Delair Bolis é presidente na MSD Saúde Animal.
Outro dia cheguei em casa e minha filha de 14 anos me questionou sobre o consumo de carne. Ela disse que a professora havia se manifestado em defesa dos animais. Achei bem interessante o questionamento e fiquei reflexivo sobre como nós, que estamos diretamente ligados ao mercado de saúde animal, podemos nos posicionar diante dessa crescente preocupação. Concluí que nossa principal atuação deve se centrar na promoção de conhecimento e informações corretas sobre o sistema de produção de proteína animal e sua importância para o mercado mundial.
Mas essa situação também me fez pensar sobre como a divergência de pensamentos nos tira da zona de conforto e nos faz refletir sobre nossos pontos de vista. Nasci e cresci em uma pequena propriedade rural, brincando e trabalhando com animais. Com exatos 46 hectares de terra, meu pai e minha mãe geraram recursos para permitir que seus 4 filhos, concluíssem o ensino superior. Eles me ensinaram grande parte do que sei. Enquanto eu brincava com os animais, eles produziam os cereais, o leite e a carne que alimentavam a nossa família e nossa economia familiar. Portanto, na linha do tempo da minha vida, os animais sempre estiveram naturalmente presentes, assim como os processos de produção de proteína. E quando decidi escolher por uma graduação, não poderia ser diferente: minha paixão pelos animais me levou para a medicina veterinária.
Na graduação, percebi que a área era muito mais ampla do que eu imaginava: o avanço vindo por meio da evolução da ciência, que inclui o desenvolvimento da genética e de soluções preventivas, reflete não só em maior desempenho da produção, como também em bem-estar animal. E, como é sabido, ao longo dos últimos anos tais recursos cresceram e permitiram um avanço expressivo para o sistema de produção, que hoje tem animais muito mais saudáveis e com melhor desempenho.
Ao longo dos últimos anos venho observando que a vontade de fazer um mundo melhor, mais sustentável – por meio do trabalho, da criação dos nossos filhos ou da construção dos legados que queremos deixar – exige, antes de tudo, fomentar relacionamentos, dialogar, sendo sempre mais interessados do que interessantes, e, principalmente, buscar o aprendizado constante como parte de nossa busca pela excelência. Parto do princípio que as pessoas são a base de tudo e, por isso, precisamos construir mais pontes e menos barreiras, a fim de compreender outras visões de mundo e, dessa forma, imprimirmos mais valor no que fazemos.
E é por isso que há um tempo me vejo envolvido em conversas sobre um tema muito em pauta: o consumo de proteína animal. Esse assunto costuma trazer algumas outras questões, como a distribuição e o aumento da demanda de alimentos no mundo e o preparo do Brasil para atender a esses desafios.
Somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, alimentadas por 1,4 bilhões de pessoas que produzem alimentos e 1,9 bilhões jovens demais para trabalhar (0 – 15 anos). Seremos quase 10 bilhões em 2050, sendo mais de 20% com mais de 60 anos e com alta tendência de um aumento ainda mais expressivo da população urbana. Em resumo, vamos precisar de um aumento de 40% na produção de alimentos para atender os mais diversos tipos de consumidores que buscam uma fonte de proteína com qualidade e acessibilidade. A verdade e que o consumidor está cada vez mais preparado, questionador e valorizando muito mais o porquê e como o alimento está sendo produzido, do que o que ele está comprando.
Então, considerando a importância de trabalharmos com a diversidade de ideias, decidi levantar uma bandeira: a bandeira do diálogo. De uma forma muito sincera, pessoal e aberta para compreender todos os tipos de pensamentos. Afinal, levantar posições inflexíveis faz parte de um passado não mais aderente com os tempos de hoje.
Estamos evoluindo a passos largos para o avanço da cadeia de produção animal. A inovação e a tecnologia são a chave para que o setor siga atendendo às demandas do consumidor, cada vez mais atento à forma como os animais são tratados e ao impacto da sua produção.
Sendo assim, acredito que a opinião da professora da minha filha precisa ser respeitada e compreendida. Cabe a nós não avaliarmos o movimento como uma competição – já que há espaço para todos no mercado -, mas como uma mudança de mindset que nos impulsionará a investir ainda mais em inovação para melhorar a saúde dos animais e, consequentemente, imprimir mais qualidade à cadeia, que hoje tem extrema importância para a produção de alimentos em todo o mundo e para a economia do país.
Penso que todo e qualquer crescimento acontece quando saímos da nossa zona de conforto e nos abrimos para ver e entender o mundo por outra óptica. Portanto, promova o diálogo, ouça outros pontos de vista e construa pontes. Só assim conseguiremos de fato evoluir. E quando alguém lhe perguntar como está o Brasil? Pode responder: o Brasil está preparado! Conte conosco!
Fonte: Assessoria de Imprensa