19 de agosto de 2021

Confinamento de gado bovino tem rentabilidade ameaçada

Em maio, quando a Neo Agro divulgou os custos e a rentabilidade do confinamento, o pecuarista trabalhava com a possibilidade de lucro de 7% sobre investimento. Agora em agosto, com a contínua valorização do milho, a margem está variando de zero a 4,9%, a depender do preço da diária. Foram considerados valores de R$ 17,50 a R$ 20. O levantamento da Neo Agro considera as mesmas premissas técnicas apresentadas em maio, porém ajustando os preços de todos os insumos envolvidos, inclusive boi magro, a rentabilidade reduziu.

Um boi magro nelore de 420 quilos (kg), ou 14 arrobas (@), engorda durante o confinamento, pelo menos, 1,5 quilos por dia e alcança, ao final de 94 dias, um peso de 560 kg. Este ganho representa um rendimento de carcaça de 55,5%. Em síntese, em pouco mais de 90 dias haverá um ganho de 6,8 @, com o animal sendo abatido com quase 21 arrobas. Assim, em maio o custo da diária do confinamento estava sendo cotado a 16 reais por cabeça, resultando, como já mencionado, numa rentabilidade de 7% nos três meses de confinamento.

Atualmente, na maior parte do estado de Mato Grosso, a diária do confinamento está cotada a 20 reais por dia. Este valor inviabiliza o confinamento. Com base nas premissas apresentadas anteriormente, e com a arroba sendo vendida a 315 reais, a rentabilidade é zero. Numa segunda hipótese, supondo a venda da arroba a 315 reais, mas com a diária a R$17,50 (sendo este um dos valores encontrados pelo Neo Agro em boitel em Mato Grosso), então a rentabilidade fica em 4,9% em todo o período e em 1,19% ao mês. Se o valor da diária sobe para 19 reais, o lucro no período fica em 1,9%, ou 0,46% ao mês.

Em maio, sinalizamos para a importância das ferramentas de gestão. Aqueles que utilizaram são os que estão garantindo menores preços dos insumos, podendo também realizar boas travas para a arroba de boi gordo, gerenciando riscos. Agora, quem não pode antecipar a aquisição dos insumos, tem que reavaliar todos os prós e contras, pois a conta pode não fechar. Apesar da margem apertada, destaco a situação hídrica do país. A cada previsão divulgada pelo INMET, vemos que a situação pode ser ainda mais grave nas próximas semanas. O cenário aponta para um atraso do início das chuvas e pecuaristas do Brasil inteiro enfrentam o desafio de ver muitos animais, alguns faltando apenas acabamento para abate, perdendo peso na estiagem.

Em um cenário de grave crise hídrica, cabe ao produtor fazer conta também sobre a perda de peso dos animais durante a seca. Existem diferentes estratégias de nutrição, seja o confinamento, semi ou mesmo tecnologia em suplementação proteica e energética, e utilizar essas ferramentas podem ser a chave para a rentabilidade e sustentabilidade do negócio.

Luciano Vacari é diretor da Neo Agro Consultoria.

 

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