O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua rede social, a Truth Social, para anunciar um recuo estratégico no tarifaço para a maioria dos países do mundo e uma escalada no confronto com a China. Ele determinou uma suspensão por 90 dias das tarifas que havia estipulado no dia 2 deste mês e estabeleceu que os países que não retaliaram as tarifas americanas pagarão 10% durante esse período. Já para os chineses, Trump determinou uma sobretaxa de 125% sobre todos os produtos importados daquele país.
“Com base na falta de respeito que a China demonstrou em relação aos mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada dos Estados Unidos da América sobre a China para 125%, com vigência imediata”, escreveu o republicano na rede social. O movimento de Trump, segundo as primeiras análises, sugerem que o presidente americano agiu para evitar que os outros países atingidos pelo tarifaço se unam contra sua estratégia econômica. No tabuleiro geoeconômico, o objetivo seria isolar e enfraquecer a China.
Esse novo capítulo da guerra comercial não altera a situação do Brasil, que já vinha sendo taxado em 10%. De certa forma, a medida acaba anulando a vantagem competitiva brasileira em relação a outros países que receberam tarifas maiores. A exceção é a China, que passou a ser o alvo central da política tarifária de Trump e está sujeita a cobranças nunca feitas na história das relações comerciais dos dois países.
A decisão de Trump de nivelar as taxas em 10% gerou forte reação nos mercados. No Brasil, o dólar recuou depois de dias seguidos de alta. A moeda americana ficou a quarta-feira cotada a R$ 5,845 – desvalorização de 2,54%. Já a Bolsa de Valores, que vinha sinalizando com perdas no início do dia, fechou com alta de 3,12%, uma reação expressiva.
Na Europa, onde por conta do fuso horário os mercados fecharam antes do anúncio feito por Trump, as principais bolsas encerraram o dia em baixa. Nos Estados Unidos, os índices dispararam, com altas de 12,16% na Nasdaq, de 9,35% na S&P 500 e de 7,87% no Dow Jones.
Já a Organização Mundial do Comércio (OMC) alertou que os movimentos de Trump e do presidente chinês Xi Jinping podem provocar um colapso econômico mundial. Na avaliação da entidade, o embate tarifário pode provocar uma redução de 80% no comércio entre os dois países.
