28 de julho de 2022

O futuro dos alimentos sustentáveis exige abordagens pragmáticas

O Brasil é campeão em exportação de soja, milho, café, açúcar, carnes bovinas e carnes de frango. O destino desses alimentos, além do mercado local, é a exportação para mais de 150 nações. Entretanto, esse lugar de destaque no comércio internacional também impõe desafios. Diante da necessidade global de alimentar uma população crescente, há pressão para que a agricultura brasileira produza ainda mais. Mas como fazer isso sem aumentar a área plantada? 

A resposta é produtividade. Porém, implementar essa solução não é apenas uma questão de querer. Isso porque hoje, até 40% da produção agrícola do mundo é perdida todos os anos pelo ataque de pragas. Além disso, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, as colheitas devem ter redução entre 10% e 25%. É por isso que agricultores se voltam para a tecnologia, buscando permanecer plantando e colhendo alimentos. 

Nesse sentido, é fundamental o debate em torno de uma ferramenta sem a qual seria impossível produzir na quantidade e qualidade necessárias: os pesticidas. Em ambientes tropicais, como é o caso do Brasil, pragas e doenças atacam as culturas com mais frequência e voracidade. A adoção de produtos fitossanitários é uma condição para a viabilidade da atividade. Mas falar de pesticidas nunca é uma tarefa fácil. Quem se propõe a isso se vê diante de um debate polarizado entre críticos contumazes e defensores ferrenhos. 

Para fugir desse impasse, a alternativa é a recorrer às evidências. Uma delas é a histórica. Por exemplo, há registros que os sumérios, há aproximadamente 5 mil anos, já usavam enxofre bruto para proteger suas colheitas. Na época medieval, o uso de arsênico e chumbo também era comum. Já por volta dos anos 1960, em um momento que ficou conhecido como Revolução Verde, o aumento do uso de fertilizantes e pesticidas permitiu o incremento na produtividade agrícola global. Portanto, os produtos fitossanitários acompanham o avanço da humanidade há milênios. 

Outra evidência que ajuda a jogar luz nessa discussão é a científica. Hoje, apenas para ilustrar, mais de 150 estudos diferentes são realizados para registrar um novo ingrediente ativo. A indústria agrícola engaja seus cientistas mais brilhantes na busca por soluções que tornem a atividade mais resiliente, segura e sustentável. No Brasil, a regulamentação compreende um processo técnico minucioso conduzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Assim, é preciso um olhar objetivo e uma análise profunda para realmente contribuir com o debate sobre o uso de produtos fitossanitários. Os dados mostram que o setor de defesa vegetal trabalha em formulações cada vez mais específicas e na investigação de produtos mais eficientes. Além disso, indicam o investimento em programas de boas práticas e em consórcios de tecnologias integradas que entregam segurança, qualidade e sustentabilidade. Tudo isso revela o compromisso em fazer parte da solução para os desafios de ontem, de hoje e do futuro.

Christian Lohbauer é presidente executivo da CropLife Brasil.

Sobre a CropLife Brasil
A CropLife Brasil (CLB) é uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos. Criada em 2019, a organização é resultado da união de entidades que antes representavam cada um destes setores individualmente. Com a adoção do novo posicionamento, representado pelo slogan, #ConectadosPeloCampo e #JuntosPeloFuturo, a CLB reforça seu compromisso como geradora de soluções para os desafios complexos que envolvem os sistemas alimentares e a agricultura em todo o mundo e ressalta a importância de um esforço conjunto para a construção de um futuro mais sustentável.

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