“Uber, a maior companhia de taxi do mundo, não possuí veículos.
Facebook, a mais popular rede social, não cria conteúdo.
AirBnB, a maior rede de hospedagem, não é dona de nenhum imóvel.
Alibaba, a maior rede varejista do planeta, não possuí estoque.”
O mantra acima é frequentemente entoado pelos entusiastas da “economia compartilhada”. E celebra o nascimento de um novo modelo econômico, onde dividir é multiplicar.
Os participantes dessa nova onda – e aqui referimos as companhias – possuem alguns traços em comum: i) são tão melhores quanto maior for sua comunidade; ii) confiam seu funcionamento quase que cegamente em um algoritmo; e iii) são ricas em propósito e pobres em ativos, vide mantra.
O surgimento da economia compartilhada só foi possível com a popularização da internet e barateamento de processadores e outros aparatos tecnológicos que permitiram às ideias ganharem forma. Sendo mais prático do que preciso – e homenageando quem “put a dent in the universe” -, nasceu em 29/junho/2007, quando Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone.
O que é um fenômeno recente para o homem é desenvolvido há milhões de anos pela Mãe Natureza. Especificamente, há 50 milhões de anos para a principal das companhias, a qual comumente chamamos de abelhas.
A comparação me veio à tona depois que o EPA (Agência de Proteção Ambiental, dos EUA) divulgou relatório recente admitindo que os inseticidas mais empregados em grandes culturas, os neonicotinóides, são prejudiciais às abelhas.
Que inseticidas matam insetos é óbvio. O que o relatório apontou é que eles são responsáveis pela redução na polinização e produção de mel, ao colocar em risco também a saúde das abelhas. O contra-argumento da indústria é que em dosagens e aplicação recomendadas os químicos não geram desordem do colapso de colônias – o apocalipse das abelhas.
Independente de quem tenha mais razão (ou pesquisas), estamos mal aproveitando um dos maiores cases de sucesso de economia compartilhada da história.
Existem mais de 20.000 espécies de abelhas no mundo, as quais respondem pela polinização de 1/3 dos alimentos que consumimos. Reduzir o número desses indivíduos é produzir uma trágica ironia.
Toda abelha precisa comer. A proteína que precisam para sua dieta provém do pólen e o carboidrato do néctar. A medida que movem-se de flor em flor, acabam polinizando-as, produzindo o nosso alimento. Cada colônia poliniza uma área de 4.000 metros quadrados.
Pois bem… Por que não compartilhar a economia com essa numerosa comunidade, detentora de um algoritmo desenvolvido e melhorado por 50 milhões de anos, ao invés de subjugá-la?
Uma empresa canadense está há 19 anos respondendo essa pergunta. A Bee Vectoring Technology utiliza desse valioso serviço de polinização para aplicarprodutos nas plantas. Quando as abelhas saem da colmeia caminham por uma bandeja-labirinto onde aderem-se a um “pó”, que contém promotores de crescimento, patogênicos e biopesticidas.
Trata-se de uma relação similar ao Waze. Milhões de abelhas trabalham transportando o produto gratuitamente, do mesmo jeito que avisamos sobre radares e acidentes, e se beneficiam, pois o produtor tem um incentivo para mantê-las o mais saudável possível.
A destruição criativa é essencial para manter as criaturas vivas.
Fonte: fmkagro