Agrotóxicos, zootóxicos e antropotóxicos

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Luiz Carlos Castanheira

Nos últimos tempos tem havido uma enorme campanha nos meios de comunicação, culpando os agricultores pelo uso de produtos fitossanitários em suas culturas. Cunharam o termo “Agrotóxicos” para chamar mais a atenção do público leigo.

Acontece que todos os seres vivos, animais ou vegetais, padecem com doenças e ataques de predadores. Se fosse possível praticar agricultura sem o uso de produtos químicos, com certeza o agricultor não gastaria para adquirir esses produtos.

É muito fácil produzir sem o uso de químicos em pequenas hortas de fundo de quintal, porém a grande agricultura, aquela que realmente mata a fome da população, não pode produzir sem a contribuição desses produtos.

Convencionou-se chamar de “remédios” os produtos químicos utilizados para controlar os males de animais (humanos entre eles), porém não se adota o mesmo termo para os de uso fitossanitário. É necessário que haja coerência.

Se os produtos de uso em vegetais são denominados agrotóxicos, os de uso veterinário deveriam então ser zootóxicos e os de uso humano antropotóxicos. Os “venenos” são usados tanto para controle de insetos, vermes e fungos, tanto em humanos quanto para animais e vegetais. É importante lembrar também que todos os inseticidas utilizados em saúde pública como para o controle dos mosquitos transmissores da dengue, febre amarela e malária, contêm os mesmos princípios ativos dos que são utilizados na agricultura, porém não são registrados para uso agrícola.

Sendo assim – e lembrando que historicamente os principais causadores de intoxicação no Brasil são os chamados “remédios” para uso humano – não se justifica que os agricultores sejam os “vilões” nessa história.

Luiz Carlos Castanheira é engenheiro agrônomo, engenheiro de segurança do trabalho e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

Fonte: Assessoria de Imprensa

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