Nas últimas décadas o milho segundo safra, também conhecido como safrinha, vem obtendo grande destaque na agricultura brasileira. A cultura que a princípio era plantada para preencher um período ocioso do calendário agrícola, ganhou força e hoje seus números são incontestáveis.
Na atual safra, por exemplo, que nas principais regiões produtoras começou o plantio em janeiro, a expectativa é de que a colheita seja robusta. Segundo dados preliminares da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de que a colheita da safrinha alcance 65,19 milhões de toneladas, um crescimento de 21% em relação aos 53,89 milhões de 2017/18. A área plantada também tem avançado consideravelmente. Em pouco mais de 20 anos, saiu de 1,4 milhão de hectares para 11,80 milhões na safra 2018/2019.
Tais números comprovam a importância da segunda safra do milho dentro das estratégias econômicas das propriedades rurais. Somado a isso, em algumas regiões produtoras importantes como, por exemplo, o Estado de Mato Grosso, há um estímulo maior. Com o funcionamento de três usinas produzindo etanol de milho, houve aumento da demanda pelo grão e um incentivo aos agricultores locais.
Tecnologias – Certamente, o lançamento de cultivares de soja mais precoces possibilitou o plantio do milho safrinha entre os meses de janeiro e fevereiro. Simultaneamente, surgiram outras ferramentas que multiplicaram as oportunidades do grão segunda safra, como máquinas mais modernas, técnicas mais apuradas, e produtos que agregam produtividade às lavouras.
Grande parte dos produtores já realizam a adubação de base e o preparo de solo como manejo padrão, mas muitos ainda não acompanham de perto o desenvolvimento das plantas ao logo do ciclo. Nesse cenário, diversos fatores, incluindo o clima, podem comprometer o crescimento da planta, impactando diretamente na produtividade. Devido a esses fatores, surge a necessidade de adotar a prática da nutrição complementar via folha.
Momento certo de complementar – Dentre os elementos essenciais para a nutrição do milho, o Molibdênio é um micronutriente de grande destaque, já que auxilia no aproveitamento de nitrogênio pelas plantas, macronutriente mais exigido por grande parte das culturas de interesse agrícola, como o milho. A adubação molíbidica deve ser feita essencialmente no início do ciclo da cultura (momento de definição da produção potencial), até os estágios fenológicos V4 e V5, podendo também ser aplicado junto aos fungicidas, na fase que antecede o florescimento.
No metabolismo vegetal, o molibdênio é essencial para a produção do nitrogênio orgânico (-NH2) nas plantas, uma vez que faz parte da estrutura das molibdoenzimas nitrogenase, redutase do nitrato e oxidase do sulfeto, atuando como cofator enzimático de importantes reações bioquímicas em microrganismos e plantas, responsáveis pelo melhor aproveitamento da adubação nitrogenada de base e de cobertura em gramíneas, como o milho. Logo, o molibdênio interfere diretamente no crescimento e desenvolvimento das plantas e, consequentemente, no rendimento e na qualidade de grãos/sementes por meio do metabolismo do N mineral.
Outros elementos importantes para a cultura do milho, e que devem ser fornecidos através da nutrição complementar são Manganês, Zinco, Boro e Cobre. Todos esses nutrientes têm papel essencial no metabolismo primário da planta, responsável pelo crescimento e desenvolvimento vegetal. Dessa forma, o equilíbrio nutricional obtido pela junção da adubação de base e complementar, possibilita ao produtor explorar todo o potencial genético dos materiais utilizados.
Renê José dos Santos é Engenheiro Agrônomo e RTV da Ubyfol | Com colaboração de Valdecir Rodrigues da Silva, Engenheiro Agrônomo e RTV da Ubyfol, e Rodrigo Bertan, Engenheiro Agrônomo e RTV Ubyfol.