Em beagles machos adultos, por exemplo, a dieta enriquecida com oligofrutoses diminuiu as concentrações de amônia fecal e Clostridium perfringens, enquanto os aeróbios totais aumentaram, melhorando assim a saúde geral do cão (Flickinger et al., 2003). Frutooligosacarídeos (FOS), foram utilizados sozinhos ou em combinação com mananoligosacarídeos (MOS) em cães alimentados com uma dieta à base de carne (Swanson et al., 2002). Os cães apresentaram maior concentração ileal de imunoglobulina A, ao passo que apresentaram menores concentrações fecais de indol e fenol totais, se comparados aos tratamentos controle.
Outro estudo testou uma dieta de manutenção de 6 meses sobre marcadores de estresse oxidativo em 12 cães adultos (Pasquini et al., 2013) contendo:
- FOS;
- Milho;
- Farinha de peixe;
- Proteína processada de frango;
- Gordura de aves;
- Polpa de beterraba;
- Levedura;
- Óleo de peixe;
- Minerais;
- Levedura seca (Bio mananoligossacarídeos);
- Yucca schidigera;
- Vitamina A, D3 e E;
- Cloreto de colina;
- Quelato de cobre de aminoácidos hidratados DL-metionina, taurina, L-carnitina e tocoferóis
- Grifola frondosa, Curcuma longa, Carica papaya, Punica granatum, Aloe vera, Polygonum L., Haematococcus pluvialis , Solanum licopersicum e Vitis vinifera.
Estes cães apresentaram desequilíbrio oxidativo na forma de aumento de derivados de metabólitos reativos de oxigênio (d-ROMs) e redução do potencial antioxidante biológico (BAP – um teste espectrofotométrico que avalia o potencial antioxidante do plasma sanguíneo medindo sua capacidade de redução férrica) e retinol. Aos 6 meses, foi observada uma redução significativa nos d-ROMs, principalmente hidroperóxidos e plaquetas, bem como um aumento tanto no retinol quanto no BAP, sugerindo um equilíbrio oxidativo restaurado. Esta evidência apoia a ideia de que uma dieta adequada pode ser crucial para alcançar um bom equilíbrio oxidativo em cães. Por outro lado, o desequilíbrio oxidativo pode ocorrer após o consumo de uma refeição de alto índice glicêmico (Adolphe et al., 2012).
Comparados aos cães, os gatos são animais carnívoros com necessidades nutricionais diferentes (Legrand-Defretin, 1994). Em um ensaio clínico aleatório, duplo-cego e controlado, envolvendo 55 gatos com diarreia crônica, a eficácia de uma dieta com alto ou baixo teor de gordura altamente digerível (flocos de soja, isolado de proteína de soja, peru e farinha de coprodutos de peru, amido de milho, farelo de aveia, fibra de aveia, sebo bovino, vitaminas e minerais) foi avaliada através da avaliação do escore fecal (FSa). Mesmo sob seleção artificial (domesticação), onde os seres humanos determinam em grande parte a dieta do animal, estudos sugerem que quando dada a escolha de alimentos com perfis nutricionais diferentes, os gatos consomem quantidades diferentes de alimentos diferentes para equilibrar sua ingestão de nutrientes.
Isto foi demonstrado por Hewson-Hughes e co-autores (Hewson-Hughes et al., 2013), alimentando-se 45 gatos com 2 dietas comerciais diferentes, dietas úmidas e dietas secas, e em diferentes combinações (1 úmida + 3 secas; 1 seca + 3 úmidas; 3 úmidas + 3 secas). As dietas foram ofertadas simultaneamente e separadas por uma fase em que as dietas eram oferecidas sequencialmente em ciclos de 3 dias. Este estudo mostra uma convergência sobre a mesma composição de macronutrientes dietéticos dentro de cada experiência, assim como ao longo dos ciclos de 3 dias. Além disso, apesar das diferenças nas opções dietéticas, a composição de macronutrientes das dietas foi bastante semelhante em todas as experiências.
Devido a uma redução no número de familiares nos países industrializados, o papel de animais de estimação, como cães e gatos, como “membros da família” ganhou importância crescente (Shepherd, 2008), e sua saúde e bem-estar tornaram-se um desafio importante para seus proprietários (Buchanan et al., 2011). De fato, os pets, mais comumente cães e gatos, proporcionam um impacto positivo na saúde emocional (Allen et al., 1991, Serpell, 1991) e física (Friedmann e Thomas, 1995, Headey, 1999).
Devido à dificuldade de compreender os rótulos dos alimentos para animais de estimação, a educação dos consumidores torna-se uma questão chave para a comercialização de alimentos funcionais. Além disso, a pesquisa sobre os alimentos para animais de estimação ainda é escassa. A precisão das informações nos rótulos dos alimentos ajuda os consumidores a selecionar produtos que satisfazem seu desejo de promover o cuidado e a melhora da saúde de seus animais de estimação.
O sucesso máximo dos alimentos funcionais para animais de estimação dependerá da entrega de componentes bioativos de forma previsível, segura e funcional para reduzir efetivamente o risco de doenças e sustentar o corpo do animal de companhia. As futuras pesquisas nutricionais básicas e aplicadas deverão explorar ainda mais o papel e o mecanismo dos alimentos funcionais em cães e gatos.
Texto original:Functional foods in pet nutrition: Focus on dogs and cats