O crescimento deixou de ser sobre vender mais. Hoje, é sobre acessar melhor, com método, dados e inteligência aplicada. Nos últimos cinco anos, um novo conceito vem se consolidando nos ecossistemas de inovação dos Estados Unidos e da Europa: o Growth Partner. Um parceiro estratégico de aceleração que atua na interscção entre dados, posicionamento e execução de mercado. Nos Estados Unidos, grandes players, como Salesforce, HubSpot e Accenture, já incorporaram estruturas internas de Growth Partnerships para alinhar produto, marketing e vendas, sob o mesmo propósito: reduzir o tempo entre o insight e a execução comercial.
Na Europa, especialmente em polos de inovação como Berlim, Amsterdã e Barcelona, o termo passou a ser sinônimo de crescimento inteligente, em que empresas não apenas vendem, mas acessam mercados com precisão cirúrgica. Enquanto isso, no Brasil, boa parte das empresas, inclusive no agronegócio, ainda opera em ciclos lentos, analógicos e repetitivos, tentando resolver um novo cenário com estratégias antigas.
Diagnóstico: as empresas estão crescendo em círculos
A maioria das empresas não parou de crescer por falta de produto, mas por falta de acesso novo ao mercado. Os times comerciais continuam percorrendo as mesmas praças, conversando com os mesmos clientes e reproduzindo os mesmos discursos. Os sintomas estão por toda parte:
Diminuição do ticket médio mesmo com aumento de esforço.
Saturação de canais tradicionais e eventos comerciais.
Representantes exaustos, sem dados para priorizar oportunidades.
Diretores pressionando resultados sem inteligência de território.
Falta de previsibilidade e baixa eficiência comercial.
O que deveria ser um modelo de crescimento virou um ciclo de desgaste. E o que as empresas chamam de ‘vendas’ é, muitas vezes, apenas uma corrida desordenada atrás do passado.
A causa: falta de estratégia no acesso ao mercado
Crescer exige método.
E método exige leitura de território, mapeamento de oportunidades e ritmo de aceleração. Quando a empresa não tem um Mapa Estratégico de Oportunidades, ela vende no escuro. Quando não entende seus ‘Territórios de Expansão’, desperdiça energia em regiões ou segmentos que já estão saturados. E quando não implementa um ‘Ciclo de Aceleração Contínua’, vive um eterno replanejamento anual, sem curva de aprendizado e sem ganho de velocidade. Essa é a diferença entre quem cresce e quem se cansa. Entre quem domina o mercado e quem reage a ele.
O papel do Growth Partner
Um Growth Partner não é um consultor tático. É o arquiteto do crescimento. É quem traduz dados em decisão, oportunidade em movimento e estratégia em execução. O Growth Partner atua em quatro dimensões centrais:
Leitura de mercado e comportamento de cliente
Identifica onde o mercado está se movendo, quais segmentos estão aquecendo e quais canais estão ganhando tração.
Desenho do Mapa de Oportunidades
Usa inteligência de dados e IA para revelar o que o ‘feeling’ não enxerga, encontrando oportunidades escondidas em territórios ou perfis de cliente ainda não explorados.
Territórios de Expansão
Reestrutura a presença geográfica ou setorial da empresa, maximizando a penetração comercial com menos esforço e mais precisão.
Ciclo de Aceleração Contínua
Implanta um modelo de gestão dinâmico em que planejamento, execução e mensuração acontecem em ciclos curtos e interativos, garantindo velocidade sem perder estratégia. Em mercados maduros, o Growth Partner é parte do conselho executivo, não um apoio externo. Ele é quem garante que a estratégia saia do PowerPoint e entre no campo.
Dados e insights que sustentam o movimento
Empresas norte-americanas que adotaram estruturas de Growth Partner interno aumentaram em 31% a previsibilidade de receita e reduziram em 22% o ciclo médio de vendas, segundo o Deloitte Insights 2024. No ecossistema europeu, companhias que alinharam IA, CRM e Growth Operations elevaram o ROI médio de marketing em 43%, segundo o McKinsey Growth Report. No agronegócio global, as empresas que implementaram mapeamento inteligente de território e supply sincronizado registraram crescimento médio 2,4 vezes maior do que as que seguiram no modelo tradicional, segundo o Rabobank 2023. Esses dados mostram o óbvio que o mercado brasileiro ainda evita: crescimento não é vender mais. É acessar melhor.
A aceleração como vantagem competitiva
Em um ano tão desafiador quanto 2025, marcado por margens comprimidas, custos logísticos elevados e crédito restrito, quem tiver estratégia vai sair na frente. O jogo agora é de inteligência, foco e velocidade de resposta. Empresas que estruturarem seus times sob um modelo de Growth Partner terão:
Acesso mais rápido e qualificado a novos clientes.
Redução de esforço comercial com aumento de conversão.
Clareza sobre onde e como investir.
Times comerciais mais leves, assertivos e orientados a resultado.
No fim, acesso ao mercado é o novo diferencial competitivo. E sem ritmo, o mercado atropela. Reflexão para o líder. Você está crescendo ou apenas insistindo? Seu time está evoluindo ou apenas rodando metas antigas com nomes novos? Sua empresa está acessando novos mercados ou orbitando sempre os mesmos? Se a resposta for a segunda, é hora de rever o modelo. O mercado não precisa de mais força. Precisa de inteligência aplicada com velocidade.
Luciana Martins é conselheira e mentora Growth Partner.