11 de outubro de 2020

Estratégias para otimizar a função reprodutiva de fêmeas bovinas

De maneira geral, o estresse pode ser classificado como “quaisquer situações que tirem o animal de sua zona de conforto” (ou homeostase; Moberg, 2000) e, os bovinos de corte são rotineiramente expostos a situações de manejo que resultam em estresse aos mesmos. Dentre essas situações, podemos dar destaque à desmama, transporte entre fazendas, transporte para o frigorífico, entrada no confinamento, restrição alimentar e hídrica que os animais passam durante esses manejos, assim como o próprio manejo dos animais. Nesse sentido, podemos especular que o manejo frequente do rebanho durante a IATF pode resultar em um estresse aos animais, sendo por conta de um novo ambiente (curral de manejo), colaboradores e barulhos durante esse procedimento. Por isso, é imprescindível a utilização de técnicas e tecnologias que resultem em um menor estresse do rebanho, visando otimizar a função reprodutiva do mesmo.

Além disso, é sabido que o estresse interage intimamente com o temperamento do rebanho. Em outras palavras, animais classificados como temperamentais geralmente são aqueles mais estressados durante procedimentos de manejo. Mas, antes de entrarmos a fundo nesse tópico, é importante classificarmos o que temperamento significa dentro dos sistemas produtivos de bovinos. O temperamento é classificado como a “resposta dos animais ao manuseio por humanos” (Fordyce et al., 1988). Em outras palavras, se qualquer manejo da atividade pecuária for feito de maneira racional e com uma boa interação humana x animal, os mesmos tenderão a responder de uma maneira menos reativa do que em situações de manejo com resultados opostos. Dados de pesquisa com animais Bos indicus e Bos taurus demonstram que animais mais temperamentais apresentam piora no ganho de peso diário e do ECC (Cooke et al., 2018), assim como menor peso vivo ao final do confinamento, aumento de pH e redução da qualidade de carcaça (Francisco et al., 2015).

Mais especificamente na função reprodutiva, Cooke et al. (2018) reportaram que novilhas Nelore classificadas como reativos apresentaram maiores concentrações de cortisol (hormônio do estresse) e, um consequente atraso no alcance à puberdade. Para vacas, o efeito do temperamento e estresse foram avaliados na função reprodutiva na EM e, também no desempenho de bezerros nascidos destas vacas. Em vacas Nelore, foi demonstrado que àquelas classificadas como reativas apresentaram uma taxa de prenhez à IATF 21,2% menor (42,8 vs. 35,3%; Cooke et al., 2011), enquanto que bezerros nascidos de vacas reativas apresentaram menor PV à desmama (- 6 kg) e menos kg de bezerros desmamados/vaca exposta na EM (- 16 kg). Esses resultados demonstram que os efeitos negativos do temperamento reativo e subsequente estresse não são somente no desempenho reprodutivo do rebanho, mas também na progênie (Cooke et al., 2017).

Nesse sentido em que a diminuição da reatividade e do estresse é importante para uma melhoria do sistema produtivo como um todo, a utilização da substância apaziguadora bovina (SAB; SecureCattle; Nutricorp) pode ser benéfica. A sua administração em momentos de estresse tem otimizado a saúde, reduzindo a reatividade durante procedimentos de manejo, ganho de peso e qualidade da carcaça (Cooke et al., 2019; Cappellozza et al., 2020; Schubach et al., 2020). A SAB pode ser aplicada no momento do manejo que resultará em algum estresse ao rebanho, tais como desmama e transporte para o frigorífico, demonstrando a praticidade da utilização dessa tecnologia nos diversos sistemas de produção de bovinos.

A EM representa um dos momentos mais críticos dentro do sistema de cria, pois irá determinar a quantia de animais disponíveis para a desmama no ano seguinte. Por isso, estratégias nutricionais e de manejo devem ser adotadas para otimizarmos os resultados reprodutivos durante a IATF e na EM como um todo. Mais especificamente na IATF, podemos planejar a suplementação estratégica com SCAG (Nutri Gordura®), visando o aumento de vacas prenhas à IATF, melhor ganho genético no rebanho, aumento do número de partos no início da estação de parição e, consequentemente, desmamando bezerros mais pesados. Além disso, devemos nos preocupar em minimizar o estresse dentro do manejo da IATF, já que esse fator pode levar a um maior sucesso ou insucesso dentro do segmento de cria.

Entretanto, para que essa otimização ocorra, é importante fazermos o básico de maneira correta. Ou seja, manutenção de um ECC ao parto e no início da EM que resulte nos resultados positivos anteriormente citados, já que fêmeas bovinas que passam por estresse nutricional não apresentará resultados reprodutivos satisfatórios, sem a ocorrência de milagres tecnológicos!

Bruno Cappellozza é Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Nutricorp.
Reinaldo Cooke é Professor Associado de Bovinocultura de Corte – Texas A&M University.

 

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