Comunicação interpessoal: escuta, telas, clareza e pré-julgamentos

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Já fez a lista de objetivos para 2025? Desenvolver a habilidade de comunicação pode até não entrar nela, mas qualquer tópico que envolva o relacionamento com outras pessoas exigirá essa soft skill. Entra ano, sai ano, ser compreendido como se espera ao falar continua sendo um dos principais desafios.

No mesmo momento em que a Oxford University Press escolhe “brain rot” como a palavra do ano de 2024, termo usado por jovens para descrever o desgaste mental causado pelo consumo excessivo de conteúdo online, alguns desafios se somam às já conhecidas complicações na comunicação (e conexão) humana.

Celular na mão: atenção fragmentada
Pessoas que estiverem dispostas a ouvir as outras genuinamente se diferenciarão no mercado de trabalho e nos ambientes de conexão; e o celular é o primeiro e principal vilão a ser combatido.  Um estudo publicado em 2019 na revista da Associação Mundial de Psiquiatria mostrou que só a proximidade de um telefone celular pode desviar parte da atenção e alterar a capacidade de engajamento profundo, mesmo que ele não esteja sendo usado ativamente. Por isso, deixar o equipamento na bolsa ou no bolso é o primeiro passo para quem deseja ouvir verdadeiramente quem estará à sua frente.

Escuta e segurança psicológica
De mãos dadas com a escuta livre de telas está o desafio de oferecer segurança psicológica para a pessoa ouvida. É fazer a pessoa ouvida se sentir segura para expressar suas ideias e opiniões, um fator que a cada ano terá mais peso na atração e retenção de talentos. Uma recomendação que vale principalmente para líderes: não ouvir para julgar.

Quando você ouve avaliando mentalmente se está certo ou errado, se a pessoa que fala é incompetente, imatura, ou se atribui a ela qualquer outro rótulo, você deixa de ouvir verdadeiramente e ainda comete o erro de classificar um profissional a partir das suas lentes pessoais e vieses.

Neste sentido, o melhor caminho para encarar esse desafio é tornar as conversas regulares, uma vez que são essas conversas que treinam o ato de escuta do líder e ainda o aproximam do liderado. Jamais fazer críticas a pessoas que não estão presentes e incentivar que os profissionais resolvam conflitos profissionais entre si também são boas práticas que fazem a diferença.

Claro para quem?
Além de compreender mais e julgar menos, qualificar líderes para uma comunicação falada e escrita eficaz continuará sendo um desafio das organizações no próximo ano. Em suma, pode parecer até óbvio ou redundante reforçar este ponto, mas os gestores precisam se certificar de que as ideias não ficaram claras apenas na cabeça deles.

Portanto, e-mails objetivos e revisados, a escolha adequada do canal para enviar informações considerando fatores como a familiaridade com o receptor e a complexidade das mensagens, são boas práticas que, se forem adotadas, tornarão a comunicação aliada e não uma inimiga das relações pessoais e profissionais no ano que está por vir.

E neste ponto, vale até mesmo utilizar o suporte das inteligências artificiais (IAs) para corrigir mensagens ou deixá-las mais atrativas e objetivas já nas primeiras linhas, facilitando a compreensão do que for transmitido.

Mas afinal, qual é o segredo para uma boa comunicação?
Com o risco de soar repetitiva (pois seguimos falando sobre os mesmos desafios ano após ano), finalizamos mais um ciclo e estamos prestes a iniciar outros doze meses buscando o “básico bem-feito” na comunicação. Nenhuma dica a ser dada nesse quesito vai “inventar a roda”, mas todas permanecem sendo extremamente úteis em qualquer situação.

Empregar atenção genuína, garantir a clareza em cada fala, ter empatia e cuidado em cada ação. Manter a resiliência nas conversas e focar em trocas verdadeiras, mais pautadas em ideias e menos em pessoas e egos. Embora simples na teoria, o caminho para conseguir se comunicar bem é, na prática, desafiador. Mas 2025 só será um ano construtor de mais pontes e menos muros se arregaçarmos as mangas diariamente e empregarmos o esforço necessário para usar a comunicação como habilidade para tornar as coisas melhores.

Giovana Pedroso é jornalista e especialista em comunicação.

 

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