NBS, uma sigla para você colocar rápido no seu glossário

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Aline Locks_PC

ESG, ABC, ILPF. Há muitas siglas no universo da produção responsável e muitas delas se convergem e convivem. Há mais uma pronta para fazer parte do nosso cotidiano e é bom prestarmos atenção nela: NBS.
Como ESG (que resume, em inglês, as palavras Environmental, Social and Governance – ou, Ambiental, Social e Governança, no nosso bom português), é expressão importada que corresponde às chamadas Nature Based Solutions, ou, para nós, soluções baseadas na natureza. O conceito é amplo, mas de forma sintética, as NBS englobam uma série de produtos, serviços e práticas que se relacionam com a natureza de uma forma harmônica, gerando um impacto socioeconômico sem causar impacto ambiental.

Cabem nele desde novos produtos da chamada bioeconomia até alguns conceitos em voga na rotina agropecuária, como a agricultura regenerativa, a conversão de pastagens degradadas, produção em sistemas agroflorestais e até mesmo a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). De certa forma é uma nova embalagem para algumas ideias que já estavam, de certa forma, sobre a mesa, mas com alguma resistência para atrair compradores – ou, melhor dizendo, financiadores – às vezes até por terem sido apresentados antes que eles estivessem preparados para consumir. Reempacotados, turbinados e recolocados nas prateleiras no momento certo, muitas vezes ganham um novo valor, geram uma onda e viabilizam sua disseminação.

Entre os dias 21 e 23 de maio, em São Paulo, vários projetos de  NBS estarão na pauta das conversas entre cerca de 500 gestores de investimento, profissionais do mercado financeiro e de bancos, family offices, investidores institucionais, empreendedores e representantes do setor público reunidos na Brazil Climate Investment Week. O evento é organziado por duas instituições voltadas a promover investimentos climáticos, aproximando o mercado financeiro a propostas exequíveis com impacto positivo nessa área. Os organizadores, Marina Cançado, fundadora da Converge Capital Conference, e Tony Lent, cofundador da Capital for Climate, foram bastante otimistas sobre o potencial de “mobilização” reunir US$ 5 bilhões em compromissos com projetos NBS até 2025, antes da realização da COP 30 em Belém.

Melhor ainda, segundo ele, é o que viria depois. “O potencial é enorme”, disse na reportagem. “Achamos que a oportunidade total para esse tipo de investimento vai além dos US$ 100 bilhões”. Sua confiança vem da enorme disponibilidade de capitais carimbados para investimento em NBS que ele já mapeou no mercado financeiro global. “Já existem cerca de 20 instituições financeiras globais que têm equipes de investimentos dedicadas a NBS, com mais de US$ 500 bilhões sob gestão”, afirmou. E, na sua visão, o Brasil está em destaque no radar desses profissionais porque é o país com as melhores condições na combinação custo/benefício/risco/escalabilidade que esses megainvestidores buscam e precisam para destinar cheques generosos – de no mínimo US$ 20 milhões.

Seja qual for a sigla empregada, entretanto, é preciso entender que esses investimentos não são filantropia. Buscarão retorno e cobrarão resultados na aplicação dos projetos que bancarem, o que é justo.
Antes disso, porém, é preciso que entendam a natureza das atividades que pretendem financiar e das pessoas e comunidades envolvidas nelas. Tentar enquadrá-las em modelos importados pode representar uma potencial frustração, que fura a onda e afugenta o capital, como já vimos acontecer no passado, até que uma nova sigla, como uma nova embalagem, surja no horizonte.

Aline Locks é  CEO da Produzindo Certo.

 

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