O nosso agronegócio é forte e pujante, não tem como negar. Sempre me surpreendo com o dado que são mais de 5 milhões de propriedades rurais espalhadas pelos 5.701 municípios brasileiros e que em todas as cidades há pelo menos uma atividade produtiva. Para efeito comparativo, nos EUA as propriedades rurais somam um pouco mais de 2 milhões. A agroindústria e os serviços agroalimentares brasileiros ocupam mais de 7 milhões de postos de trabalho ligados ao campo, informa o IBGE.
A 7ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), ajudou a elucidar um pouco mais o perfil do homem do campo, mostrando que a entrada da tecnologia na fazenda fez os jovens estarem mais presentes nas decisões de propriedade rural. E são mais preparados do que a gerações anteriores, pois em média 26% destes jovens têm superior completo, em comparação aos pais e avôs: apenas 12% têm curso superior completo.
E não se trata de um fenômeno global. Nos países da Comunidade Europeia, o que se percebe é que o envelhecimento da população no campo é um fato recente, mas difícil de mudar. Na Itália, por exemplo, 62% dos responsáveis pelas fazendas têm mais de 55 anos.
Mas, como este produtor rural, cada vez mais conectado e informado, recebe as iniciativas mercadológicas dos players do segmento, que os tem com público-alvo principal? E como criar narrativas impactantes que capturem valor e – talvez o mais difícil nestes tempos em que a transformação digital está revolucionando o universo da comunicação – distribuí-las entre as centenas de opções existentes, utilizando uma estratégia multiplataforma?
Estes e outros temas foram discutidos no último dia 25 de outubro, em mais um Agromarketing Meeting ABMRA, promovido pela Associação Brasileira de Marketing, que tem como missão disseminar as boas práticas da comunicação do agronegócio do nosso país. Neste Workshop, do qual participaram associados, não-associados e convidados da entidade, os palestrantes foram as empresas mais premiadas na 18° Mostra de Comunicação Agro ABMRA, que mostraram toda a estratégia por trás de seus cases de sucesso. A Rede Globo, com seu Ouro em TV & Vídeo, com o projeto “Agro é Tech, Agro é Pop”, a Amaggi, com seu case vencedor na categoria de Endomarketing: “Kit do Conhecimento”, a BASF, apresentando seus 3 Ouros, a Campanha Integrada e Áudio “Legado” e a Campanha Promocional “Troca BASF”, e finalizando com o Canal Rural, com seu premiado projeto de conteúdo que uniu a ciência e o agronegócio, o “Além do AlimBoa ento”.
O segredo dos cases vitoriosos, a meu ver, foi o perfeito entendimento da jornada do consumidor, que, no caso, foi tanto o produtor rural como o público urbano e até mesmo, no caso da Amaggi, uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro, com produção de grãos e fibra, comercialização de commodities e outras atividades, o seu público interno, para o qual direcionou uma estratégia de comunicação multimídia completa para divulgar o seu premiado “Kit do Conhecimento”.
Uma das questões debatidas – e não esgotadas – neste Workshop foi a participação cada vez maior da mídia digital versus a mídia tradicional. Sabemos que o smartphone virou uma extensão do corpo. Estamos sempre conectados, consumindo online e querendo tudo na palma da mão. No campo, não é muito diferente, mesmo sabendo que a conectividade no campo ainda é um desafio a ser vencido neste imenso território brasileiro. A produtividade pode ser bastante afetada nas áreas com déficit de conectividade, atrasando a adoção de recursos tecnológicos pelos produtores rurais, de plataformas virtuais a instrumentos de gestão que facilitam o trabalho no campo.
Mesmo assim, segundo pesquisa da ABMRA, nada menos do que 96% dos produtores usam aplicativos de mensagens e 7 em cada 10 estão presentes nas mídias sociais. Os profissionais do agronegócio costumam acessar a Internet – a maioria diariamente – para buscar informação e atualização sobre seu mercado. Esse índice é um grande marco na mudança do consumo de conteúdo por parte do produtor rural, que agora não olha apenas televisão, ouve rádio e lê jornais e revistas: a Internet está alcançando a popularidade dos meios mais tradicionais. Ele é conectado e consome cada vez mais conteúdos na Web sobre o segmento agribusiness. E a tendência é que essa transformação digital se expanda, amadureça e se consolide. Por isso, a pertinência das marcas pensarem em estratégias de comunicação nesse novo contexto desde agora.
Novas estratégias para impactar o novo perfil de produtor rural – Não adianta você aumentar o investimento, você precisa direcioná-lo de forma eficiente. Considerando as mudanças no comportamento do profissional do agronegócio, consequentemente, mudanças no modo de anunciar e se conectar a ele são fundamentais. E, no início de 2020, mais luz sobre o tema será dado pelos resultados que virão da 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural. Nos próximos Agromarketing Meetings ABMRA, já sabemos o tema que discutiremos para reflexão: você está usando as melhores estratégias para conversar com seu público?
Alberto Meneghetti é publicitário, diretor da Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMRA) e Conselheiro da Associação Latino-Americana de Publicidade – ALAP
Fonte: Assessoria de Imprensa