O Brasil tem alcançado altas médias de produtividades de soja nos últimos anos devido ao grande avanço do melhoramento genético e também à melhor utilização de tecnologias no campo. Neste cenário, iniciar o manejo fitossanitário cada vez mais cedo é essencial para obter altas produtividades. Uma grande mudança observada foi que as variedades de soja com hábito de crescimento determinado foram perdendo espaço para as variedades com hábito indeterminado. A principal mudança está no estágio da floração que inicia no terço inferior onde originam seus primeiros legumes. Na fase seguinte, a planta ainda continua em seu processo de vegetação. Este local, popularmente chamado de “baixeiro ou terço inferior” é onde se encontra atualmente a maior quantidade de vagens. Já nas variedades de hábito de crescimento determinado, onde primeiro acontece a vegetação e depois ocorre o início do florescimento, a planta cresce pouco e não mais se ramifica. Suas maiores quantidades de vagens se concentram no terço superior das plantas.
Se o hábito de crescimento da soja mudou, o manejo de doenças precisa acompanhar este processo evolutivo com olhar mais crítico para o terço inferior. Além das já conhecidas doenças, como Mancha alvo e Ferrugem, a expansão de outras como Septoria glycines (Mancha parda), Cercospora kikuchii (Crestamento de cercospora) e Colletotrichum dematium (Antracnose) provocam desfolha das plantas e fazem com que o ciclo da cultura seja antecipado em até 25 dias, levando assim ao menor enchimento de grãos. O processo pode reduzir a produtividade da lavoura em mais de 30% em relação a uma planta sadia. Grande parte da ineficiência do controle dessas doenças está no tratamento e no posicionamento tardio das aplicações com fungicidas. Considerando que essas doenças podem causar infestações no início do ciclo vegetativo da soja, a preocupação deve ser iniciada desde as primeiras aplicações, que deverão ter foco em manchas e nas doenças citadas para redução de inoculo.
As linhas azuis no gráfico representam produtividade do terço inferior e as linhas vermelhas a produtividade do terço superior. Quando nos referimos ao terço inferior da planta estamos falando em no máximo seis, também conhecido como vegetativo 6 (V6). Todas as mudanças que vem ocorrendo ao longo do tempo nos causam enorme confusão, pois as doenças já conhecidas como de fim de ciclo estão aparecendo cada vez mais precocemente e a Ferrugem, que até então era frequente no início da safra, agora tem aparecido no fim do ciclo. Desta forma, é preciso muito mais atenção no monitoramento. Observe constantemente sua lavoura e utilize produtos eficazes e de amplo espectro de controle.
Além da proteção precoce, é preciso preparar a planta para altas produtividades e o uso de bioestimulantes tem mostrado resultados consistentes. Há no mercado produtos de alta tecnologia, que ativam o sistema de defesa natural das plantas, promovem o balanço hormonal e aumentam a produtividade por meio do aumento do sistema radicular, do melhor pegamento de flores, vagens e frutos. Além disso, também estimulam processos naturais que incrementam respostas a estresses abióticos. É importante ressaltar que iniciar o tratamento mais cedo não significa, necessariamente, acabar mais cedo. É preciso cuidar da soja constantemente para obter resultados consistentes de produtividade.
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