12 de agosto de 2020

Vacinação de bezerras exige agulha protegida

A ocorrência de mais um lamentável acidente com médico veterinário durante a vacinação contra brucelose de bezerras da raça Nelore é um alerta para que as autoridades tomem providências no sentido de diminuir esse tipo de episódio. Como é quase sempre o caso, a inoculação acidental se deu na mão esquerda do operador – aqui cabe ressaltar que a maioria das pistolas de vacinação no Brasil possui agulha fixa, o que, no caso do gado Nelore, bravio, aumenta bastante a chance desse tipo de lesão.

As chances de acidente são maiores quando se puxa o couro da rês para fazer a injeção subcutânea. O aumento desse tipo de problema evidencia a necessidade de aprimorar a segurança do procedimento, o que implica, necessariamente, no uso de equipamentos mais modernos e que protejam os médicos veterinários credenciados para executar essa tarefa. É imprescindível que o Ministério da Agricultura e Abastecimento torne obrigatória a utilização de equipamentos com agulha protegida. Neste sentido, vale apontar que esses equipamentos já estão disponíveis no mercado brasileiro (SIMCRO/DATAMARS, Nova Zelândia – Renato Ract Rocha, Médico Veterinário e Gerente de Negócios para a América Latina). Eles são leves, resistentes e contam com agulha protegida para não ferir o vacinador, com garras que garantem a aplicação correta da vacina no espaço subcutâneo.

O produto, assim, evita a formação de abscessos e, no caso de animais mais erados, as consequentes lesões de carcaça futuras que causam prejuízo aos criadores. O operador não precisa enfiar o braço esquerdo no brete – além disso, dispõe ainda de um adaptador que acopla o frasco da vacina à seringa, evitando a contaminação do medicamento. E, quando se usa o dispositivo de fluxo contínuo, é possível injetar quantidades maiores de outros remédios sem ter que perfurar várias vezes o frasco, como acontece com os vermífugos. Assim, na medida em que o Estado reduz seus custos operacionais – delegando funções que sempre foram suas – assume, consequentemente, responsabilidades técnicas e sociais com todos os profissionais liberais que se tornaram seus parceiros. Só eles estão autorizados a comprar e manipular a vacina B-19 contra brucelose bovina.

A defesa dessa responsabilização técnica e social do Estado é algo que o conselho profissional que regulamenta e fiscaliza a Medicina Veterinária – Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) – deve apoiar ativamente, uma vez que se trata da defesa da integridade física e funcional de seus inscritos. Uma observação final importante é que o sistema de saúde nacional lida muito pouco com brucelose humana, razão pela qual os colegas do interior podem obter informações sobre assistência médica especializada com o Instituto Biológico e o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo (SP).

Ricardo Vales Domingues e Deomar Carvalho Júnior são médicos veterinários autônomos em Araçatuba (SP).

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