A pecuária brasileira não para de evoluir. Desde a consolidação da base da nossa pecuária, com a chegada dos zebuínos da Índia, animais rústicos e resistentes, muito se transformou. Vieram as rações, as vacinas, os medicamentos, a prevenção. Agora, chegamos a uma nova era: da pecuária de precisão, que traz o monitoramento constante, o bem-estar animal, a eficiência e a alta produtividade.
Para trás ficou a pecuária sem dados, baseada apenas na intuição e na tradição. E o que já vinha seguindo uma evolução contínua, em poucos anos ganhou uma força ainda mais impactante. Transformou-se em um setor altamente tecnológico, que avança a passos largos e já não se parece em nada com o passado. Hoje, decisões são tomadas em tempo real, sustentadas por informação, inovação e ciência.
A identificação e o monitoramento animal ganham cada mais a atenção dos produtores, pois trazem benefícios que vão desde a sanidade e o manejo do rebanho até a rastreabilidade e a manutenção da credibilidade no mercado. Por meio de colares, bottons ou identificadores eletrônicos, esses sistemas são elementos cruciais para modernizar e profissionalizar a pecuária, agindo como uma ferramenta estratégica para o sucesso e a sustentabilidade da atividade.
Com a coleta de dados, geração de relatórios e devolutiva de insights, essas tecnologias oferecem as informações necessárias para um manejo mais eficiente e responsável, garantindo a sanidade e o bem-estar do rebanho, a qualidade e segurança dos produtos, a competitividade do Brasil no mercado global e a otimização do manejo, com mais segurança para os animais e para os profissionais.
Com tamanha evolução de práticas e processos, o Brasil se tornou protagonista neste mercado. É o maior exportador de carne bovina do mundo. Em 2024, exportou U$ 20 mil por minuto, alcançando 2,89 milhões de toneladas, o maior volume já registrado pelo setor. Em 2025, seguimos em ritmo acelerado. Nenhum outro mercado no mundo alcança níveis de exportação tão grandiosos e admiráveis.
No leite, também avançamos. As 100 principais fazendas do país crescem em ritmo acelerado, quase 8% ao ano, e, atualmente, 10% dos produtores são responsáveis por 60% do leite brasileiro. Esse é o retrato da transformação e da eficiência do setor.
Mas a evolução não está apenas na produção. Além de um pecuarista mais informado, conectado e mais exigente, o consumidor final mudou. Ele assumiu uma voz ativa, exigindo cada vez mais transparência, definindo padrões, ditando tendências e influenciando mercados.
O novo cliente demanda produtividade, inovação e responsabilidade socioambiental. E a tecnologia e o digital aceleram essa transformação. A pecuária brasileira sempre exigiu adaptação, inovação e resiliência. Mas, hoje, mais do que nunca, é motivo de orgulho. A jornada de transformação não para, e caminha sempre para melhorias.
O Brasil segue construindo um futuro de produtividade, inovação e sustentabilidade. Nessa trajetória de transformação, uma verdade é incontestável: apenas aqueles que se adaptarem a esse novo cenário continuarão a fazer parte da história de sucesso da pecuária brasileira.
Neste Dia Nacional da Pecuária, celebrado em 14 de outubro, fica o meu reconhecimento a cada profissional que faz desse setor um gigante do mercado brasileiro, uma força motora do país. Pessoas que incentivam a evolução de práticas, a inovação no campo e a consolidação de um mercado que faz o uso inteligente dos dados e deixa cada vez mais para trás práticas, ideias e culturas obsoletas. O agro é movimento. E ainda teremos muito a descobrir, e em um curto período de tempo – disso não tenho a menor dúvida.
Laura Villarreal é diretora da unidade de negócio de Ruminantes da MSD Saúde Animal.