19 de abril de 2020

O impacto da Covid-19 na proteína animal

O agronegócio brasileiro tem um importante papel a cumprir no novo cenário mundial: ajudar a alimentar o mundo, seja na produção de grãos ou de proteína animal. O impacto da Covid-19, ou coronavírus, representa uma nova reorganização da sanidade humana e animal em um momento de fragilidade que se espalhou pelo mundo em uma velocidade extraordinária. 2020 caminhava para ser um ano incrível para o mercado de carnes, em virtude da China ainda não ter resolvido totalmente o problema de desabastecimento causado pela Peste Suína Africana  (PSA). Agora, o cenário é completamente incerto. As reais consequências da Covid-19 estão sendo conhecidas apenas no dia a dia, na medida em que a crise vai evoluindo. Para quem está dentro da granja, não havia como se planejar para uma situação como essa, principalmente depois de um primeiro trimestre excelente, com crescimento de 33% nas exportações de carne suína, 9% de carne de frango e 5% de carne bovina. Mas, o coronavírus saiu da Ásia e chegou até nós.

A Covid-19 atinge o Brasil em seu momento de produção máxima em todos os setores de proteína animal, pois havia grandes expectativas de exportações e melhora da demanda interna. Com os primeiros sintomas da enfermidade desde o início do confinamento, o desemprego entre os informais aumenta e, por fim, chega ao setor agrícola. Se o consumidor não tem renda, ele passa a selecionar o que consome e, no agronegócio, o reflexo é confirmado no aumento da demanda por carne de frango e ovos. Percebemos que as cadeias começaram a sentir os impactos a partir da semana do dia 30 de março, com o início da retenção. Houve queda na venda de carnes na casa de 30% e o frango chegou a R$ 2,90 no mercado. A carne bovina começou a apresentar represamento nos cortes nobres e a suinocultura também, tanto nos produtores quanto nos frigoríficos.

A mudança começa a beneficiar as proteínas mais baratas e a cadeia avícola tem vantagem nesse cenário. No entanto, ela precisa se manter atenta, já que, com o aumento da velocidade e necessidade dos mercados, poderá ocorrer um sufocamento na cadeia de frango, que corre o risco de sofrer um oversupply. Essa é uma oportunidade para os suinocultores e avicultores, que, ao exportar, trazem uma receita importante que não virá internamente. O brasileiro tem por essência uma grandeza única, afinal, somos os maiores produtores de alimentos do mundo. O nosso produtor não abandona sua missão de alimentar o Brasil e o mundo. Acredito nisso, pois participo dessa cadeia há 48 anos e sei da fibra e do valor dos nossos produtores rurais.

Luciano Roppa é CEO da YesSinergy.

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