O Brasil está entre os dez países que mais jogam alimentos no lixo, com cerca de 35% da produção sendo desperdiçada todos os anos, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Um fato alarmante é que enquanto no mundo todo 14% dos alimentos produzidos são perdidos entre a colheita e o momento em que chegam às lojas, por aqui esse número chega a impressionantes 50%, segundo a ONG Banco de Alimentos.
A perda ocorre quando há uma redução da quantidade ou qualidade dos alimentos antes de chegar a ser comercializado nos mercados e outros estabelecimentos. Ela ocorre por vários motivos. No Brasil, o principal deles refere-se ao transporte e manuseio. Além desse dado remeter a discussões sobre a fome e a segurança alimentar, todo esse alimento que vai para o lixo também causa danos ambientais e auxilia na intensificação das mudanças climáticas. Centenas de produtores e alguns dos maiores varejistas de alimentos frescos no Brasil estão reduzindo os danos e as perdas dos alimentos no transporte e o consequente descarte de resíduos no solo.
Tudo isso por meio da adoção e do compartilhamento de caixas retornáveis mais resistentes para o transporte de perecíveis. As embalagens são reutilizadas por toda a cadeia de abastecimento (produtor, transportador e varejista). O serviço de aluguel e gestão de caixas reutilizáveis é feito pela empresa paranaense HB Pooling.
Como funciona, na prática? Varejistas e produtores solicitam a quantidade de caixas desejadas para o transporte de alimentos perecíveis por meio de um sistema gerenciado pela própria HB. As caixas são entregues e, após serem utilizadas retornam à HB, onde são higienizadas e redistribuídas para novos usuários, criando, assim, um ciclo contínuo de compartilhamento. A HB já impediu que 25 milhões de toneladas de resíduos da produção de celulose e papelão (caixas de uso único) fossem parar em aterros sanitários ou descartados de forma prejudicial à natureza.
Menos perdas de alimentos no transporte – No Brasil, a distribuição de alimentos frescos enfrenta desafios críticos relacionados a perdas e desperdícios que impactam desde a rentabilidade dos produtores e varejistas até a qualidade final dos produtos na gôndola e o meio ambiente como um todo. Dentre as principais causas de perdas de alimentos estão o acondicionamento inadequado dos produtos nos recipientes (caixas, papelão ou madeira) e o excesso de manuseio, tanto no momento de acomodá-los no caminhão quanto no processo de descarga.
“O uso de embalagens apropriadas que minimizam o manuseio da carga e possíveis danos físicos é um fator relevante para a preservação da qualidade do produto e mitigação de perdas”, avalia Ana Miranda, CEO da HB Pooling. Do lado dos produtores, o elo inicial da cadeia de abastecimento, um melhor controle de perdas é fundamental porque, geralmente, eles participam do risco de desperdício com outros atores da cadeia e só recebem pelo que foi vendido na ponta. Soma-se a isso que mercados mais maduros em questões de sustentabilidade, como o europeu, exigem que produtores sigam e comprovem o uso de melhores práticas para reduzir a pegada de carbono.
Benefícios do Pooling – O serviço oferecido pela HB é baseado no conceito de “pooling”, ainda pouco conhecido no Brasil, mas já bastante utilizado na Europa. Trata-se do compartilhamento de embalagens para o transporte, que permite que várias empresas de toda a cadeia de abastecimento utilizem um mesmo ativo ao invés de cada uma comprar e manter as suas próprias caixas para o transporte de alimentos.
“O pooling é uma forma de diminuir o impacto ambiental. Ao incentivar a reutilização e reciclagem de embalagens, contribui com a redução do consumo de recursos naturais e a diminuição da geração de resíduos”, explica Ana. A prática sustentável de pooling tem atraído a atenção da cadeia de perecíveis. Alguns dos maiores produtores e varejistas do país como AlfaCitrus, Trebeschi, Kuará e Brasnica (produtores); e GPA, Carrefour, Dia e Natural da Terra (varejistas) já fazem uso do pooling.
O potencial de mercado para soluções de embalagens retornáveis é significativo. Segundo Ana, no Brasil, são movimentados, aproximadamente, 7,3 bilhões de quilos de frutas, legumes e verduras (FLV) por ano. Desses, a empresa estima que apenas 12% são acondicionados em embalagens retornáveis.
“Ao utilizar o sistema de pooling, todos ganham: produtores e varejistas diminuem seus custos e aumentam sua eficiência; o consumidor final tem acesso a alimentos frescos com máxima qualidade; e o meio ambiente sofre menos impactos”, resume Ana.
Principais benefícios do uso de caixas retornáveis – Quatro vezes mais resistentes que as caixas de papelão – ainda muito utilizadas no transporte de FLV -, as caixas dobráveis são feitas de plástico 100% virgem e reciclável. Por serem leves, mas, ao mesmo tempo, firmes, facilitam o manuseio, carga e descarga dos produtos, garantindo que os itens cheguem frescos e intactos até o seu destino. As caixas plásticas também não absorvem umidade como as de madeira ou papelão.
Em suma, segundo a HB, estes são os principais benefícios proporcionados pela substituição de embalagens descartáveis por caixas reutilizáveis:
- Economia Circular: as caixas reutilizáveis são projetadas para uso contínuo na cadeia de abastecimento, minimizando a necessidade de materiais descartáveis. Ao final de sua vida útil, são recicladas para criar novos ativos, fechando o ciclo e evitando o desperdício.
- Redução de Desperdício de Alimentos:segundo um estudo feito pela HB, quando comparadas com outras embalagens, como papelão, as caixas plásticas garantem até 96% menos danos nos produtos durante o transporte. Além disso, foi constatado que reduzem em 35% o desperdício no transporte devido à ventilação adequada para o conteúdo, permitindo um melhor “respiro” dos alimentos.
- Menos manuseio e possíveis danos no PDV: os produtos já chegam ao ponto de venda prontos para exposição, não exigindo a necessidade de tombamentos de uma caixa para outra. Isso tudo diminui as chances de danos no manuseio dos alimentos.
A HB está presente em nove Estados e opera em 30 centros de distribuição de varejistas e 14 centros de abastecimento de produtores.