Já tem algum tempo que o produtor rural abriu a mente e as porteiras de suas fazendas para as tecnologias e a adoção de novas ferramentas e inovações que ajudam na maior produtividade e na melhor qualidade das colheitas. Entre as soluções mais adotadas, destacam-se os adjuvantes agrícolas. De acordo com o levantamento FarmTrak, da Kynetec Brasil, essa categoria de produtos movimentou, somente em 2023, cerca de R$ 2,9 bilhões no país. Ou seja, o uso quadruplicou em nove safras, já que, em 2015, esse número era de R$ 734 milhões.
De maneira detalhada, o estudo apurou que os adjuvantes são mais utilizados nas culturas de soja, gerando R$ 1,6 bilhão em negócios (56% do total), e no milho, com R$ 522 milhões (18%). Já o trigo e o algodão corresponderam, respectivamente, a R$ 140 milhões e R$ 136 milhões (5%), e a cana-de-açúcar, R$ 113 milhões (4%). O resultado demonstra que a classe produtora se apercebeu da importância de ser mais eficiente e assertiva, já que o uso dessa tecnologia proporciona muitos benefícios, diretos e indiretos.
Sua utilização melhora a cobertura das pulverizações nas superfícies das plantas, garantindo uma aplicação mais eficaz de agroquímicos. Também ajudam a enfrentar os desafios colocados pelas condições ambientais, como vento ou chuva, melhorando a estabilidade e o desempenho, diminuindo o famoso efeito de deriva. Somado a esses benefícios, otimiza a interação entre defensivos e plantas-alvo, elevando a eficácia geral e os resultados do controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
Custo-benefício – Embora os adjuvantes possam incorrer em custos adicionais, os resultados potenciais, em termos de melhor desempenho, redução do impacto ambiental e maior proteção das culturas, contribuem para uma relação custo-benefício positiva. Com tantos reflexos benéficos com o seu uso, o futuro se torna um cenário com alto potencial de exploração, marcado por diversas tendências e expectativas, indicando avanços nas práticas agrícolas. Como exemplo, temos os produtos específicos para a operação de aplicação, tornando-se mais especializados para determinados defensivos (pulverizações foliares, tratamentos de sementes ou aplicações no solo).
Outra vertente é que se espera uma ênfase contínua na agricultura sustentável. Os pesquisadores estão explorando adjuvantes verdes que contribuem para um manejo integrado mais seguro de pragas e práticas agrícolas ecologicamente corretas.
Também podemos citar como forte tendência a compatibilidade aprimorada com produtos biológicos. Com o uso crescente das biossoluções, o desenvolvimento de adjuvantes que melhorem o desempenho e a compatibilidade desses produtos pode ganhar importância. Além, é claro, da crescente ênfase na sustentabilidade e na gestão ambiental para impulsionar o desenvolvimento de tecnologias com impacto ambiental reduzido.
Não podemos deixar de lado a temática dos avanços na tecnologia, como veículos aéreos agrícolas não tripulados (UAVs) e técnicas de aplicação, como drones, que estão influenciando o desenvolvimento de adjuvantes. A integração da tecnologia nos métodos de aplicação de pesticidas está guiando esses produtos para novas fronteiras, melhorando as características e a eficiência da pulverização.
Por esse viés, tem ainda a tomada de decisão baseada em dados, proporcionada pelas novas tecnologias. A integração das informações e da aprendizagem automática na agricultura pode levar ao desenvolvimento de adjuvantes baseados em insights pautados em dados. As ferramentas de apoio à decisão podem, então, recomendar soluções específicas com base em dados históricos, condições atuais e dinâmica das pragas.
Destaco o desenvolvimento de adjuvantes concebidos para enfrentar desafios específicos em diferentes condições climáticas, como temperaturas extremas, secas ou umidade elevada, que podem ser formulados para melhorar a resiliência e a fiabilidade das aplicações de pesticidas. Os requisitos regulatórios para os adjuvantes também sofrerão mudanças nos próximos anos, principalmente para atender a requisitos de segurança e impacto ambiental.
Sem dúvida, o mercado de adjuvantes ainda tem mudanças a passar e muitos produtores a conquistar, especialmente no Brasil, que está sempre na vanguarda da adoção de ferramentas tecnológicas e eficientes. Espera-se que as vendas saltem ainda mais a cada safra, impulsionadas pela necessidade de maior eficácia, agricultura sustentável e avanços. Paralelamente, as organizações que navegam nessas tendências podem se posicionar de forma eficaz no cenário de mercado em evolução.
Daniel Petreli é engenheiro agrônomo, coordenador técnico e de marketing Adyuvia Latam da DVA Agro.