9 de junho de 2021

Desafios e oportunidades do agro brasileiro: importação e exportação!

O Brasil é o único entre os grandes exportadores do agronegócio que importa pouco. É ofensivo na exportação e defensivo na importação, o que atrapalha acordos. Em uma mesa de negociações, a primeira coisa que os países pedem são contrapartidas, mas temos muitas restrições para entrada de produtos. Acho que isso é um problema que a gente precisa resolver. O Brasil deveria importar mais bens de capital, tecnologia e insumos, por exemplo. Poderíamos exportar mais frutas, lácteos e outros itens de valor agregado se fôssemos menos protecionista.
Terceiro maior exportador global, o agro brasileiro alimenta mais de 1 bilhão de pessoas em 200 países, números que o colocam no topo do ranking dos mais diversificados em destino das exportações. Poucos países conseguem esse tipo de diversificação, os Estados Unidos são um deles. E isso ocorre mesmo com uma concentração na China. Aqui, vale registrar que, nesse caso, a dependência é recíproca, os chineses também dependem do Brasil.
Por outro lado, na diversificação por produtos, o Brasil está entre os piores do mundo. São poucos produtos, basicamente uma dezena de commodities puxada pela soja. É ainda importante a diversificação para outras cadeias produtivas, como frutas, pescados, lácteos e produtos de maior valor adicionado. De maneira geral, o que puxa as exportações brasileiras é o aumento dos volumes e essa demanda asiática incrível! Estamos no século da Ásia para o agronegócio, grande região destino do agro brasileiro, que é deficitária em comida.
Estou otimista quanto ao futuro do agronegócio por dois fatores: a transformação logística e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Ao todo, 66% do território nacional é composto por vegetação nativa, 21% por pasto e 9% por áreas de plantio. A agricultura tende a crescer utilizando as terras de criação de gado. Temos uma imensa reserva de pasto, a produtividade na pecuária vem crescendo, e é nesse pasto que a lavoura vai ser ampliada. Existe muito potencial para a agricultura sem desmatar a floresta, esse processo já é uma realidade. Obviamente, é preciso que os governos e a sociedade como um todo controlem a ilegalidade.
Apesar do setor de agronegócios ter migrado para a Região Centro-Oeste, a logística continuou costeira, restando ao meio do país apenas estradas de baixa qualidade. Com o surgimento de novas ferrovias, como Ferrogrão e Ferronorte, ligando o Mato Grosso e arredores aos portos e outros modais, o panorama do agro deverá mudar bastante em uma ou duas décadas.
Marcos Jank é coordenador do Centro Global de Agronegócios do Insper.
O PESQUISADOR E PROFESSOR PARTICIPOU DE PALESTRA SOBRE O TEMA PARA MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL (AEB).

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

Newsletter

Receba nossa newsletter semanalmente. Cadastre-se gratuitamente.