3 de março de 2024

A guerra da previsão sobre a safra de soja 2023 – 2024! Riba Ulisses

Eu adiantei aqui nesta coluna, no fim do ano passado, a esperada disputa pelos institutos do segmento sobre o real tamanho da safra brasileira de soja no ciclo 2023 – 2024.
A cultura realmente foi castigada por falta de chuvas, prazos de plantio prejudicados e altas temperaturas nos momentos inadequados.
E a grande maioria dos institutos e das empresas de consultoria que acompanham a movimentação de plantio e colheita de grãos no país é integrada por gente séria, capaz e honesta.

Porém, é gente muito ansiosa em prever com antecedência exagerada os impactos do clima sobre os resultados das fazendas.
O nosso país é gigantesco.
As diferenças e a complexidade de clima, topografia, regime de chuvas, ventos, solo, umidade, investimentos parece que não têm fim.
Sem falar nas características inerentes às nações que estão localizadas na faixa tropical do planeta.

Calma e prudência são bem vindas nessas horas.
Nesta última semana, chamaram a atenção as expectativas de dois nomes respeitados no Agro Brasil.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) atualizou as estatísticas mensais do complexo soja no Brasil até janeiro de 2024.
As projeções da entidade, que têm como base os dados de produtividade média do Brasil reportados por suas empresas associadas, foram reajustadas.
A produção de soja deve alcançar 153,8 milhões de toneladas.
Número inferior ao do último levantamento (156,1 milhões/t).
E a produtividade média no atual ciclo foi revisada para 3.411 kg/ha contra 3.597 kg/ha de 2023.

Já a hEDGEpoint atualizou a estimativa de safra de soja 2023 | 2024 brasileira para 150,1 milhões de toneladas.
Uma diferença de quase 4 milhões de toneladas.
Sem falar em dois outros números também discrepantes.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) fala em 156 milhões de toneladas.
E a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) é pessimista como vários outros agentes, com 149,4 milhões de toneladas.
O que eleva a discrepância para mais de 6 milhões de toneladas.

O analista de Grãos & Oleaginosas da hEDGEpoint Global Markets, Pedro Schicchi, põe o dedo na ferida.
“Pretendemos atualizar nosso número de safra e mostrar um pouco do que está por trás dele. Primeiro, vamos entregar o ouro: o número da safra de fevereiro da hEDGEpoint é de 150,1M ton, abaixo dos 153,4M ton de janeiro. A consolidação adicional das perdas devido ao mal começo da safra foi um motivo. Entretanto, as condições climáticas foram melhores em janeiro, o que ajudou a estancar o sangramento”.

Ele ainda afirma que durante a revisão do mês passado, todos estavam bem no ‘olho do furacão’, mas a quantidade de lavouras que já atingiu a maturidade ou foram colhidas é muito maior.
E já adianta uma certa defesa de quem iniciou o período de estimativas no fim do ano passado falando em 145 milhões de toneladas.
“Os números continuam caindo, e não sem razão. No entanto, condições melhores estancaram o sangramento até certo ponto e, com uma parcela menor da produção em risco, as alterações nas estimativas devem começar a diminuir à medida que avançamos.

Calma e prudência são bem vindas em todas as horas.

 

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