18 de março de 2021

Bicudo-da-cana mais que dobra venda de inseticidas nas três últimas safras

O fim da queima nas lavouras de cana-de-açúcar resultou numa série de benefícios à cadeia produtiva. Entretanto, trouxe também novas preocupações em relação ao manejo da cultura, como o aumento da incidência da praga Sphenophorus levis ou bicudo-da-cana. Há alguns anos, o controle cultural através do fogo era medida auxiliar na redução dessa praga, pois erradicava populações de insetos adultos, por exemplo. A mudança do sistema de colheita, para cana crua, contribuiu para recrudescimento dos ataques do bicudo-da-cana: a palha serve de abrigo à praga e favorece sua proliferação. Nos dias de hoje, é importante que o produtor de cana-de-açúcar monitore os ataques da Sphenophorus levis e se apoie em todas as medidas protetivas possíveis, incluindo controle químico, biológico e controle mecânico, isoladamente e em conjunto.

A ação da praga, não controlada, tem mostrado alto potencial para reduzir a produtividade e a longevidade dos canaviais. E a prova de que a Sphenophorus levis ou bicudo-da-cana se converteu numa das principais preocupações do produtor está na rápida elevação do mercado de inseticidas específicos para essa praga. O recém-divulgado estudo BIP – Business Inteligence Panel, da Spark Inteligência Estratégica, apurou que esses produtos movimentaram US$ 102 milhões na safra 2020, contra US$ 87 milhões de 2019 e US$ 48 milhões em 2018. Esses números apontam que o mercado de inseticidas para o bicudo-da-cana mais que dobrou de tamanho.

Vale lembrar que o mesmo BIP Spark acaba de mostrar que o mercado de defensivos agrícolas para cana-de-açúcar registrou retração de 3% em 2020, para US$ 1,4 bilhão. Foi a segunda queda consecutiva – em 2019 esses produtos movimentaram US$ 1,441 bilhão, redução de 2% ante 2018. O índice de adesão do produtor à proteção dos canaviais contra o bicudo-da-cana – eis um dado de interesse direto do distribuidor – atingiu 20% dos cultivos de cana soca, em 2020, contra 19% do ano passado. Já na cana planta, a mesma relação saltou de 17% para 23%. Outro dado altamente relevante: o Estado de São Paulo foi o mais atingido pelos ataques da Sphenophorus levis na safra 2020 de cana-de-açúcar, tendo registrado mais de 33% de adoção ao tratamento das infestações. A Spark detectou ainda haver tendência de crescimento na movimentação desses inseticidas nas próximas safras, o que traz uma janela de oportunidade ao canal de distribuição, marcadamente neste momento em que a safra 2021 se inicia.

Por fim, importante ressaltar que o resultado negativo em dólar do mercado de agroquímicos para cana-de-açúcar, em 2020, se deveu à desvalorização de 10,6% da moeda brasileira (dólar médio da época da compra de insumos), além da redução da área plantada da cultura, de 1,8%, para 9,122 milhões de hectares. Na moeda local, conforme mostra o estudo BIP Spark, houve alta de 9% nas vendas de agroquímicos para cana entre 2019 e 2020, de R$ 5,5 bilhões para R$ 5,9 bilhões.

André Dias é Engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e sócio fundador da Spark Inteligência Estratégica.

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