A instabilidade econômica tem afetado o desempenho de empresas de diferentes portes e setores, que foram submetidas ao desafio de lutar pela sobrevivência. Após um período econômico de prosperidade e crescimento, que desencadeou um boom de contratações, as organizações precisam rever algumas escolhas para otimizar custos, uma delas se refere ao processo de recrutamento e seleção. Se no tempo de abonança as empresas usavam a oferta de um bom salário como proposta de valor para atrair talentos, hoje, ela precisa demitir estas pessoas e recontratar novos profissionais por um salário mais baixo, buscando a sustentabilidade do negócio.
Essa medida emergencial demonstra a falta de planejamento das empresas no que se refere à Gestão de Pessoas. Muitas vezes, os gestores se preocupam em elaborar estratégias focadas em seu objetivo final, como vendas e serviços, e se esquece de pensar no essencial para que tudo isso aconteça – a sua gente. Na primeira onda de euforia, provocada por uma melhora de cenário, alguns empresários começam a contratar pessoas de forma desenfreada, com o objetivo de alavancar seus resultados. Mas será que essa é a opção mais assertiva?
O chamado “Novo Agronegócio”, desafia as empresas do setor a produzir mais, de forma adequada e com recursos racionalizados, principalmente no que se refere ao meio ambiente. Esse tripé deve estar intrínseco na cultura das empresas e em suas metodologias, sendo observado inclusive na Gestão de Pessoas.
Atuando a frente da Prodap percebi que a base de uma Gestão de Pessoas excelente passa pelo contexto de envolver, atrair, selecionar e reter talentos promissores, sabendo extrair o potencial de cada um e os colocando para performar juntos, como um time em sinergia. Acreditamos na máxima de que “menos é mais” e formar um time com os melhores talentos pode fazer a diferença para a sustentabilidade do negócio.
Para isso, é preciso buscar profissionais com essa visão de entrega ao longo prazo, inovação e capacidade criativa, promovendo um alinhamento de habilidades e valores individuais com a cultura de sempre fazer o melhor e de forma mais eficiente. O desafio deve ser constante e a liderança é essencial nesse processo. Por isso, investir no desenvolvimento de líderes, que colocarão esses talentos e recursos para jogarem no mesmo time, e ter uma estratégia bem desenhada para lidar com pessoas pode ser a tábua de salvação nesse momento adverso.
Toda empresa é formada por pessoas – são elas que fazem a diferença no fim do dia. E o compartilhamento de boas práticas pode auxiliar a adequação de empresas de diferentes setores, contribuindo para a disseminação de uma cultura que enxergue os talentos como parte de um diferencial competitivo e não apenas como recursos humanos. Esta é uma das premissas da RedeAgro, uma aliança estratégica formada por empresas do agronegócio – Prodap, Dow AgroSciences, Tru-Test, John Deere, TOTVS, Valley, com o apoio da Fundação Dom Cabral – que promove frequentemente discussões sobre temas como liderança, governança corporativa e gestão de talentos.
Em um momento em que as empresas precisam se adequar a uma nova realidade, a discussão sobre a Gestão de Pessoas pode contribuir de forma decisiva para minimizar os efeitos negativos da crise no negócio e encontrar soluções sustentáveis a médio e longo prazo. É preciso rever processos, vícios e custos, mas, sem se desvencilhar da cultura da empresa – um comportamento compartilhado, valorizado e respeitado por todos.
Leonardo Sá – CEO da Prodap – empresa especializada no desenvolvimento de soluções combinadas de consultoria, software e nutrição animal