O ano de 2023 marcou a volta do Brasil ao protagonismo no tema sustentabilidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Brasil de volta ao cenário internacional com presença de destaque em eventos e tomando para si um papel de liderança. Lula anunciou medidas concretas e firmou compromissos relevantes com uma agenda sustentável que se estenderá ao longo dos próximos anos. Sendo que o tema “energias renováveis” foi central, como não poderia deixar de ser. As credenciais para que o país tenha esse foco em seu protagonismo não faltam. O Brasil tem abundância de recursos naturais, é a nação que mais conta com fontes renováveis e a participação delas na matriz energética brasileira, que já é de 45%, segue em expansão.
Sendo assim, falar em energia limpa é crucial quando se pensa em mudanças climáticas. Em 2022, a Agência de Ciência Climática da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um estudo apontando que a energia solar fotovoltaica pode ajudar a reduzir a temperatura do planeta em até 12%. Instalados nos telhados das cidades, os painéis solares, disse a ONU, também contribuem para reduzir ilhas de calor urbanas. Como se sabe, os sistemas fotovoltaicos também são fundamentais para a redução das emissões de gases do efeito estufa, pois têm baixa geração de carbono. E diminuir essas emissões, um dos principais vilões do aquecimento global, é uma questão crucial quando se fala em mudanças climáticas.
Em agosto, o Governo Lula lançou um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que trouxe um pacote de cerca de R$ 160 bilhões para fortalecer a energia renovável. No início de dezembro, o presidente palestrou na COP28, a conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos e disse que o Brasil será “imbatível” na discussão de transição energética. “Vamos ajudar a investir em eólica, vamos ajudar a investir em solar, vamos fazer combustível verde, vamos fazer, sabe, plantar cana para fazer etanol. Então, a alternativa existe”, disse o presidente. Durante a COP28, um grupo de 118 países – Brasil incluído – se comprometeu a triplicar suas capacidades para energias renováveis (eólica, solar, hidroelétrica, entre outras), passando dos cerca de 3.400 GW atuais para 11.000 Gw até 2030.
Além disso, temos como novidade que Belém, capital do Pará, foi oficialmente escolhida para sediar a COP30, em 2025 durante o evento. E, no final de 2023, o Brasil assumiu pela primeira vez a presidência do G20, com mandato de 1 ano. O país vai organizar reunião de cúpula dos chefes de estado, no Rio de Janeiro, em novembro de 2024. Quando tomou posse no G20, Lula anunciou a criação de duas forças-tarefa: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima, ambas têm relação com a energia solar. “Precisamos redobrar os esforços para acabar com a fome no mundo até 2030, além de agir para combater a mudança do clima, com vontade política, determinação dos governantes e recursos e transferência de tecnologia”, disse.
Foi também em 2023 que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aderiu ao Pacto Global da ONU no Brasil. Essa é uma iniciativa da ONU para mobilizar a comunidade empresarial na adoção e promoção de alguns princípios. O Pacto Global da ONU Brasil foi criado em 2003, e hoje é a terceira maior rede local do mundo, com mais de 1.600 participantes. Os mais de 40 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura, Energia e Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação. O Brasil, ao assumir esses desafios, posiciona-se como um farol inspirador para outras nações, mostrando que é possível alcançar um futuro ambientalmente consciente e socialmente equitativo.
Bruno Catta Preta é diretor de relações institucionais da Genyx e coordenador da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) em Minas Gerais