1 de março de 2023

A desinformação e seus riscos para a perda rápida de mercados

Todos temos um interesse natural pela informação nova, especialmente pela exclusiva. A ideia de notícia privilegiada nos atrai tanto quanto aquela que tem consequências severas para outros. É algo humano, instintivo. E é assim que uma fake news ganha força. Quanto maior o escárnio, maior o seu interesse “público” e sua disseminação. É nesse contexto que entra a racionalização das ideias e o entendimento de que toda informação precisa ser corretamente processada. Mesmo que seja verdadeira, a ponderação e a moderação devem ser cláusula pétrea na compreensão e apresentação dela ao público.

Essa é uma grande preocupação para a indústria de alimentos. Estamos escaldados pelas notícias falsas do passado, como a absurda mentira da “carne de papelão”, que vingou em uma operação que, por princípio, objetivava combater estritamente a corrupção. Para quem produz e para quem consome, o trato correto da informação pode fazer toda a diferença. A cadeia de proteína animal do Brasil tem um trabalho altamente profissionalizado, voltado para o total controle de qualidade e sanidade dos plantéis. Isso fez o país despontar no mundo como líder em exportações. Entretanto, mesmo todos esses cuidados não nos isentam de riscos.

Na última semana, vimos uma notícia sobre a chamada “vaca louca” ganhar as manchetes, com a confirmação de um caso no Pará. Ao mesmo tempo, o noticiário está aquecido pela “ansiedade” de se noticiar eventual ocorrência de influenza aviária no país, diante dos registros em nações vizinhas. Sempre é bom lembrar que o Brasil não tem em seu plantel comercial casos de influenza aviária.

Como setor, não estamos isentos de problemas, mas é preciso que todos entendam que este é um problema para as aves, não para o consumidor. Não há risco para os produtos, que seguem com os mesmos níveis de segurança. Aos brasileiros, fica o conselho de sempre: lavar as mãos antes de lidar com alimentos, não usar os mesmos utensílios para carnes e outras comidas, além de cozinhar tudo adequadamente. Para as mídias, deixo minha angústia: leva-se anos até a conquista de um novo mercado. Para perdê-lo, porém, basta um sopro de desinformação.

Francisco Turra é Presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

 

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