A preocupação do governo está nos gastos que eram inflexíveis e com o arcabouço fiscal pode se tornar mais flexível. No Brasil, historicamente, os gastos podem ser o fundamento para desenvolvimento econômico. Quando há um governo com despesas maiores do que as receitas e que não consegue definir a qualidade desse gasto, o país pode ser mal avaliado. A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que cria o arcabouço, mas ainda falta uma análise do Senado Federal, o que pode impactar nos planos de governo.
O arcabouço inclui os gastos em cima da arrecadação de receitas que são compostos por produtos, venda de imóveis, participação nos lucros da Petrobras, patentes, entre outros. Ou seja, se a receita do governo aumentar em 10% em um ano e a inflação for de 6%, o crescimento será de 4%. O projeto permite que o governo gaste até 70% e que a despesa pode aumentar em 2,8%. Se a arrecadação crescer, as despesas também podem seguir o mesmo caminho. O mercado reagiu de maneira positiva, pois não esperava uma resposta do governo sobre o controle das contas.
Com gastos bem administrados e menores, a alta da inflação e dos juros pode ser reduzida. No agronegócio, na produção de carnes e grãos, os preços caíram e como esses itens têm um peso razoável no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), eles projetaram uma redução no valor dos produtos e serviços. O arcabouço fiscal também pode estabilizar o preço do dólar. Os investimentos no Brasil ocorrem devido ao custo dos juros que estão em 13,75% ao ano, o que aumenta a remuneração dos clientes do mercado nacional. Se a taxa de juros diminuir, haverá um efeito na perda de rendimentos e do custo do dólar que, neste ano, pode ficar entre R＄ 5,10 e R＄ 5,20. Para o próximo ano, as pesquisas indicam o valor de R＄ 5,30.
Os impactos alcançam a população que, de maneira geral, está consumindo menos, pois os custos dos itens essenciais apresentam uma alta na cesta básica. Para este ano, é possível que a taxa Selic caia para 12,25%. Esse resultado pode interferir no valor da inflação e aquecer a economia. Isso não significa que o Brasil está bem, mas que está em uma posição melhor do que os outros países e ganha por W.O (vitória concedia mediante à impossibilidade do adversário). Esse cenário pode favorecer a entrada de investimentos em território nacional.
Rubens Moura é professor de ciências econômicas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio (FPMR).
Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio
A Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio é uma instituição de ensino confessional presbiteriana, filantrópica, que se dedica às ciências sociais. A instituição é comprometida com a formação de profissionais competentes e com a produção, disseminação e aplicação do conhecimento, inserida na sociedade para atender suas necessidades e anseios, e de acordo com princípios cristãos. O Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) é a entidade mantenedora e responsável pela gestão administrativa dos campi em três cidades do País: Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ). As Presbiterianas Mackenzie têm missão educadora, de cultura empreendedora e inovadora. Entre seus diferenciais estão os cursos de Medicina (Curitiba); Administração, Ciências Econômicas, Contábeis, Direito (Brasília e Rio); e Engenharia Civil (Brasília).
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