Em fevereiro, a intensificação da colheita de soja no Brasil proporcionou maior liquidez ao mercado spot nacional, e os negócios a termo para entregas futuras também ganharam volume. As comercializações, porém, foram limitadas pela cautela dos consumidores ao negociar grandes volumes, visto que esses agentes apostam em quedas mais acentuadas nos preços no próximo mês – eles estão fundamentados nas perspectivas de safra recorde no País. Além disso, o avanço da colheita na Argentina e no Paraguai deve reforçar o aumento da oferta global.
Assim, os preços da soja recuaram no mercado brasileiro em fevereiro. A baixa ainda foi influenciada pela expressiva desvalorização cambial (US$/R$), que tende a redirecionar consumidores estrangeiros para os Estados Unidos. De janeiro para fevereiro, o dólar se desvalorizou significativos 4,1% frente ao Real, com média de R$ 5,77; ainda assim, esse valor é 16,2% superior ao registrada há um ano.
Comparando-se as médias de janeiro e de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná recuou 2,7%, a R$ 126,01/saca de 60 kg no último mês; essa é a média mais baixa desde fev/24, em termos reais (IGP-DI, jan/25). No comparativo anual, porém, observa-se alta de 4,5%, também em termos reais. O Indicador ESALQBM&FBovespa – Paranaguá também registrou em fevereiro o menor valor real em um ano, com média de R$ 131,57/sc de 60 kg, 2,3% inferior à de janeiro, porém, 3,8% acima do valor registrado em fev/24.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre janeiro e fevereiro, os preços caíram 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 3,3% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, por outro lado, os preços subiram 14,7% e 12,8%, na mesma ordem. De acordo com a Secex, o Brasil exportou 3,69 milhões de toneladas de soja na parcial de fevereiro (até o dia 21), volume 44% inferior em relação ao escoado em todo o mês de fevereiro/24. A quantidade média diária embarcada recuou 29% frente ao mesmo mês do ano passado.
Campo – De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), até 2 de março, 48,4% da área nacional de soja havia sido colhida, um pouco abaixo dos 47,3% registrados no mesmo período de 2024. Assim, no geral, parece que o ritmo de colheita está se igualando ao observado em período equivalente do ano anterior. Os trabalhos de campo estão mais adiantados que em 2024 em regiões do Piauí (12%), da Bahia (32%), do Maranhão (40%), do Tocantins (55%) e do Rio Grande do Sul (2%). A colheita em Goiás soma 56% da área; e, em Santa Catarina, 9%. Os trabalhos de campo estão mais atrasados que em 2024 em Mato Grosso do Sul (58%), em Mato Grosso (80,4%), em Minas Gerais (38%), no Paraná (49%) e em São Paulo (20%).
Derivados – Os preços do farelo e do óleo de soja recuaram no último mês devido à cautela de compradores domésticos e externos nas negociações envolvendo grandes lotes. A expectativa de aumento no processamento industrial no próximo mês pode ampliar a oferta e beneficiar as condições de negócios para esses agentes.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja cederam 3,4% entre janeiro e fevereiro e 16% sobre o mesmo período do ano anterior, em termos reais. Levantamento do Cepea mostra que óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, se desvalorizou 2% de janeiro e fevereiro; porém, em comparação a fev/24 se valorizou expressivos 28,8%, com média de R$ 6.658,22/t no último mês.
Estados Unidos – Os contratos futuros da soja subiram no mercado internacional, influenciados pela firme demanda externa. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), as exportações norte-americanas somam 37,5 milhões de toneladas na parcial desta temporada (de setembro/24 a 27 de fevereiro/25), 9,6% superior ao período equivalente da temporada passada.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja teve média de US$ 10,4007/bushel (US$ 22,93/sc de 60 kg) em fevereiro, elevação de 1% no mês; porém, queda de 11,1% em um ano. O preço futuro da soja também foi influenciado pela valorização do óleo de soja, que, por sua vez, foi impulsionado pela alta do petróleo. O contrato Mar/25 do óleo de soja teve média de US$ 0,4571/lp (US$ 1007,66/t) em fevereiro, altas de 4% frente a janeiro e de 0,1% em relação há um ano.
Já para o farelo, o primeiro vencimento cedeu 1,4%, a US$ 297,61/tonelada curta (US$ 328,05/t), quedas de 1,4% no mês e de 13,6% no ano. A baixa está atrelada a rumores de que a China tem buscado alternativas mais baratas para substituir o farelo de soja na produção de ração.