A decisão do governo federal de suspender os subsídios das linhas de crédito para produtores rurais pegou o setor agropecuário de surpresa. O anúncio foi feito no final do dia 20 e a medida já está em vigor, sem prazo para revisão. Com isso, os agricultores que dependiam do crédito subsidiado precisarão recorrer ao mercado privado, onde as taxas de juros são mais altas.
O Plano Safra, foi um dos principais instrumentos de financiamento para o setor, destinando R$ 400 bilhões em 2024, um aumento de 10% em relação ao ano-safra anterior. O modelo funcionava com o Tesouro Nacional cobrindo parte dos juros, permitindo que os produtores acessassem crédito a taxas mais baixas. No entanto, com a alta dos juros no mercado, os custos desse subsídio aumentaram significativamente para o governo, o que levou à sua suspensão. A decisão, embora possa parecer um baque para o setor, representa uma oportunidade de modernização do crédito rural, segundo Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “Isso impulsiona a economia para um modelo de livre mercado, no qual a indústria financeira precisará se modernizar, sofisticar e oferecer melhores condições para atender à demanda do agronegócio ao longo do tempo”, avalia o executivo.
Eyng também destaca que a medida tem impacto positivo para o equilíbrio fiscal do país. “Essa decisão reduz os custos para o governo, contribuindo para um ajuste fiscal mais eficiente. Além disso, os pequenos produtores de subsistência continuam sendo atendidos pelo Pronaf, enquanto os médios e grandes produtores, que operam no mercado e exportam commodities como soja e milho, precisam se adaptar a essa nova realidade, afinal não são apenas agricultores, são empresários rurais. Em outras áreas da economia, os empresários não contam com subsídios do governo”.
Outro ponto a se considerar, é que, no longo prazo, a redução dos subsídios pode fortalecer a competitividade do agronegócio brasileiro. “Nenhuma indústria se fortalece dependendo de subsídios. Um bom exemplo disso é a agricultura europeia, que recebe altos incentivos, mas não é competitiva internacionalmente”, conclui.
Com o recuo do governo no financiamento rural, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm se destacado como uma das principais alternativas para os produtores, atendendo diretamente às necessidades do setor. Segundo Eyng, “os FIDCs multicedente e multissacado já financiam a indústria de fertilizantes e distribuidoras, permitindo que os produtores obtenham prazos mais longos para a compra de insumos, como defensivos agrícolas e fertilizantes”. Ele complementa ainda que, “com o crescimento do mercado de FIDCs no Brasil, impulsionado pela Resolução CVM e pela modernização do setor, há cada vez mais funding disponível para irrigar essa cadeia de crédito do agronegócio. Por isso, planejamos disponibilizar R$ 7 bilhões em crédito para o agronegócio ao longo de 2025″.
Sobre a gestora Multiplike
Fundada em 1999, a Multiplike é uma das 3 maiores gestoras multisacado/multicedente e securitizadoras de crédito privado do país, especializada em antecipação de recebíveis e capital de giro. Com mais de R$ 50 bilhões em créditos cedidos nos últimos anos, a companhia atua nos principais mercados, tais como construção civil, agronegócio e indústria. Com mais de 280 colaboradores, a Multiplike possui uma carteira de mais de 4 mil empresas atendidas, se consolidando como a empresa com maior rentabilidade do setor financeiro da região sul do Brasil.
A empresa adota um modelo distinto em relação aos bancos tradicionais, baseando-se na alocação de recursos próprios como garantia para os investidores. Essa abordagem estratégica se traduz em vantagens substanciais, particularmente quando a economia demonstra estabilidade. Nesse cenário, a empresa pode capitalizar sua considerável capacidade de alavancagem, permitindo um crescimento mais acentuado. Isso se deve à confiança que os investidores depositam na Multiplike como parceira sólida e confiável.