Percevejos: Os problemas e as soluções

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Nas regiões produtoras de soja ocorre um complexo de espécies de percevejos, sendo que Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Nezara viridula são os mais importantes. A predominância de uma dessas espécies varia em função do local, do clima e do estágio de desenvolvimento da plantação. A extensão dos danos também depende do estágio de desenvolvimento durante o período de infestação, que começam já na fase vegetativa.

Durante a safra, podem ocorrer até três gerações. Após a colheita da soja, a praga busca talhões mais tardios ou abrigos, onde se alimenta destas e de outras plantas hospedeiras. Ela completa a quarta geração e entra em dormência (diapausa) na palhada da cultura anterior ou nas proximidades, onde se protege da ação de parasitóides e predadores.

Danos causados pelos percevejos:

Como outros percevejos fitófagos, E. heros é o maior responsável por reduções no rendimento e na qualidade das sementes, por danos causados pelas picadas, bem como pela inoculação de patógenos, como fungo Nematospora corylii. Os grãos atacados ficam menores, enrugados, chochos e tornam-se mais escuros. A má formação das vagens e dos grãos provoca a retenção foliar nas plantas de soja, que não amadurecem na época da colheita. Por isso, os percevejos representam risco à produtividade.

Os percevejos sugam a seiva nos ramos, hastes ou vagens; injetam toxinas e/ou inoculam fungos que provocam manchas nos grãos. Quando sugam ramos, causam a “retenção foliar” (em que não há maturação fisiológica das folhas e/ou hastes, enquanto as vagens maturam). As plantas com retenção foliar apresentam folhas e hastes verdes em intensidades variáveis e um grande número de vagens com o grão chocho; que, dependendo da intensidade do ataque, resulta em vagens chochas.

Quando o ataque dos percevejos ocorre nas vagens, as perdas podem atingir valores superiores a 30%. Quando atacam vagens em formação, podem causar o surgimento de vagens chochas, secas e/ou sem formação de grãos. Se o ataque ocorrer nas vagens em fase de granação, podem aparecer deformações, murchamentos, e manchas nos grãos. Neste caso, eles perdem valor de comercialização, por terem menor teor de óleo. As perdas no poder germinativo das sementes podem ultrapassar 50%, além da queda no vigor. Quando o ataque dos percevejos se dá nos grãos, ocorre perda na qualidade deles e das sementes pela inoculação do fungo Nematospora corylii, que causa a “mancha-de-levedura”, também conhecida como “mancha-de-fermento”.

O efeito da alimentação por sugadores de sementes – quer seja econômico (redução da produtividade) ou ecológico (redução da aptidão da planta) – resulta em morte dos embriões e enfraquecimento das sementes, diminuindo sua viabilidade, germinação e vigor. Ocorrem, ainda, reduções no número de sementes produzidas, alteração na composição química e introdução de patógenos. Em suma, os percevejos causam danos à soja pela redução da produtividade por efeitos nas vagens e/ou grãos, pelas reduções do poder germinativo e vigor das sementes, pelas reduções nos teores de proteínas e óleos dos grãos, além da inoculação de patógenos nas sementes.

Controle:

A implementação de até três pulverizações de inseticidas nas bordaduras (150m a 200m de largura, durante a fase vegetativa) é útil para controlar os percevejos migrantes, especialmente em cultivares tardias, antes que eles estabeleçam gerações capazes de causar danos maiores. Trata-se de uma técnica seletiva aos inimigos naturais, já que a área é pulverizada parcialmente. A pulverização de bordaduras é eficiente se o ataque da praga ainda não está generalizado, o que pode ser diagnosticado nas amostragens.

É importante também realizar o controle entre fases R2 e R5.1, se a praga estiver em altos níveis populacionais. Esta é uma prática eficaz para prevenir danos econômicos e surtos de percevejos no final da safra. Os surtos levam os produtores a fazer aplicações sucessivas para controlar a praga, chegando a três ou quatro delas, mesmo assim tendo danos. Outro aspecto a considerar é a diminuição das populações no final de safra, quando atingem o pico populacional e migram para outras áreas ou servem de sobreviventes na região, tornando-a muito infestada. As aplicações de final de safra devem ser baseadas em amostragens, levando em conta as restrições do intervalo de segurança (carência) do agroquímico utilizado.

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