Pitaya é saúde para o consumidor e renda para o produtor

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Jose_Otavio_Menten

A pitaya é uma fruta não muito conhecida no Brasil e no mundo. É um cacto, semelhante ao figo-da-índia, sendo também conhecida como “fruta do dragão” – (“dragon fruit”). Tem o aspecto bastante atraente, sabor delicado e características nutricionais e medicinais que vêm agradando os consumidores no Brasil e no mundo. Com o aprimoramento da qualidade das frutas, decorrente da incorporação de tecnologia, vem ocorrendo grande estímulo à produção e consumo. As pitaias são ricas em antioxidantes, que neutralizam radicais livres, combatendo os estresses. Apresentam baixa caloria, são refrescantes e muito saborosas. É uma fruta não-climatérica, ou seja, não amadurece após a colheita. Existem frutas de casca amarela e polpa branca e de casca vermelha e polpa branca ou vermelha.

É uma planta originária das Américas, melhorada em diversos países asiáticos e cultivada comercialmente em todo o mundo, em especial na Ásia (Vietnã, Filipinas, Índia, Tailândia, Indonésia, Malásia, China, Japão, Coreia do Sul, etc), Estados Unidos, Israel, México, etc. Também foi, e ainda é utilizada como planta ornamental, pela beleza das flores brancas ou vermelhas produzidas. No Brasil, as pitaias vêm sendo cultivadas e estudadas desde 1990. A partir de 2010 houve grande expansão dos plantios. A pesquisa se intensificou, havendo aumento no número de artigos técnicos e científicos publicados em todo o mundo. Em 2022, foram cerca de 270 trabalhos publicados.

As pitaias são cultivadas em todo o Brasil. Os principais polos de produção são o Oeste Paulista, a região de Tomé-Açu, no Pará, e a região Sul, em especial Santa Catarina. Existem centenas de variedades cultivadas no Brasil, pertencentes a diferentes gêneros e espécies, com diferentes características e comportamentos. Algumas cultivares já estão registradas. Embora não existam dados oficiais, membros da Diretoria da APPIBRAS (Associação dos Produtores de Pitaias do Brasil) dispõem de algumas informações sobre o cultivo das pitaias no Brasil. Estima-se que a área cultivada seja de 6.000 hectares, produzindo 60.000 toneladas por ano, com rendimento de 10 toneladas por hectare. Plantas jovens, com menos de 3 anos, apresentam baixo rendimento. O mercado interno consome 95% da produção, sendo 5% exportado. O maior consumo é de frutas in natura (80%); cerca de 20% são processadas, para a produção de polpa congelada, geleias, sorvetes, sucos, cosméticos, etc.

Os tipos mais cultivados são de polpa vermelha ou roxa (85%); 15% são frutas de polpa branca (principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Como não se dispõe de estatísticas mais precisas, calcula-se que sejam cerca de 2.000 produtores, prevalecendo os pequenos, com área cultivada de 0,5 a 5 ha; existem cerca de 100 produtores com área entre 5 e 15 ha, 70 com 15 a 25 ha, e 10 com área superior a 25 ha. No Sul, prevalecem pequenas propriedades e, no Norte, maiores. Considerando a necessidade de um trabalhador para cada hectare cultivado, estima-se que sejam 5 a 6 mil empregos diretos e 5 a 6 mil indiretos.

A cadeia de produção de pitaias vem se organizando e profissionalizando a partir de 2010, com crescimento de 5 a 10% por ano. As novas áreas vêm utilizando mudas de boa qualidade, plantios em espaldeira, adensamento (6.000 plantas / ha), com bons tratos culturais, podendo alcançar até 50 – 80 toneladas em hectare. Entretanto, existem grandes desafios, como a falta de pesticidas registrados e o manejo eficiente de pragas como o cancro, causado por Neoscytalidium dimidiatum e a abelha arapuá, Trigona spinipes. A expectativa do setor é que as pitaias sigam a mesma trajetória do açaí, se constituindo em uma das principais frutas produzidas no Brasil.

É fundamental que o agronegócio valorize mais a produção de frutas e hortaliças no Brasil. Em geral, é dado grande destaque aos grãos, café, cana, celulose, carnes etc. Mas as frutas também são importantes. O Brasil é o 3º maior produtor mundial de frutas, ocupando 2,6 milhões de hectares, produzindo 41 milhões de toneladas (4,5% da produção mundial), gerando PIB de US$ 11 bilhões, sendo o único grande produtor localizado no hemisfério sul e gerando 6 milhões de empregos. Tem grande importância socioeconômica. A maior parte da produção, 95%, é consumida internamente. Há necessidade de ampliar as exportações. As pitaias acompanham este mercado, que exige aprimoramento nas políticas públicas, com mais pesquisa, transferência de tecnologia, certificação, rastreabilidade e sustentabilidade.

Conhecimento é fundamental! Há necessidade de superar diversos gargalos e se consolidar no mercado interno e nas exportações.

José Otavio Menten é Agrõnomo, Presidente do CCAS e Pesquisador da PlantCare.

 

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