Foodtechs lideram a busca pela densidade alimentar ideal

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Paulo-Moncores-CTO-da-Diferente

Você já percebeu que quando vai ao mercado acaba induzido a comprar sempre as mesmas coisas? Uma ida habitual a um estabelecimento se resume, muitas vezes, em repetir uma lista de compras familiar, apresentando pouquíssima variedade de produtos, especialmente quando falamos da alimentação. As pessoas tendem a adquirir os mesmos itens repetidamente, respeitando três principais características: a preferência gustativa, a confiança em determinada marca e o preço. No caso de produtos saudáveis, a falta de variedade tende a ser ainda mais significativa, tendo em vista a limitada gama de opções disponíveis, sobretudo dos produtos orgânicos.

Pois é exatamente este ciclo que grande parte das foodtechs estão tentando quebrar. A partir do uso da tecnologia, as empresas voltadas ao segmento alimentício estão revolucionando a forma como consumimos alimentos ao apropriar-se do conceito de densidade alimentar, que se relaciona à variedade de alimentos que consumimos no dia a dia. 

Visando abrir o paladar dos clientes, as empresas de tecnologia do setor utilizam, por exemplo, inteligências artificiais capazes de compreender as preferências dos consumidores e, simultaneamente, introduzir novos produtos em suas dietas. Nesse tipo de serviço, a ferramenta utiliza algumas poucas respostas iniciais básicas dos clientes para a criação de algoritmos complexos responsáveis por propor alimentos que podem compor a dieta do consumidor, incluindo produtos que, talvez, nunca fossem considerados, mas que se alinham com os gostos e preferências.

Expandindo horizontes alimentares com IA – Utilizando uma ampla base de dados, a tecnologia identifica ainda diferentes padrões de consumo e sugere produtos semelhantes que, inicialmente, não estariam na dieta do indivíduo. Isso significa que os clientes acabam descobrindo novas verduras, legumes, temperos e frutas que podem passar a integrar o seu cotidiano ganhando a chance de contar com a variedade na mesa. Além disso, também permite introduzir novos alimentos extremamente saborosos, principalmente para famílias que possuem crianças que ainda estão compreendendo os seus gostos alimentares. 

Indo mais além, as ferramentas desenvolvidas pelas foodtechs proporcionam ainda o acompanhamento da jornada alimentar dos clientes a longo prazo, permitindo que se avalie uma melhor densidade no decorrer dos períodos. Dessa forma, se torna possível ajustar continuamente a oferta para garantir uma alimentação rica e diversificada, evitando a chamada redundância alimentar. O cliente, por exemplo, que consumiu maiores doses de produtos adstringentes na primeira semana, na seguinte poderá receber produtos de teor mais adocicado, enquanto na terceira receberá uma alimentação mais leve e equilibrada, e assim por diante. 

Tal mecanismo facilita a criação de uma narrativa envolvente sobre a rotina alimentar, pavimentando o caminho para um cardápio mais diverso e verdadeiramente denso. Ou seja, a formatação acaba ainda instigando a pessoa a querer se alimentar bem, uma vez que cria uma frequente sensação de surpresa nas refeições. “Qual será minha dieta na semana? O que será que a Inteligência Artificial está montando? O que ela está identificando em mim? O que ela quer introduzir na minha alimentação nesta semana?”

No entanto, a contribuição da tecnologia vai além de simplesmente fornecer alimentos diversos. Hoje as foodtechs também desempenham um papel crucial na educação dos consumidores. Com acesso aos dados de consumo, as empresas já modulam tecnologias especiais destinadas a oferecer receitas adaptadas e dicas de armazenamento para maximizar a durabilidade dos produtos já previamente indicados. A partir de informações assertivas e direcionadas, as companhias ajudam os consumidores a aproveitar ao máximo os seus alimentos, promovendo um aproveitamento sustentável e educativo. 

Desafios e Perspectivas Futuras – Apesar dos avanços, a promoção da densidade alimentar ainda enfrenta desafios significativos. O maior deles é a mudança do hábito de consumo já enraizado nas pessoas. Até porque, há séculos – literalmente – a forma de fazer mercado se mantém a mesma. A resistência ao novo é um obstáculo substancial, mas as tecnologias emergentes e a educação continuada podem facilitar a transição, tornando-a mais suave e aceitável. 

A verdade é que acredito piamente que as foodtechs têm tudo para transformar a maneira com que consumimos os alimentos, tornando cada refeição mais saudável e nutritiva. Isso porque, em geral, essas empresas atuam de forma a entender e respeitar as preferências individuais, buscando criar maneiras de abrir portas para um novo mundo de possibilidades culinárias. Embora a caminhada esteja só no começo, as perspectivas são altamente favoráveis.

Paulo Monçores é CTO e cofundador da Diferente.

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