9 de abril de 2024

Paraná cria associação para fortalecer produção de peixes

Maior produtor de tilápia do Brasil e um dos maiores do mundo, o Paraná passa a contar com uma associação própria para potencializar a aquicultura no Estado. O anúncio foi feito durante o 21º Seminário Estadual de Aquicultura, realizado no Recinto Garcia Molina, dentro da programação da ExpoLondrina, em Londrina, Norte do Paraná. A Associação Peixe Paraná, como foi batizada a entidade, parte do princípio de que a produção de tilápia no estado pode ser potencializada com a união dos produtores.

Dados do IBGE mostram que o Brasil produz em média 700 mil toneladas de peixe por ano, com o Paraná respondendo por cerca de 200 mil toneladas ou 28%. O coordenador Estadual de Piscicultura do IDR-PR, Miguel César Antonucci, afirma que algumas regiões do estado sobressaem na piscicultura. “A região oeste é a principal com mais de 80% de toda a produção”.

A Associação Peixe Paraná vem para fortalecer a cadeia produtiva de forma geral. “Vamos representar a cadeia junto aos órgãos fiscalizadores, buscando trazer maior representatividade e trabalhar as prioridades do setor. Ela vai ter um trânsito dentro dos órgãos governamentais e propor novas ações em nível de Estado para o desenvolvimento da cadeia”, informa Antonucci.

O primeiro presidente da Associação Peixe Paraná, Valério Angelozi, conta que produz tilápia há 16 anos e diz que a piscicultura paranaense vai crescer ainda mais com esse trabalho em conjunto. “Entre os vários pontos, queremos incentivar a associação familiar que é muito importante no setor da piscicultura”, diz. O seminário teve uma programação extensa, com o foco na união da cadeia produtiva e no estreitamento de laços entre os produtores. Dentre os assuntos abordados estão: pesquisa, nutrição, melhoramento genético e assistência técnica aos piscicultores.

O representante nacional da Aquicultura do Ministério da Pesca, Jackson Pinelli, veio ao seminário para falar sobre as políticas públicas do governo federal para o setor. “Nós temos políticas de fomento para o aumento da produção. Temos políticas voltadas à área de pesquisa, para a geração de novas tecnologias. Também contemplamos a industrialização com ligação com a comercialização, da produção à exportação até ao abastecimento do mercado interno. Temos a política de assistência técnica e extensão rural, a política voltada aos pequenos agricultores, a de sessão de crédito para financiamento da produção através de custeios e de investimentos”, explica Pinelli.

Tilápia – Devido à importância do setor, o Secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, esteve presente no evento. “A gente parabeniza esse trabalho que vem sendo feito pelo setor, que hoje é uma atividade consolidada, que procura, junto com as demais cadeias da proteína animal, transformar aquilo que nós temos com relativa abundância, que é a soja e o milho, em coisas de mais valor agregado, fomentando o consumo de peixe no Brasil, que é mais baixo. O peixe é um dos alimentos mais consumidos no mundo, junto com os suínos, e nós lamentavelmente não temos esse hábito. Há o grande esforço em cima de uma espécie, a tilápia, que se adaptou bem à nossa realidade brasileira e tem tudo para dar certo”, diz Ortigara.

Para os piscicultores que participam do seminário, o evento é uma oportunidade de atualizar o conhecimento e conectar-se com os demais produtores. O produtor de tilápia de Bela Vista do Paraíso (PR) Hélio Samolão participa desde o primeiro seminário. “É muito interessante, a gente fica aguardando o ano todo para o evento na feira, que já é uma tradição para a gente, e agora ainda mais esse ano com a constituição da associação.”

Em 2023, o Brasil produziu 579.080 toneladas de tilápia, correspondendo a 65,3% da produção total de peixes no país. O Paraná é o estado líder na produção de tilápia, foram 209.500 toneladas em 2023, o que mostra um crescimento de 11,5% em relação a 2022 (187.800 toneladas).

Apoio ao setor – A Sociedade Rural do Paraná (SRP) considera essenciais as discussões relativas à piscicultura e apoia os produtores, de acordo com Ricardo Neukirchner, diretor de Aquicultura da entidade. “O objetivo é fazer com que o produtor rural tenha a melhor condição de trabalhar na sua atividade de uma maneira mais informada, mais consciente”, destaca.

Neukirchner diz ainda que a atividade tem um modelo muito interessante que é o modelo da integração. “A gente tem a cultura do cooperativismo no Estado e do agronegócio, então, isso faz com que a atividade cresça de uma maneira sustentável, pensando sempre no que vai acontecer, não nos próximos dias, mas, nos próximos anos. A SRP está aí exatamente para apoiar esse desenvolvimento de uma maneira segura, trazer informação para os produtores, acompanhar se na parte política e nas leis que estão acontecendo, se essas leis e esse trabalho político estão ocorrendo de uma maneira que é o interesse do produtor”, ressalta.

Dentro da ExpoLondrina, existem dois pontos de apoio para o produtor rural, a Smart Farm, conhecida como Fazendinha, e dois aquários gigantes que abrigam 14 espécies, entre nativas e de cultivo. “O aquário gigante se tornou permanente durante o ano todo. Tem uma questão de educação ambiental. É muito gratificante, é muito legal ver quando chegam as escolas. A felicidade das crianças quando chegam ali no aquário é uma coisa contagiante, é um momento muito bacana. Então, a Sociedade Rural está fazendo esse trabalho de apoiar o produtor e plantar uma semente nas crianças na questão de educação ambiental, de cuidar dos rios, entender de onde é que vem o alimento que elas estão comendo, que o peixe não nasceu num supermercado, mas que tem toda uma história por trás. E esse é o nosso papel como Sociedade Rural”, ressalta Ricardo Neukirchner.

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