas aponta: é a capacidade da indústria de embalagens da China.
Carne demais para processamento de menos.
O estudo da Embrapa também examinou outras vertentes.

2019 foi um ano difícil para a soja, mas extremamente compensador para o milho e algodão.
O Brasil tornou-se o segundo maior exportador global dos dois produtos.
O acordo EUA-China vai provocar o aumento das vendas de bens e serviços dos Estados Unidos para a China.
Coisa perto de US$ 32 bilhões a mais.
Carnes, frutos do mar, laticínios, algodão, milho, soja, trigo, sorgo e etanol.

Na soja, a guerra comercial travada entre o presidente Trump e o primeiro ministro da ditadura chinesa provocou um tombo de vinte milhões de toneladas para o grão americano.
Agora, certamente, os chineses vão optar pela oleaginosa ianque.
Pode chegar a mais de 40 milhões de toneladas por ano, a partir deste ano.
A carne bovina dos EUA também deve ter preferência sobre a proteína verde-amarela.

Mas o pesquisador Mário Seixas acha que o Brasil pode se dar bem.
O mundo está muito complexo, com mudanças sem parar.
O que hoje é ruim, amanhã pode ajudar.
Vamos continuar sendo o maior exportador mundial de carnes de aves e o segundo maior de carne bovina.
A carne suína cresce, mas ainda temos um longo caminho pela frente.
Embarcaremos quase trinta milhões de toneladas de carnes neste ano.
Uma boa performance, não?

Se quiser saber mais sobre o estudo da Embrapa, basta entrar no site da empresa e procurar pela ‘Série Diálogos Estratégicos – Mercados Internacionais’.

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